Reencontro predestinado

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Tempos obscuros recaíam sobre a capital do reino de Elsinor, nenhum de seus cidadãos duvidava desse fato, mas não importava, porque ainda que a névoa negra do infortúnio pairasse acima de suas cabeças, o espírito da cidade considerada a melhor do continente permanecia aceso em seus corações. Como prometido a Raydric, Lissara fez a academia voltar a funcionar poucos dias depois do acontecimento com os estudantes, adotando um treinamento mais severo e ríspido, querendo evitar que semelhantes desastres ocorressem no futuro. Ela visualizava a paisagem pela janela de sua sala, depois de muito discutir com os pais de seus alunos, na falha tentativa de os convencer que sua academia, ainda poderia ser considerada segura.

- Alteza? - Raydric comparecia a uma convocação do príncipe, o encontrando em sua sala particular no castelo, localizada perto de seu quarto em um dos últimos andares.

- Meu pai me encarregou de ficar de olho em você. Atualize-me sobre a investigação. - Stefan lidava com uma pilha de papéis, atarefado com os assuntos cotidianos.

- Eu não descobri nada relacionado a esse poder, capaz de mudar o comportamento das criaturas. - Raydric se sentou em um banco lateral, observando a seriedade do príncipe.

- Sinceramente, você acredita nela? Digo, em Alyssa. - Stefan raramente olhava para o campeão durante a conversa. - Eu fiquei sabendo que vocês tiveram um caso no passado... E estava pensando, essa sua confiança não pode estar relacionada ao que sentia por ela?

- Garanto não ter qualquer ligação. Mas Alteza, com respeito quero que se recorde, ela nem sempre foi inimiga do reino. - Stefan parou de ler os papéis e olhou para Raydric, ele abraçou a consistência em suas palavras se tornando mais um pretexto, para que desconfiasse de suas razões. Repentinas batidas na porta interromperam a conversa, um soldado entrou às pressas.

- É terrível! - Escutando o relato do guarda, Stefan saiu de sua mesa. Raydric o levou até a entrada do reino. Nela, impedidos de entrarem na cidade sem o consentimento da família real, uma caravana de pessoas se estabelecia em frente aos portões, vieram aos montes, sem aviso prévio.

- Quem são essas pessoas? - Questionou Stefan, cavalgando em marcha lenta com seu cavalo.

- Eu não sei dizer. - Um dos soldados respondeu. - Nós estávamos em patrulha e os vimos vindo. Pensamos ser um inimigo até ver que traziam crianças. - Stefan cavalgou a frente da multidão.

- Eu sou o príncipe Stefan, de Elsinor! O representante desta caravana que se revele! - Gritou, no entanto, nenhuma das dezenas de pessoas se manifestou, em vez disso, se mantiveram com seus olhos assombrados, arraigados, sórdidas e malcheirosas com seus filhos entre os braços. Uma senhora se aproximou do príncipe com suas mãos tarimbadas, os soldados a impediram de continuar, a arrastando para longe, mas enquanto era levada a força, ela mirou Stefan.

- Piedade, meu príncipe! Os demônios vieram à noite, eram sombras na escuridão, e nós não pudemos fazer nada, a não ser assistir nossas famílias morrerem! - Stefan ficou silenciado, ele desmontou de seu cavalo. Caminhando por entre aquelas pessoas, analisou suas situações precárias e parando perto de uma criança, se ajoelhou, deixando que sua nobre vestimenta tocasse o solo. Não suportando ver o estado deplorável dela, montou de volta em seu cavalo.

- Gerald! - Chamou por seu capitão. - Leve essas pessoas para dentro e as dê de comer.

- Tem certeza disso? O rei - Stefan o sentenciou com os olhos.

- Faça o que ordenei! - Vociferou o repreendendo. - Posso não entender suas origens, mas até onde sei esses pobres coitados ainda são humanos. Se eu escolher os abandonar a beira da morte, serei digno de ser considerado rei?! - De repente, uma voz arrepiante soprou em seus ouvidos.

Três coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora