Raposa noturna pt.2
— Ocque foi? Viu um fantasma?- Ela sorriu sem tirar os olhos de meus movimentos.
— Não, só lembrei que tenho que fazer algo no trabalho... - para ter certeza de que eu estava pirando, armei um rápido plano. — Vamos fazer algo hoje a noite? Faz tempo que não saímos juntos. - sorri
— Esqueceu? Nas segundas eu tenho curso de informática. Não vou poder ir.
— Que horas você sai? - perguntei
— Jeongin? Você sabe. Meu horário acaba as onze e meia da noite.
— Podemos nos encontrar depois? Posso falar com o seu pai, e dizer que estará comigo.
— Meu pai está viajando a negócios. Mas pode tentar. - ela não parecia nem um pouco nervosa, pelo contrário, estava mais calma do que o de costume. — Acredito que ele não irá te responder... boatos de que meu pai te acha um idiota. - ela gargalhou.
— Um, de qualquer forma. Passarei para te buscar e vamos até sua casa juntos, tá?- Onze e meia em ponto, eu teria que estar no esconderijo da pantera noturna, mas não me importo em atrasar, minha melhor amiga é mais importante.
— Se você diz. - ela sorriu, deu um último gole da bebida que estava dentro de sua garrafa rosa e voltou novamente a atenção para a aula.
O tempo foi passando e a aula parecia não ter fim.
A todo momento, meus pensamentos voltavam para pantera noturna e suas relações com minha s/n.
Talvez a garrafinha térmica não fosse a única semelhança, o sorriso, a voz... tudo fazia-me relacionar as duas como uma só. Mas eu provavelmente estava enlouquecendo.
Quando o sinal da última aula tocou, fui até minha amiga.
— S/n, você não tem nada para me contar?
— Por que, você tem? - encostada no portão da saída, ela me encarou.
— N-não... É que eh te achei um pouco estranha. - justifiquei
— Estranha? Jeongin, você quem está estranho. Eu não fiz nada e você vem com mil e uma coisas pra cima de mim... está acontecendo algo? Eu fiz algo, na verdade?
— Não sei, você fez?
— Jeongin, eu vou embora. Você está passando dos limites. - S/n então, desencostou as costas do portão e saiu bufando.
Ponto de vista s/n:
Eu estava preocupada, talvez Jeongin esteja desconfiando de mim, será que ele descobriu que sou uma das pessoas mascaradas?
Rapidamente, peguei meu celular e mandei uma mensagem para raposa noturna. Teremos que adiar nosso encontro, já que Jeongin disse que me buscaria no curso de informática.
Pantera noturna: Saudações, caro raposa. Estou passando para avisar que nosso encontro deverá de ser adiado, por alguns motivos pessoais. Te vejo a meia noite, no mesmo lugar. Caso atrase um minuto a mais... não queira saber oque acontecerá.
Depois disso, comecei a me preparar. Teria que organizar a maioria das coisas, e também, cuidar para Jeongin não descobrir desse lado.
...Já era um pouco tarde. Minha aula do curso estava por terminar, e eu torcia para que Jeongin tenha desistido de me buscar.
Mas não, eu estava errada.
Quando coloquei um dos pés para fora do mesmo, o garoto estava lá, com um sorriso no rosto e com uma caixinha.— Boa noite. - sorri
— É... boa noite! - ele coçou a nuca. — Antes de tudo, gostaria de te pedir desculpas... eu fui um babaca. Não deveria ter te feito tantas perguntas aparentemente desnecessárias. Mas é que você me lembrou muito um dos mascarados procurados.
— Tudo bem, não tem problema... - encarei os meus pés enquanto andávamos. — Mas e se eu fosse? Como reagiria?
— Ficaria surpreso, mas não te entregaria para a polícia.
— E porque não?
— Porque acredito que você seja uma boa pessoa. E sei que provavelmente não faz isso porque quer. E... também porque eu gosto de você.
— Gosta de mim?
— É, você é uma boa amiga.
— Entendi... bom, acredito que eu posso contar para você então. - peguei a mão de Jeongin e o puxei para um banco que havia por ali perto.
— Calma... oque?
— Há um tempo que eu quero contar algo para você, mas meus planos sempre mudam porque acabo tendo medo, e talvez você não queira mais ser meu amigo. Mas não dá pra esconder... Jeongin, eu sou um dos mascarados. Mas não faço isso por dinheiro, ou por prazer...
— Porque faz isso então?
— Vingança. Meu pai era um dos bandidos mais conhecidos. Mas, o pai do Raposa noturna, que é um dos mascarados, certamente tem algo envolvido com isso tudo, então, estou tentando armar um plano, que não lhe interessa saber o que, mas, basicamente, esse é um dos meus motivos. Eu sei quem está por trás, mas preciso saber o que fazer, para encontrar meu pai.
— o pai do raposa noturna... - Jeongin disse baixo para si mesmo.
— Eu contei à você, porque acredito que você seja uma das pessoas mais confiáveis que eu conheço. Por favor, não me abandone! - o abracei.
— Eu nunca farei isso. - me abraçou também. — Estou um pouco em choque, mas... não vou sair do seu lado. - encarou-me — Por isso seu pai nunca responde.
— Sim... mas enfim, mudando de assunto, o que tem nessa caixinha? - perguntei
— Nada, é apenas um presente para o meu cachorro. Agora eu preciso ir, minha mãe está mandando mensagem desesperada. - ele depositou um beijo em minha testa e correu. Bom, acho bom eu correr também.
Pov Jeongin:
Eu estava certo. Aquela era a pantera noturna... acho que ela está se aproximando de mim, para chegar até em meu pai... Mas pelo o que eu saiba, meu pai não está com o dela. S/n está sendo enganada. Meu pai morreu há dois anos.
Continuei meu caminho, guardei a caixinha dentro de meu bolso do casaco. Dentro dela, havia minha nova máscara de trabalhos.
Talvez eu tenha como chantagea-la também, mas sem dar na cara que já sei de tudo. E agora, mais do que nunca, não posso machucar pantera noturna.
Por mais que haja conflitos entre eu e sua personagem, S/n é minha melhor amiga.
Em um pulo, coloquei meu uniforme. E agora, correndo, estava prestes a chegar no esconderijo da Meliante.
Espero que ninguém se machuque nessa noite.