Despertando Sentimentos

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           Uma cena tão simples que se tornou complicada para mim. Tomar café da manhã com Pietro ao meu lado me olhando e agindo como se fosse uma cena normal entre nós. Na verdade seria, se eu não estivesse sentindo meu coração como uma escola de samba e não tivesse certeza que algo estava acontecendo dentro de mim.
          Era normal me deitar com homens e, no outro dia, olhar para eles como se nada estivesse acontecido. Mas, naquele dia, ali na mesa da cozinha de conceito aberto, no apartamento luxuoso de Pietro, eu estava certa que algo estava acontecendo comigo. Principalmente porque sentia meu rosto queimar e meu coração acelerar só de estar na presença dele. Estava bem difícil pra mim e eu precisava lutar pra demonstrar naturalidade.
          A mesa estava arrumada com frutas, jarras de suco, garrafas de café e leite quente. Minha salada que eu havia  feito estava lá. Tinha até me esquecido dela, era minha oportunidade de saboreá-la.
          Pela fartura que havia na mesa, parecia que umas dez pessoas se sentariam ali conosco. Mas depois de um tempo, percebi que seriam somente nós dois mesmo.
         - Então, está gostando da estadia em São Paulo? - Pietro perguntou, demonstrando naturalidade enquanto bebia do seu café. Seu português era fraco, mas ele teimava em falar mesmo assim.
         - Bom, eu gosto muito daqui. Já estive aqui outras vezes. - respondi educada, enchendo minha pequena tigela de sobremesa com a salda de frutas.
         - Ah sim - Pietro suspirou e voltou sua atenção pro jornal. Senti que eu havia dado uma resposta meio grosseira. Que fora! Não havia necessidade de falar que eu já havia estado em São Paulo!
         - Bom, mas nesse bairro eu nunca vim. Parece ser bem mais novo. - eu tentei consertar, comendo da salada com vontade. Eu amava uma salada de frutas. Tinha um fraco por doces sem explicação.
         Pietro levantou os olhos pra mim, sem demonstrar nenhuma emoção.
        - Fizemos esse condomínio a pouco tempo. Menos de seis meses. - ele bebeu o café. Sua feição não se moveu pra demonstrar orgulho nem alegria. Nada. Era o típico milionário que tinha demais mas não tinha orgulho da sua riqueza. Pessoas assim costumam não ser apegadas ao dinheiro. Isso era bom.
         - É um belo lugar - exclamei, levando mais uma colher de frutas à boca e mastigando. Um pouco do caldo escorreu pelo canto da minha boca e, quando fui me limpar com o guardanapo, Pietro estendeu a mão, retirando o líquido com seu dedo e levando até a boca dele. Esse gesto me fez engolir a salada que estava em minha boca de uma só vez quase me engasgando.
         - Está gostosa - ele disse, me olhando. Eu franzi o cenho.
        - O quê? - perguntei segundos depois, sem saber do que ele falava. Nunca havia ficado tão desajeitada na frente de um homem daquela forma.
         - A salada de frutas. Que você fez. - ele explicou e em seus olhos claros eu vi que ele se divertia com a minha reação.
         Eu pisquei várias vezes, tentando me repôr.
        - Ah sim. Obrigada. - voltei meu rosto pra salada à minha frente. Meu rosto queimava. - Não vai comer? - perguntei tentando mudar o foco da conversa me aprumando na cadeira.
         - Já comi. Está muito boa. - era incrível o fato dele conversar sem esboçar sequer um sorriso, nem emoção alguma. Eu era tão sorridente, não entendia como uma pessoa podia ser fria daquela forma. Mas eu sabia que Pietro tinha suas faces.
         Quando estávamos na cama, seu rosto demonstrava desejo, no banheiro seus olhos se escureceram de prazer e no closet vi que ele gostava de morder o lábio inferior quando estava muito excitado. São facetas fáceis de descobrir quando um homem está excitado ou interessado em alguma coisa.
