Capítulo 9

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"Foi o que me disseram."

Eu continuei naquele jogo durante anos. Minha amiga de infância já não aparecia com tanta frequência mas havia um grande vazio dentro de mim.

A torneira de meus olhos estava aberta ao máximo o tempo todo. Eu não brincava. Trancada eu pensava em várias coisas, e devo dizer que pensar demais faz um tremendo mal para nossa mente pois em menos de um mês eu tinha duas ou três crises de autoconfiança e de repente na última semana que sobrava do mês eu dava um outro surto, o que minha tutora afirmar que durante as crises eu estava apenas tentando chamar a atenção. Afinal para ela era ipossível alguém surtar todas as semanas do mês.

Com quatorze anos eu tinha uma mania de sair da escola e seguir para a casa de minhas amigas escondida. Meus pais não gostavam de minhas companhias e nunca me permitiam ir em suas casas que eram longe demais para ele. Mas meu pai não desconfiava que sua filha perfeita fugia sempre que podia quando era liberada mais cedo. A mochila pesada em minhas costas era sempre meu álibi e durante todo aquele ano eu peguei mais livros do que eu poderia acompanhar a leitura. Costumava pegar seis ao mesmo tempo já que a bibliotecária me adorava, eu não irei mentir, eu li alguns. Mais da metade biblioteca já havia passado por meus olhos míopes - outra coisa que foi difícil de fazer minha tutora acreditar, visto que ambas começamos a reclamar de problema de vista ao mesmo tempo. De alguma forma ela jurou que eu estava fingindo,

Mas a outra metade? Ah a outra metade era apenas para disfarçar minhas idas na casa de amigas rockeiras cabelos coloridos não atraíam bons olhares de meu pai.

Mas de alguma forma, de algum jeito que eu não me recordo eu um dia eu a encontrei novamente. Talvez em uma de minhas idas na casa de minha amiga, talvez durante as brigas que permaneceram em meu grupo por este ser muito grande. De alguma maneira eu me vi com ela novamente ao meu lado.

E de novo eu não disse: " Oi, tudo bom ?", Nem o famoso: " Que saudades! Por onde esteve ?". Eu não disse nada. Apenas a abriguei em minha casa como se ela nunca houvesse saído de lá. Eu a ouvia durante minhas crises de falta de autoconfiança, enquanto ela passava suas mãos frias em meu cabelo crespo e tocava meu braço esquerdo a primeira marca por falta de amor estava próprio.

Funda e feia, ela causou brigas no meu grupo de amigos e o desespero no olhar de minha tia que não sossegou até fazer uma breve oração tocando em meu pulso.

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