11.

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NOTA

Gente, vocês vão notar uma diminuição na frequência de postagens, porque meu mestrado começou e já está me dando bastante trabalho. Por favor sejam pacientes e não desistam de mim <3 beijos!


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Quando eu acordei, apenas algumas horas depois, Aster ainda dormia pacificamente ao meu lado. Ela estava deitada de bruços, os fios castanhos espalhados pelo meu travesseiro e um braço atravessado pela minha barriga. Meu lençol a cobria apenas até quadril, deixando suas costas expostas. Me senti tentada a correr meus dedos pela sua pele macia algumas vezes, mas tive medo que ela acordasse. A verdade é que muitas coisas poderiam acontecer naquela manhã, e nenhuma delas seria uma grande surpresa para mim. Aster poderia acordar em choque, recolher todas as suas roupas em segundos e sumir do meu apartamento de forma tão repentina quanto apareceu ontem. Ou ela poderia fazer o estilo violento, gritar comigo que eu tinha tirado proveito da sua situação, que agora ela estava corrompida e a culpa era minha. Também existia uma terceira opção: ela poderia sorrir seu melhor sorriso amarelo e fingir que nada tinha acontecido. Nenhuma dessas ideias parecia boa para mim, e por isso eu me mantive imóvel, respirando o mais devagar possível, me perguntando por quanto tempo aquele sonho poderia durar.

Aster acordou em etapas. Primeiro tencionou cada músculo do seu corpo, esticando os braços e pernas, inclusive o que estava em cima de mim. Depois, abriu apenas um dos olhos, me espiando discretamente e logo depois voltando a fechá-lo. Na mesma hora senti um frio na barriga e tentei imaginar o que se passava na cabeça dela: na verdade estava drogada e não se lembrava de ter vindo à minha casa, por isso achava que o meu quarto era um sonho e tinha voltado a dormir. Ou poderia ser apenas o profundo arrependimento que eu previra, e agora ela estava tentando pensar em como me dispensar de forma gentil e deixar o meu apartamento da forma mais rápida possível. Quando ela finalmente abriu seus dois olhos cor de amêndoa e me encarou, um pequeno sorriso brotando dos seus lábios grudados no meu travesseiro, engoli em seco e me preparei para o pior. Tudo bem, Ellie. Você já passou por isso antes. Vai sobreviver.

- Oi. – Ela recolheu a mão que estava em cima da minha barriga e puxou o lençol até o pescoço, prendendo-o envolta do tronco com os braços.

- Bom dia. – Respondi sem respirar, ainda esperando que ela surtasse e saísse correndo. Como ela não disse mais nada, resolvi arrancar o band-aid e perguntar. – Vai surtar e sair correndo?

- Não – Ela balançou a cabeça e emitiu uma risada fraca. – E você?

- Bom, foi você que apareceu na minha porta no meio da madrugada. Eu diria que você tem um maior potencial de arrependimento do que eu.

- Quando você fala assim parece que eu sou maluca – Ela riu enquanto ajeitava o cabelo, pensativa. – Foi realmente louco o que eu fiz, não foi?

- Foi corajoso. – Aster levantou os olhos para mim e sorriu. Parecia tímida, mas feliz.

- Eu estava mesmo precisando de um ato corajoso.

- Isso é verdade. Até que enfim – Zombei, tentando deixar o clima mais ameno. Ainda que Aster Flores nua na minha cama não tivesse nada de ameno. – Você quer um café? Posso pegar para você.

- Hm-hum. Sim.

Ao ouvir a palavra "café", ela fechou os olhos e emitiu um som de prazer que me lembrou alguns momentos da noite anterior, me fazendo corar. Levantei rápido da cama antes que ela me visse, andando depressa para a cozinha.

Fugas e RetornosOnde histórias criam vida. Descubra agora