8 - O porta retrato

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   Luka terminou de se arrumar e foi para a sala. Percebeu que Mari olhava as fotos na estante.

Mari:— Quem são elas?

Luka:— Minha mãe e minha irmã.

Mari:— Sua mãe é linda! E você se parece muito com sua irmã.

Luka:— Somos gêmeos!

Mari:— Nossa, que legal! Mas, posso perguntar uma coisa?

Luka:— Sim, claro.

Mari:— Esse porta retrato vazio...tinha alguma foto nele?

Luka:— Tinha sim.

Mari:— É, eu também me desfiz de muitas fotos...só que o porta retrato eu joguei no lixo!

Luka:— Gosto de tê-lo aí vazio para me lembrar que preciso preencher esse espaço da minha vida novamente.

Mari:— Posso perguntar por que não deu certo entre vocês?

Luka:— Eu fiz um ensaio fotográfico no estúdio da minha irmã uma vez. Todos já tinham acabado e ido embora. Eu estava sozinho guardando um material e esperando minha noiva. Uma modelo que fotografou comigo voltou porque tinha esquecido o celular. Enquanto eu estava distraído arrumando a mochila, ela veio por trás e me agarrou. Estava um pouco escuro e eu pensei que fosse a Clara. Me virei e a beijei. Só que não era ela. A Clara chegou na hora e me viu beijando outra. Ela tirou a aliança, jogou em mim e me pediu pra nunca mais procurá-la. Depois ela se mudou para os Estados Unidos e nunca mais a vi. Isso já faz um ano.

Mari:— E você não se explicou? Não disse que foi um engano?

Luka:— Eu corri atrás dela, mas ela entrou num taxi e sumiu. Não atendeu minhas ligações. Achei que ela precisava de uma noite pra processar a raiva e fui procurá-la no dia seguinte, mas  ela já não estava mais no apartamento dela. A família dela não fala comigo e eu não sei onde ela está. Isso já faz 1 ano.

Mari:— E você ainda a ama?

Luka:— Isso não importa mais...tenho que seguir minha vida. E agora tenho alguém ocupando um espaço que era vazio dentro de mim...quem sabe eu não coloco novamente uma foto nesse porta retrato...

   Mari abraçou Luka. Ela sabia perfeitamente como era aquele vazio, ela o entendia. Talvez por isso os dois se davam tão bem. Eles conheciam o peso da dor e o prazer do conforto. Tinham um ao outro e sabiam que poderiam sempre contar com aquele suporte. Luka deu-lhe um beijo na testa e logo foram para a balada. Encontraram os amigos lá e foram para o bar. Beberam, dançaram e se divertiram. Mari bebeu um pouco além da conta e na hora de irem embora Luka pegou a chave do carro dela.

Mari:— Deixa que eu levo minha joaninha - falou zonza

Luka:— De jeito nenhum. Você passou um pouco da conta, deixa que eu levo o carro.

Mari:— Mas é o meu bebê... - falou quase caindo

Luka:— E você quer por seu bebê em risco? Não confia em mim?

Mari:— Tá bom, você dirige...mas cuidado com ela...-disse isso e entrou no carro.

   Luka foi com Mari para a casa dele. A dela tinha muitos degraus para subir e ela não estava em condições nem de ir sozinha e nem de ser carregada por ele. Já em sua casa, ligou o chuveiro e a colocou para tomar um banho morno. Depois vestiu uma camisa sua nela e a colocou para dormir. Ela não reclamou de nada, obedeceu como uma boa menina os comandos do amigo. Dormiram juntos, Mari fez do peito de Luka o seu travesseiro. Passou toda a noite abraçada a ele e dormiram profundamente.

   Na manhã seguinte, um domingo, eles acordaram e tomaram café. A garota estava com dor de cabeça e tomou um comprimido. Depois foram ao mercado comprar alguma coisa para preparar o almoço. Luka cozinhou e ela fez um tiramisu para a sobremesa. Luka cozinhava bem, aprendeu com sua mãe. Mari o elogiou e depois passaram a tarde vendo Netflix. À noite ela foi pra casa, precisava se preparar para o dia seguinte de trabalho.

 À noite ela foi pra casa, precisava se preparar para o dia seguinte de trabalho

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   E assim as semanas e os meses se passaram. Mari e Luka ficavam às vezes, mas nunca assumiram um namoro de verdade. Estava confortável dessa forma para os dois, então eles apenas seguiam suas vidas. Luka viajou algumas vezes para o Canadá para trabalhar com sua irmã e Mari ainda auxiliava Nath e Marc, mas agora ela era a terceira fotógrafa da equipe. Alya ampliou a agência, contratou mais modelos e mais ajudantes. Alugou um estúdio maior e eles estavam fazendo a mudança quando Luka recebeu um telefonema. Era sua irmã, avisando que sua mãe estava doente e que ela precisava dele lá para ajudá-la. Ele conversou com Alya que o liberou na hora e despediu-se de Mari, dizendo que não sabia quanto tempo ia ficar por lá. Marinette claramente entendeu a situação. Chegou a perguntar se ele não queria que ela fosse com ele. Ele agradeceu o gesto da amiga e disse que se ele precisasse ligaria pra ela. Deu-lhe um beijinho e saiu. Mari ficou com o restante da equipe fazendo a mudança. Todos ajudavam em seus carros e ela fez o mesmo.

   Seis meses se passaram e Luka voltou. Assim que chegou no estúdio Mari correu para abraçá-lo.

Alya:— Luka! Seja bem vindo de volta amigo!

Mari:— Luka! Que bom que voltou! Por que não me avisou, eu iria te buscar no aeroporto!

Luka:— Eu quis fazer uma surpresa!

Mari:— E a sua mãe, como está?

Luka:— Ela está bem, está fazendo um tratamento. Vai ficar boa!

Mari:— Fico tão feliz por você! Estava com tanta saudade que quase peguei um avião para ir te ver!

Luka:— Eu também senti saudade, baixinha. Nós precisamos conversar...

Mari:— O que aconteceu? Tá tudo bem?

Luka:— Sim, tudo bem. Eu posso passar na sua casa hoje à noite?

Mari:— Claro! Vou fazer um jantar caprichado pra gente!

Luka:— Não precisa ter trabalho. Chego lá pelas oito, ok?

Mari:— Tudo bem, até mais tarde então.

Luka:— Até mais tarde. Tchau galera!

   Luka se despediu e saiu. Os amigos se entreolharam, conheciam Luka há mais tempo que Mari, o suficiente para saber que algo tinha acontecido. Tudo seria esclarecido à noite. Ninguém falou nada com Mari, era Luka quem precisava ter essa conversa com ela. 



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