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Raydric caminhava solitário pelos gramados do castelo, depois de sua discussão com o rei, os deveres lhe atribuídos enfraqueceram, fazendo suas missões serem confiadas a terceiros e gradativamente, seu valor para o reino decaia. Mas em meio aos problemas que o cercavam, a empregada que cuidava de Alyssa, atravessou os gramados celeremente até ele. Raydric subiu as escadas até seu quarto quando escutou a notícia e abrindo a porta, sem perder tempo seus olhos a focaram, sentada na cama, com uma bandeja de alimentos sobre seu cobertor.

- Alyssa? - Ele agarrou e apertou a blusa preta que vestia, com as mãos, domando a euforia de seu coração, em seu rosto a felicidade por a ver desperta. Entretanto, existia um detalhe, Alyssa o admirou com olhos díspares dos habituais e distinto em suas cores, o deixando abismado. A todo tempo ela acentuava as próprias mãos, como se não as reconhecesse, incomodada, elevou a camisa visando as bandagens entorno de seu corpo e ao remover a coberta, seus olhos se fecharam ao conhecer a dor de seus ferimentos.

Raydric quis a ajudar, mas ela estendeu as mãos em sua direção o pedindo silenciosamente para não se aproximar. A empregada se apressou em ajudá-la, Alyssa não se importou que ela a tocasse e mesmo com a dor, se levantou, indo até a janela. Ao vislumbrar o exterior, o sol belamente iluminou sua face e o medo que a assombrava, se perdeu na riqueza desmedida das flores. Ela sorria, como se fosse a primeira vez a apreciar tal panorama, a tornando mais vívida. Tendo se revigorado, voltou a cama, não deixando de observar a criança adormecida no centro do quarto.

- Alyssa? E o que há com ele? - Aperfeiçoou ao considerar Fornand.

- Perdão? - Raydric redarguiu, emaranhado com a pergunta.

- Você me chamou de Alyssa. - A empregada caminhou para perto do campeão.

- Meu senhor, eu acho que ela, que possivelmente -

"Eu não posso garantir que ela será a mesma quando despertar" ... Raydric recordou-se.

- Então é assim? ... Você não precisa me dizer, cuide dela por mim, voltarei mais tarde. - Ele respondeu, com uma evidente decepção em seus olhos.

Enfadado, foi até a taverna de Hanson solicitar uma bebida, melhor dizendo, solicitar a bebida, não importando quantas moedas de seu bolso fossem gastas, precisava se acabar em altas doses. Era dia quando ele banhou sua garganta de álcool, aproveitando de muitas garrafas, compartilhava seus segredos com seu velho amigo Hanson que não mais distinguia ali, a pessoa que muitos chamavam de campeão, ou invencível, aos olhos dele, via-se somente um rapaz de coração angustiado, buscando desesperadamente na bebida, uma forma de solucionar seus problemas.

O anoitecer batia as portas da capital, embriagado, Raydric adormecera de rosto colado à mesa, Hanson não se importou em deixá-lo descansar ali, visto as coisas que soube através de suas alucinações. Assim, com o tempo Raydric recobriu a consciência, agradeceu a seu amigo por permitir que descansasse e sozinho caminhou pelas ruas, olhando para a brilhante lua no céu. Criando coragem voltou ao quarto, disposto a enfrentar a realidade.

Quando seus olhos avistaram Alyssa, ele estendeu a mão com intuito de a segurar, ao ver que ela se sentava na janela do quarto, mirando o terreno abaixo, parecia querer pular de encontro a morte. Aflito quis bradar o nome dela, mas se acalmando aguardou para ver o desfecho, ele entendia que mesmo que ela pulasse, poderia a salvar, mas Alyssa voluntariamente desceu da janela. Uma pergunta não abandonava seus pensamentos atormentados: quem era essa pessoa a sua frente? Soube não ser a mesma que conhecera em sua infância, afinal, como poderia? Existia uma gritante diferença em seu olhar livre, castiço, não só por suas cores chamativas, mas também porque não mais eram assombrados pelas crueldades e mentiras de seu passado.

Três coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora