Desejo

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              Pensei ter sonhado com Pietro no meu quarto por três dias seguidos.
Desde o dia que cheguei em São Paulo eu ainda não o tinha visto. Sequer sabia se ele havia entrado no apartamento.
            Durante a noite eu sonhava com a presença dele no meu quarto. Sonhava com ele na poltrona perto da janela, com seu copo de uísque a me observar dormindo. Seu rosto demonstrava cansaço, mas seu peito másculo ardia de prazer por mim ali do jeito que eu estava.
            Parece loucura, mas sou só eu viajando no Italiano. Sempre eu me pegava imaginando como seria o toque das mãos firmes dele, como seria abraçá-lo,.... Meu Deus, eu só podia estar louca!
           Como seria possível pensar tanto assim em alguém que sequer demonstra que quer sua presença? Pietro era altivo e certamente achava que não precisava demonstrar nada a ninguém. Seu olhar frio e sem emoção demonstrava isso.

           No quarto dia em São Paulo, meus dias de TPM se acalmaram e havia se passado meu fluxo. E eu já estava bem melhor. Somente uma leve dor de cabeça não me deixava naquela manhã. Eu não queria nem sair da cama. Mas o sol estava brilhando tanto lá fora que eu decidi ao menos me sentar na área da piscina, como fizera nos dias anteriores.
           Nem ao menos me incomodei em trocar de roupa, já sabia que ficava sozinha no apartamento todo o tempo. As vezes ouvia um barulho de aspirador de pó e via a faxineira recolhendo o lixo, mas era só. Igor levava almoço e janta pra mim e eu só não reclamei dessa pequena prisão domiciliar porque sentia muitas dores devido à menstruação que havia chegado.
          Deitei-me no sofá do lado de fora da casa e coloquei meus óculos escuros. Havia tomado um comprimido pra dor e esperava que ele fizesse efeito logo. A sombra do quiosque era boa e refrescava a pele. Acabei cochilando.
          Um vento frio soprava e amenizava o calor que fazia. Meu babydoll vermelho de short curto e camiseta de alças finas estavam escondidos debaixo do robe de seda vermelho. Nunca passei dias tão sossegados. Parecia até estar de férias.
          Foi quando abri os olhos que o vi.          
          Parecia uma visão paradisíaca.
          Ele, no andar de cima, na sacada do quarto, com as mãos no parapeito de vidro, me olhando, me desejando... Opa! Continuei deitada, firmei os olhos e percebi que era ele mesmo! De onde eu estava podia me ver da sacada do quarto!
          De óculos escuros não teria como ele saber que eu o olhava, então aproveitei a oportunidade pra observá-lo também. Parecia ter acabado de chegar de algum lugar. Sua expressão era de cansaço físico e eu senti pena dele naquele estado. Parecia não ter dormido direito a alguns dias. Talvez muitas reuniões, trabalho, viagens, sei lá.
          Ficamos por longos segundos nos observando em silêncio até que senti minha perna formigar. Mas que droga! pensei , mexendo a perna suavemente pra Pietro não perceber que eu estava acordada. Mas não deu muito certo, mas ao menos eu disfarcei bem e me sentei esticando as pernas e me espreguiçando com delicadeza.
           Ao me sentar, meu short subiu ainda mais mostrando minhas coxas e meu robe abriu revelando minha roupa de dormir. Enquanto eu massageava minha perna, olhei disfarçadamente pra cima onde Pietro estava e o vi virando as costas, saindo.

           Na hora do almoço, Igor preparou uma mesa pra mim perto da piscina. Eu nem ao menos havia trocado de roupa.
         - Pietro não vai comer? - eu arrisquei perguntar quando me aproximei.
         Igor organizava as travessas de vidro com a comida.
          - Hoje não Petit - ele mesmo me respondeu, descendo as escadas que davam até onde eu estava.
          Ele não podia estar mais lindo e impecável de calça preta social e camisa azul claro de mangas compridas. Sapato social e uma gravata azul marinho compunham o resto do look arrumado. A argola ainda estava na orelha e sua barba estava bem feita e demarcada. Suas mãos seguravam um relógio de ouro que, com certeza valia muito dinheiro.
          Me encostei na mesa pra que ele não percebesse que minhas pernas tremiam. Ainda estava com o robe vermelho. Do jeito que ele me vira de manhã. Igor tratou de sair assim que ele chegou com sua presença imponente.
         - Prometo que amanhã estarei aqui pra você - ele sussurrou se aproximando de mim e me deixando inebriada com seu perfume importado. - Sentiu minha falta? - ele ergueu as sobrancelhas mas não sorria. Ele colocava o relógio sem olhar. Seus olhos castanhos pousavam sobre os meus.
         - Eu ... - quando ia responder ouvimos o toque de um telefone me interrompendo. Era o celular dele no bolso da calça. Pegou o telefone, olhou no visor, pediu licença, virou as costas e saiu me deixando respirar, finalmente.
Me sentei na cadeira e pensei que não teria palavras pra responder a Pietro porque realmente havia sentido a falta dele. Mas isso eu nunca confessaria.

A Acompanhante do Italiano ( Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora