" E não me deixava estudar direito. "
- Okay, vai ficar assim: eu vou primeiro, então Jb, você, aí volta pra mim. Certo? - eu disse para Vivan que andava nervosa pela sala.
Estávamos de volta para meus quatorze, quase quinze, anos. O seminário que teríamos que fazer era de história, sem dúvida ainda prefiro fazer de linguística. Ao contrário de Jb ou Mel eu não suportava história. Quero dizer, eu gostava e tudo mas não suportava falar sobre história. Estávamos estudando os comércios do século dezessete, e os seminários seriam a respeito disto. Meu grupo ficou organizado por falar sobre as colônias da Inglaterra e o contraste entre as colônias do norte e sul.
Logo chegou a hora de apresentar e nós nos posicionamos, ajeitei meu óculos que insistia em ficar na ponta de meu nariz e respirei fundo três vezes antes de dizer meu nome, o que iríamos apresentar mas antes mesmo de se passar cinco minutos de minha explicação, meus olhos corriam pela sala e pararam no bocejo de um menino no fundo.
Fechei meus olhos com força sentindo o sangue circular mais rapidamente pelo meu corpo, minha cabeça esquentar e uma tontura começar a me domar. Eu queria parar o que estávamos fazendo e fugir, Jb continuou a sua fala seguindo a ordem que havíamos feito, no entanto logo após ele terminar o silêncio reinou na sala e eu soube que algo estava errado.
- Vivan... sua vez. - eu sussurrei.
- Eu não consigo. - nós a encaramos e olhamos para ela novamente, a garota fazia uma leve expressão de dor - Continue sem mim. Você sabe minha fala, desculpa por isso...
- Professora? Desculpa, a Vivan tá muito rouca e ter que falar faz a garganta dela doer... então a parte dela foi passada pra outra pessoa. Só um minuto. - a voz de Jb era clara, a professora acenou e logo em seguida ele se virou para mim: - Cê consegue né? Eu não estudei essa parte.
O problema era que havíamos separado as falas correta e simetricamente para ninguém ficar com peso demais nas costas e agora parecia que todo ele estava despecando em minhas costas e de repente isso se tornou grande demasiado demais para uma adolescente abaixo do peso aguentar.
- Droga. Chamem o professor de matemática, ou quem tiver carro e estiver disponível! Ela desmaiou, estava tremendo demais... Será que foi a pressão? - eu podia ouvir a voz de minha professora ficar ainda mais distante e sua mão tocar minha testa - Eu sinto muito criança. Eu deixei você em um estado arriscado não é?
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FRAÇÕES ÍNFIMAS
Novela JuvenilÉ engraçado o modo como eu nunca havia perguntado o nome dela. Uma vez ouvi que algumas pessoas tinham amigos imaginários e que isso era totalmente comum mas o que eu não sabia era que comigo tudo seria diferente. Frações Ínfimas conta a história de...