         - Obrigada - eu sorri com o canto da boca. - Eu gosto de me aventurar na cozinha de vez em quando. - levei mais uma colherzinha de salada à boca, depois de usar o guardanapo para me limpar.
          Pietro também sorriu com o canto da boca e eu amei aquele gesto, mesmo que fosse por segundos. Ele devia fazer aquilo mais vezes.
         - Eu sei - ele respondeu, voltando a atenção para os jornais.
          Olhei-o por cima do jornal.
         - Há algo da minha vida que você não saiba que terei o prazer de confessar um dia? - pousei a colher no pires.
         Ele apenas me olhou, voltando a atenção pro jornal. Logo, dobrou -o e pousou o mesmo sobre a mesa.
         - Quem sabe há algo da sua vida que você queira me confessar e eu não saiba?
          Sorri, tentando parecer natural. Não era possível que ele sabia tudo sobre mim. Pensei um pouco enquanto ele me observava. Vi quando seus olhos desceram pro vale entre meus seios e subia de novo pro meu rosto.
         - Bom, você sabia que eu gosto de sexo matinal?  - perguntei inocente observando sua reação em seus olhos claros.
         Pietro ficou em silêncio e eu notei a tensão que veio do corpo dele. A provocação teria consequências talvez, mas eu estava disposta a arriscar. Eu estava ali pra satisfazê-lo e, de alguma forma, queria sair satisfeita também. Se eu estava gostando dele ou não, não perderia minhas horas tentando descobrir. Estava disposta a aproveitar meu tempo com ele.
         Pietro levantou as sobrancelhas segundos depois, surpreso. Suspirou, relaxando o corpo. Na posição em que estava, no centro da mesa, podia observar todos os meus movimentos do jeito que ele já gostava de fazer.
         - Isso eu não sabia. - sua voz saiu rouca e baixa. Como se tivesse sido difícil falar aquilo.
         Eu o olhei e sorri.
         - Bom, talvez eu devesse saber algo sobre você agora. - eu o desafiei.
         Era um jogo, eu lancei e ele percebeu. Fixou os olhos em mim e mordeu o lábio inferior para minha tristeza. Tristeza por não poder fazer nada.
         - Eu também gosto de sexo matinal. - a confissão saiu suave e eu senti meu corpo responder. Minhas mãos suavam segurando um guardanapo e minha boca salivou. Lembrei-me dos nossos momentos quentes minutos atrás no closet e no banheiro.
        - Bom, temos algo em comum, então. - dei de ombros, voltando minha atenção para o restante da minha salada. Pietro nada disse. Apenas me olhava, enquanto seus dedos entrelaçados se movimentavam suavemente em seu colo. - Mais alguma coisa? - bebi um gole de água.
         Pietro pensou em pouco antes de responder.
         - Não sei cozinhar. - deu de ombros.
         Eu levantei a sobrancelha, achando graça. Ele parecia tão natural nas confissões que pensei que era até outra pessoa que estava ali à minha frente.
        Seria surpresa se soubesse. Com certeza, em toda sua vida, teve sempre alguém que fizesse sua comida ou um lugar que o recebesse sempre que estivesse com fome.
        - Mas tenho vontade de aprender. - ele comentou e eu o observei. Até achei interessante. Uma coisa simples e boba que, com certeza não faria diferença pra Pietro, mas se era o que ele tinha vontade...
         Eu sorri.
         - Isso é uma surpresa.
         - - ele concordou me observando e seu olhar parecia ver além de mim.
         Pietro pegou um morango da travessa de vidro e pôs na boca, mordendo suavemente. Uma tentação!
        Ele mordia a fruta e me olhava, como se quisesse que eu o visse tal como era: desejável e tentador. Pietro sabia que causava um efeito devastador em mim. E eu estava sem saída mais uma vez. Era impossível resistir.
       Eu nunca passaria num teste de resistência com Pietro. Já tinha perdido desde a primeira vez que o tinha visto no restaurante!
         Virei meu rosto pra minha água no copo e bebi um gole disfarçando.
         - Chega de confissões por hoje então? - eu quebrei o silêncio, afastando a cadeira a fim de me levantar e dar o assunto por encerrado.
        Pietro inclinou-se para a frente, impedindo minha saída com seu braço. Eu o olhei depressa e senti sua mão me segurar pelo antebraço. Sem deixar de olhá-lo, me deixei levar. Me levantei da cadeira e cheguei mais perto dele. Num segundo ele afastou a cadeira pra dar mais espaço pra nós.
        Abrindo suas pernas, ele me ajeitou em seu colo. Sentei em uma de suas pernas e fiquei com o rosto bem próximo ao dele. Pietro me abraçou pela cintura e guiou meu braço para que eu o abraçasse também. Uma de suas mãos pousou sobre meu colo e eu senti minha pele queimar e um calor subir entre minhas pernas.
         Naquela posição tão próxima, meu corpo ficava à mercê dele. Seu cheiro me embriagava. Não resisti e passei uma mão sobre seus cabelos brilhantes. Pietro fechou os olhos com aquele gesto. Aproximei meu rosto e senti sua pele do rosto quente e suave. Meu Deus, como aquele homem era charmoso e tentador!
        A camisa branca de tecido leve de malha deixava seu peito a mostra pela transparência e sua feição suave o deixava ainda mais natural. Como se estivesse realmente descansado. Talvez o sexo fosse algo que ele realmente tinha necessidade pra se livrar das tensões dos dias trabalhados.
        Eu tentei não beijá-lo de uma vez, apesar de que, sua boca carnuda tão próxima era um convite. Beijei suavemente seu rosto provocando-o. Pietro mordeu o lábio inferior e sussurrou meu carinhoso apelido francês que eu jamais esqueceria.
        Logo o beijo veio suave e gentil. Ao mesmo tempo molhado e ansioso. Eu já não me importava de beijar aquela boca, já estava perdida mesmo. Seus lábios macios tinham o gosto do morango. Afundei meus dedos em seus cabelos negros e desalinhados.
         Senti meu corpo ser pressionado pelos braços firmes e fortes. Suas mãos me apertavam fazendo com que eu ficasse ainda mais excitada. Nossos corpos pareciam querer se unir somente naquele abraço.
         Enquanto uma mão me segurava nas cintura pelas costas, a outra segurou meu seio com delicadeza por cima do vestido de malha leve. Senti meus seios enrijecerem com o toque suave e a excitação de Pietro ficar visível sobre a calça de moletom.
          Gemi baixinho ao sentir os dedos roçarem levemente meus mamilos por cima do tecido. Pietro sabia como me tocar. Sabia o que me deixava excitada. Era uma loucura o que eu sentia. Era impossível esconder.
          Afastando seus lábios por uns segundos, ousei perguntar:
          - Vamos para a cama?
          - Non - ele respondeu me afastando rápido e em poucos segundos ele me pegou em seu colo, levantando-se depressa. Me assustei mas confiei no que ele fazia. Estar no colo de Pietro daquela forma aumentava ainda mais meu desejo.
         A passos largos ele me levou até o sofá da sala. Certamente estava certo de que não havia ninguém além de nós no apartamento pra agir daquela forma.
          - Estamos a sós? - perguntei por curiosidade. Não queria ser atrapalhada num momento tão íntimo como aquele.
          - Sì -  Pietro respondeu, me deitando no móvel grande e espaçoso. Cabia nós dois ali tranquilamente. - O apartamento é só nosso Petit.
           Sorri pra ele achando graça da sua intenção. Ele havia dito que eu o teria pra mim naquele dia, já pensando em nossos momentos de intimidade.

A Acompanhante do Italiano ( Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora