Cap. 04

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Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso

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Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta o nosso edifício inteiro.
— Clarice Lispector.

   MOR ESTAVA IRRITADA POR TER QUE COMPARECER A FESTA DE SUA MÃE.
Por mais que a amasse, odiava quando Esmeralda a fazia se sentir uma criança, como se não pudesse cuidar de si própria, como se já não tivesse uma criança para cuidar, para amar, para proteger. Mas ainda sim, sua mãe insistia a tratar como alguém irresponsável sendo que estava tentando ser alguém melhor todos os dias por conta da filha.

Eize. Minha menina.

Suspirou. Era tão difícil manter um trabalho e cuidar de uma criança e agora que finalmente pôde dá um tempo, não podia a ter consigo vinte quatro horas por dia por causa do seu ex marido, apesar disso ao menos ele fazia o trabalho de pai e cuidava muito bem da menina, porém tinha dificuldades em querer deixar Eize morar com a mãe.

Respirou fundo antes de abrir a porta e se deparando com um cômodo absurdamente luxuoso. Revirou os olhos para tanto desperdício de dinheiro e lembrou que sua mãe só tinha tudo aquilo porque havia se casado com um velho nojento. Algumas mulheres trabalhavam para não ter que depender de homens e outras simplesmente escolhiam o lado mais fácil.

Mas nenhum é errado. Apenas algumas são mais espertas que outras, cabe você decidir qual delas é.
— Olá, mama — caminhou até o espelho que Esmeralda se olhava, analisando o vestido que usará para aquela noite. — Você está linda.

Sua mãe apesar da idade, ainda aparentava ser uma mulher de vinte anos. Seus cabelos estavam loiros e soltos, seu corpo estava em forma por conta da academia que ela frequentava regularmente e não havia nada que dissesse que ela passará dos quarenta.

— Mesmo? Acho que estou ficando gorda, olha como minha barriga está grande! — virou-se de lado para ver o formato redondinho.

— Eu não vou tentar fazer você mudar de ideia — Mor andou até a cama grande, onde se jogou de costas. — Uau! sua cama é maravilhosa.

— Sim, hum — Esmeralda colocou os brincos, antes de se virar para Mor que estava deitada. — Se quiser posso lhe arrumar um quarto aqui.

— Não quero, estou bem — se levantou, contragosto. A cama estava realmente uma delícia. — Talvez eu encontre alguém bonito para passar a noite.

Esmeralda fez uma cara feia para sua filha do meio.
— Por que você é assim? Já está mais que na hora de você arrumar um marido!

— Ah, pelo amor de deus, essa história de novo — resmungou se jogando de costas contra o colchão novamente. — Já parou pra pensar que nem toda mulher sonha em casar? Já te dei uma neta, que era tudo o que queria, mas casamento eu vou ficar devendo.

— Você sabe que não foi isso que eu quis dizer. Só quero minha filha feliz... — tenta se explicar.

— Então casamento virou sinônimo de felicidade? Uau! — bocejou se levantando e arrumando seus cabelos.

— Você merece alguém que te ama, amor. Que cuide de você, que te entenda, que te ajude — sua mãe estava sensível, queria mais do que tudo ver a filha casada e estabilizada com uma família feliz.

— Eu só preciso de um cara que adore o meu corpo como se eu fosse uma deusa, o resto eu dou conta sozinha. Eu tenho uma filha e ela me ama e eu me amo — andou até a porta, abrindo-a e botando só a metade do corpo pra fora. — se um dia eu chegar a casar provavelmente não vai ser porque eu o amo e sim porque ele trepa bem demais.

— Me respeita...

   Fechou a porta antes que sua mãe se lembre que ainda podia bater nela.

□□□

   Quando finalmente desceu as escadas, já era meia noite. O grande salão de dança daquela mansão exagerada já se encontrava lotado de convidados. Seu olhar se fixou em cada pessoa alí, certamente sua mãe não conhecia nem metade de quem estava na casa dela, mas tinha certeza que Esmeralda não admitiria isso.

Mor passou a mão pelo vestido de seda vermelha, logo levando as mãos para o cabelo, puxando a franja que lhe cobria a testa para trás. O único motivo pelo qual ainda vinha para estas festas era a bebida de graça. E, homens, não podemos esquecer isso.

   Chegou ao bar, sentando-se no banco de frente ao balcão.

— O que vai querer, senhorita? — o barman se aproximou, sorrindo lascivamente.

Hm, eu acho que me lembro dele.

— Um cosmopolitan, por favor — Mor cruzou as pernas, fazendo sua melhor expressão de tédio.

Após alguns poucos minutos, sua bebida chegou e junto com ela veio alguém que se sentou ao seu lado. Bebericou o conteúdo lentamente, tentando não transparecer nada.

— Ora ora, pelo visto nos encontramos de novo.

Ela revirou os olhos.
— Você é um desocupado do caralho, Jimin.

Seja Minha ||Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora