— Eu acho que ela não esta bem... - Encarei meu melhor amigo.
— Porque? - Chan perguntou.
— Ela está chorando e ouvindo a mesma música novamente. - respirei fundo.
Eu ficava mal em saber que ela estava mal. Por mais que não nos conhecíamos, eu não conseguia aceitar o fato de que as pessoas fossem tão cruéis com ela...
Desde quando completei dezesseis anos, eu a escuto. Eu pensei que isso fosse apenas uma lenda contada para as pessoas terem algum tipo de esperança no amor, mas não, era real, e eu estava tendo a prova disso.
—" Ninguém nunca vai me amar... como eu pude ser tão ingênua em acreditar nisso? Como eu pude ser tão idiota... -" a música foi aumentada, abafando assim os resmungos dela.
Eu sequer sabia o seu nome, mas eu tinha certeza que se eu soubesse, iria atrás dela e faria ela feliz, provaria que existe amor sim.
"Como vai amar alguém que nem conhece" eu sei oque ela pensa, ela tem um gosto musical incrível, e pelo oque dizem, é uma menina muito bonita e inteligente.
— A música parou? - Meu amigo perguntou.
— Só aumentou... eu estou realmente preocupado. - comecei a desenhar em um papel para tentar me distrair.
— Qual música é?
— Não sei ao certo... mas é bem triste. Ela pensa que nunca será amada, ou que é uma idiota. - revirei os olhos.
— Você tem alguma noção de quem seja? Se você a escuta, certamente já a viu alguma vez, é assim que funciona.
— Se eu soubesse, já estaria indo atrás dela... pode ter sido qualquer pessoa. Posso tê-la visto na rua, ou em outra cidade... é muito improvável. - suspirei
— Minha alma gêmea está bem... hoje o dia dela foi melhor, ela tirou uma boa nota no teste. Fiquei feliz por ela! - sorriu orgulhoso.
— Fico feliz por isso também... - continuei rabiscando alguns papéis e ouvindo a garota.
—"Oque eu devo fazer? Porque eu não o escuto? Será que ele consegue me ouvir?" - ela perguntava baixinho. Isso era como uma telepatia. Eu a ouvia a quilômetros de distância. — "Completei dezesseis anos ontem, como ainda não o escuto ?" - ela desligou a música. Talvez ela vá dormir.
— Ela não consegue me ouvir... isso é possível? - perguntou.
— Sim. Ela ainda não o viu. - Chan respondeu. — Quando ela te ver, mesmo que de passagem, vai começar a te ouvir. - ele ficou em pé. — Eu vou dormir, deveria fazer o mesmo... temos aula amanhã. Não quer se atrasar para o primeiro dia de aula, quer?
— Eu já vou, espere só um minuto... ela está cantando. - abri um sorriso. A voz dela era linda, e por mais que ela estivesse triste e chorosa, sua voz era doce e bonita. Ela sempre cantava antes de dormir, acho que aquilo a acalmava.
—" Espero que amanhã seja melhor do que hoje. E quem sabe... eu o encontre. " - tudo foi ficando mais calmo, até eu a ouvir se remexer na cama.
— Você é uma garota incrível, tenha certeza.
No outro dia, acordei um pouco cansado. Houve uma briga a noite na casa dela e eu acabei ouvindo a gritaria... o padrasto dela..., não gosto nem de lembrar das aberrações que ele disse.
Ela parecia estar desgastada, triste, cansada... coitadinha, ela parece precisar de ajuda.
— Como dormiu? - Chan perguntou.
— Nada bem...
— Ela ainda?
— Sim... Ela ainda...
— Olha, deixe de pensar um pouco nisso, sim? Vamos para a aula, você precisa se distrair um pouco.
E assim, fomos. Bang chan era um amigo muito dedicado e compreensível, ele sempre me ajudou em tudo.
Quando chegamos na escola, me sentei em um lugar diferente. Nas carteiras da parede, eu tinha uma visão geral da sala de aula.
Acabei por pegar aquelas mesmas folhas que estava rabiscando ontem, mas antes que fizesse algo, o sinal tocou.
— Felix, guarde esses papéis, Você, sente-se, agora! - a professora de literatura disse entrando na sala. — Bom dia pessoal! Espero que tenham tido ótimas férias... depois conversamos sobre isso. No momento atual, gostaria de anunciar a chegada da mais nova aluna. Entre, querida. - a mesma fez sinal para uma linda jovem adentrar a sala.
— Olá... - disse tímida.
— Essa é minha sobrinha S/n, sejam legais com ela. - a menina observava a sala toda.
Eu acabei por paralisar. A minha alma gêmea estava ouvindo as mesmas coisas que eu... S/n então...
— Sente-se atrás de Felix, meu anjo.
— Quem é Felix?
— Aquele loirinho ali... - a menina me encarou, e por fim, pude ouvi-la pensar. " Uau, que lindo" - Calma, agora podemos ouvir pensamentos também?
"Você é mais" - pensei também, queria passar um ar de confiança e conforto, e mostrar que eu estou aqui.
Pude ver ela sorrir, talvez ela tenha escutado...
A garota caminhou até mim sorridente. Lee Felix, você é o garoto mais sortudo que existe, o sorriso dela era lindo.
— Eu ouvi. - ela disse sentando atrás de mim. — Obrigada.
— Também te ouvi... ouço faz um tempo...
— Então ontem você...
— Sim, eu ouvi. - a encarei. — Estou aqui agora, vou te ajudar com oque precisar. Inclusive, quer sair comigo depois da aula?
— Claro! - ela novamente sorriu
— Chega de conversinhas. Prestem atenção na aula ! - disse a professora.
Meu coração encheu-se de alegria, eu finalmente encontrei a garota... espero poder mostrar a ela o lado bom da vida, e também, que ela estará segura ao meu lado.
