— Por que me trouxe aqui? - perguntei olhando para o menino que saia de sua camionete.
— Venha comigo. - Felix começou a tirar a capa da carroceria do automóvel, e quando vi, ela estava forrada com uma coberta e alguns travesseiros.
— O que é isso? - perguntei entre sorrisos.
— A noite está tão bonita... achei que você fosse gostar de passar um tempo fora de casa. - meu melhor amigo sorriu também, apoiou um dos pés na roda traseira, e entrou onde havia organizado.
Acabei por fazer o mesmo. Felix estacionou em um lugar alto, me dando a vista completa da cidade iluminada e do céu estrelado.
— Aqui é realmente muito bonito. - encostei minha cabeça em seu ombro enquanto abraçava um travesseiro.
— Esse lugar é perfeito. E eu acho que para fazer o que eu quero, o lugar tinha que ser digno. - o menino sentou-se de frente pra mim. Seus olhos nos meus, os meus nos dele. — Sabe, existe uma teoria sobre as treze vidas, em que quando você completa finalmente as treze, deixa de existir. De acordo com a conta, eu estou na minha sexta vida, ou seja, faltam exatamente sete para eu definitivamente sumir.
— Uau, que teoria legal... como eu calculo a minha? - lix fez as contas junto a mim, e o resultado, foi treze.
— Nossa, essa é a sua última... - ele encarou os dedos.
— Isso é real?
— É apenas uma teoria, não sei ao certo. - me encarou novamente, com calma entrelaçou uma de suas mãos a minha. - De qualquer forma, eu queria apenas dizer que não importa quantas vidas a mim ainda restam, ou sei lá quanto tempo eu ficarei vivo. Eu tenho certeza que em todas, eu vou te procurar loucamente. Eu encontrei meu motivo para querer enfrentar essa e todas as vidas que estão por vir.
— Lix, do que está falando? - seus olhos eram um infinito estrelado que me causavam um frio na barriga, principalmente quando viajavam pelos meus.
— Eu cansei de esconder meus sentimentos. Cara, S/n, sabe como você é incrível em tudo oque faz? Sabe como eu admiro a sua essência? Você é a pessoa mais genial que eu um dia poderia ter conhecido. - suspirou, como quem tirasse um peso das costas. — Eu estou gostando de você, acho que isso nem é mais novidade, eu realmente deixo muito na cara.
— Eu já sabia - sorri - Mas não fazia ideia de que você se declararia.
— Eu devia ter esperado mais, né? Eu estraguei tud- antes de deixá-lo terminar, trouxe seu rosto para mim com as duas mãos, que seguravam com ternura as laterais do rosto de Felix.
Olhei novamente em seu universo estrelado, desilhei cada sarda presente em seu rosto e finalmente, o beijei. Um beijo esperado, e tão bom, que por um momento respirei Lee Felix, nossa respiração era uma só. Nossas bocas eram uma só. Nossos corações, eram um emaranhado de puro amor.
— Eu sinto o mesmo. - disse assim que nos separamos, novamente voltando a brincar com seu rosto. — Eu sempre senti.
— Pelo amor de Deus, eu preciso tanto de você.- riu tímido, escondendo o rosto em meu pescoço, onde depositou um pequeno beijo. — Nunca quis tanto viver alguém como queria viver você, S/n. - quando finalmente me olhou, colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha e brincou com os detalhes do meu rosto. — Namora comigo, nessa e em todas as outras vidas que estão por vir?
— De acordo com a conta, essa é a minha última vida. E se realmente for, não teria sentido algum eu viver longe de você. - disse contra seus lábios. — É lógico que sim, Lee Felix. É lógico que eu namoro com você nessa e em todas as vidas que eu espero viver. Não pode ser o fim, não quero que seja, nossa história começa nessa vida, mas vai perdurar por todas as outras. Que se foda essa teoria, seremos eternos enquanto durarmos.
Novamente voltamos a nos beijar. Eu nunca estive tão certa de que aquele começo seria o mais certo da minha história.
Ele era o começo e o fim de uma jornada toda ao meu lado. E isso, vale muito mais do que apenas treze vidas.
