Capítulo 11

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Ooi galerinha, desculpem-me o atraso. Eu demorei pra atualizar, eu sei. MAS tenho boas novas, adivinhem quem é uma nova aluna de letras? Muá aqui ksksksksks sim, gente, eu troquei engenharia por letras e estava tão ocupada resolvendo matrícula e ficando com ansiedade que né, esqueci de postar capítulos. Enfim kkkk era só isso, vamos logo pro capítulo.







" Até mesmo me apresentou seus amigos. "

- Ela tem andado estranha? Não acha, muié?

- Ora, quem homem?

- A filha daqueles dois. Você sabe, aquele casal que tem um monte de gatos, coelhos e tal.

- Ela não parece ser uma menina problemática.

- Mas parece ser calada demais, eu a preferia quando ela era mais nova.

- Até a mãe a preferia quando era mais nova. Coitada, mas veja, veja quem está vindo. As cumprimente homem.

- Senhor e Senhora Tavares. - a voz de minha tutora era grave quando cumprimentou o casal de senhores na calçada.

- Madame, olá criança. - a senhora cujos cabelos eram brancos e os olhos levemente enrugados sorria para mim. Eu balancei a cabeça enquanto a cumprimentava junto ao homem. Não prendi meu olhar neles por muito tempo, eu sabia exatamente o que eles estavam dizendo antes. Se Merlin havia me dado uma vida com uma grande quantidade de miopia, ele havia me dado para compensar uma audição aguda - tal que me assustava quando estávamos de madrugada e eu despertava ouvindo uma família conversar em nossa sala ou quando ouvia a torneira da cozinha aberta incessantemente sendo que se me levantasse perceberia que todos da casa dormiam e que a torneira nem mesmo pingava -.

Sentia a garota ao meu lado revirar os olhos em claro sinal de tédio quando minha tutora pareceu parar para ouvir as reclamações sem fim daquela senhora. Após meia hora ela finalmente parou para pegar um ar, eu não conseguia imaginar como ela conseguir sobreviver tanto tempo apenas para contar suas lamúrias. Deveria ter mais de dois pulmões, talvez.

Lembro que ouvi essa expressão pela primeira vez durante uma aula de matemática cujo o método de dar nota do professor era extremamente ridículo.

Flashback

- Número 19! Sua vez. É na sala daqui do lado. Boa sorte. - eu ouvi uma garota comentar para mim e me apontar a direção da sala. Me perguntava que tipo de teste o professor estaria fazendo já que as pessoas saiam animadas e com notas boas.

Diferente do resto da turma, eu possuía uma paixão especial por matemática. E sabia que se mais da metade da sala estava contente com sua nota, algo de errado não estava certo. Era óbvio aquilo, tinha algo ali. O motivo pelo qual todos manchavam seus boletins ao longo dos anos escolares ou ficavam enraivecidos, deprimidos ou entendiados era porque matemática decididamente era uma matéria difícil.

Diferente de história, por exemplo, matemática e português eram especiais: eram cobrados de seus aprendizados, os conhecimentos sobre as regras além de uma capacidade de interpretação de texto básico. E você poderia me dizer: " Matemática é completamente diferente. Aonde se usa interpretação de texto com números? Isto é uma bobagem. ", eu lhe digo: bobagem é você achar isso, pois nenhum problema na matemática é apenas isso. Um problema possuí todo um ambiente descrito em seu redor e diante da interpretação desse ambiente juntamente com o problema, achar a fórmula correta para encontrar a resposta exata.

E exatamente por isso que eu estava preocupada com aquele teste. Porque ele parecia fácil demais diante do ambiente em que eu estava. Mas mesmo assim eu adentrei a sala, eu vi o professor sentado em uma cadeira do centro, ele pediu que eu me aproximasse e me encarou de cima a baixo.

- 7.5 - foi tudo o que ele disse e então eu soube o motivo da felicidade de algumas garotas. Aquele não era um teste matemático, era um teste de beleza. E eu sentia que havia reprovado.

Para a minha insatisfação o professor insistiu que a nota foi dada através de inúmeros exercícios passados no caderno. No entanto, eu sabia que aquilo não passava de uma desculpa visto que nem mesmo nossos cadernos ele havia olhado durante o ano.

Flashback

Acontece que este professor sempre usava essa expressão para se referir à sua querida esposa e sua mania de falar pelos cotovelos. Após um ano ouvindo a mesma expressão todo santo dia, eu comecei a repetir isso por aí como uma perfeita macaquinha de imitação. Eu estava me tornando o novo robôzinho da sociedade e isso não me agradava nem um pouco.

- Criança? - vi dedos estalarem na minha frente e os olhos castanhos de uma senhora.

Pisquei.

Por um momento havia me distraído e havia sido o suficiente para que minha tutora já estivesse há metros de distância enquanto eu ainda estava ali: parada atrapalhando a fofoca, digo conversa de pessoas mais velhas. Respirei fundo e segui em frente me preparando psicologicamente para ouvir os cochichos que logo surgiram por minhas costas:

- Ela parece magra. - disse a mulher - Será que se alimenta direito?

- Deve haver comida de sobra naquela casa. Ela deve comer o que bem entende. Você se engane mulher, a Madame deve a tratar como uma rainha.

Revirei os olhos pela segunda vez. O que aquele homem estava falando? Em minha primeira noite lembro que a comida era algo que eu não suportava e após ficar uma hora na frente do prato sem o tocar, minha tutora apenas o pegou e guardou. No dia seguinte a fome era tanta que meu estômago doía e roncava. Me surpreendi quando vi que o prato do almoço parecia familiar: era exatamente o mesmo da noite anterior.

- Ou é isso, ou é isso. Você decide.

Foi o que minha tutora disse naquele dia. Me pergunto até hoje que tipo de escolha ela havia me dado ali, mas eu precisava daquilo. Aos quatro anos eu comia de tudo exceto jiló e nata. Aos dezessete eu continuava com as mesmas escolhas embora já abandonasse as carnes do prato principal. Mas isso é história para outro momento.

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