Prazer, me chame de Angel

Capítulo 14

Angelina narrando:

Estava na varanda, encostada no parapeito e discando o número da Rebeca, avisando que hoje não conseguiria ir para a boate e por incrível que pareça, essa era uma das poucas vezes em que deixava de ir para a boate.

Depois daquela conversa entre mim e Tales, aonde os dois compartilharam seus segredos mais ocultos, ficamos aproveitando o que a tarde permitiu que conseguíssemos aproveitar. Assistimos uns dois filmes e ficamos falando sobre qualquer coisa aleatória, aos poucos toda aquela sensação de tristeza e mágoa foram desaparecendo e eu agradeci muito por isso.

Agora era final de tarde, Tales estava tentando ver algo na cozinha para a gente comer e eu estava esperando Rebeca atender o telefone, enquanto admirava o sol se pondo.

Então ela atende no quinto toque.

- Ei Angel ! Aconteceu algo ? Você nunca costuma me ligar a essa hora, quer dizer, hora nenhuma - Comentou rindo.

- Está tudo bem sim, espero que eu não tenha te atrapalhado.

- Não, não atrapalhou em nada ! O que quer me contar ?

- Eu... Não vou poder ir para a boate hoje - Falo mordendo o lábio inferior.

- Por que ? Está doente ? Aconteceu algo com o Bruno ? - Perguntou preocupada.

- Não ! Não é nada disso - Falo rindo - Eu só não estou com cabeça para ir hoje e dançar, interagir com os clientes, enfim.

- São os pesadelos ? Você só faz isso quando eles voltam querida - Comentou preocupada.

Rebeca mais uma vez agindo como uma irmã mais velha quando o assunto era meu bem estar, é impossível eu não sorrir com isso.

- Não, eles não voltaram só que... Hoje eu saí com o Tales e bom, ele me contou algo muito triste e particular da vida dele, e eu acabei retribuindo contando sobre tudo.

- Ah, acho que entendo... Trouxe sensações dolorosas não é ?

- É, mais ou menos isso - Sorrio de lado - Eu só não vou ser uma boa companhia para os clientes hoje.

- Está tudo bem Angel, não se preocupe. Descanse e quando se sentir pronta você vem trabalhar está bem ?

- Eu só preciso de um dia, prometo que amanhã eu volto a ativa - Afirmo sorrindo.

- Só volte quando você se sentir segura com isso - Diz rindo - Tenho que ir, qualquer coisa me ligue.

Me despeço de Rebeca e desligo o telefone, coloco ele no bolso do meu macacão e coloco meus braços apoiados no parapeito da varanda, admirando um pouco aquela pequena vista.

Então, de repente, um cheiro de algo se queimando invade o meu nariz, fico confusa com aquilo mais logo percebo que o cheiro vem da cozinha, então sigo até lá.

A cena que eu vi podia ser considerada uma das mais icônicas que vi na vida.

A cozinha estava sendo invadida por uma pequena quantidade de fumaça, Tales abriu o forno tirando algo de dentro, algo que era considerado completamente tostado e ele foi até o fogão, tirando uma frigideira e levando até a pia, jogando água por dela. Foi impossível não rir com o desespero e a falta de jeito dele.