Capítulo 12 - Corra!

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- São Paulo? - o sotaque espanhol se fez presente, enquanto abria entrava na casa do mesmo ao lado de Portugal.

- Deve estar em seu quarto... Eu irei fazer um café para nós, pode subir para conversarem? - disse o português de um jeito tristonho.

Espanha percebeu a tristeza do mais velho, logo encarando o mesmo com um sorriso doce e calmo e colocando uma de suas mãos no ombro do outro.

- Não fique assim, querido. - disse, em uma tentativa falha de confortar o mesmo. Portugal apenas encara o chão.

- Você parece a mãe, a mais compreensível. E eu o pai, que não saber o que fazer. - disse, dando uma leve risada. Espanha apenas sorri e dá uma leve batidinha no ombro dos mesmo.

- Hm... Até que faz sentido, te veré, ¿de acuerdo? - disse, e Portugal apenas concorda com um aceno de cabeça, indo em direção a cozinha.

Espanha suspira, espera que tenha finalmente encontrado uma solução para a grande confusão em que estava metido. Ele sobe as escadas do sobrado, vendo uma das porta do final do corredor entre-abertas e um leve cheiro de cigarro que começava a se espalhar pelo corredor, fazendo o cheiro se impregnar em seu nariz e dando um leve ardor.

O country bate de leve na porta, abrindo logo em seguida e vendo SP sentado em sua cama com um cigarro na boca e em seu colo um violão.

- SP? Você ainda toca? - disse, estranhando o mesmo. SP encara o tio e retira o cigarro dos lábios, soltando a fumaça e tossindo um pouco.

- Sim... Bem, eu toquei agora, fazia um tempo que não tocava. Cadê meu avô? - SP questiona, tentando mudar de assunto.

- Está na cozinha, ele foi fazer um café para nós. Mas... Eu sei que você não está nada bem, querido. - disse, se sentando ao lado do mesmo. - O que há contigo, pequeno?

SP suspira e encara o country se sentando ao seu lado, colocando seu violão de lado com um olhar tristonho.

- Todo esse tempo, eu pensava que havia sido culpa minha por meu pai não pode cantar mais. - disse, deitando sua cabeça no colo do tio. - Passei anos da minha vida me culpado sobre isso, e descobrir que... Pode não ter sido culpa minha.

- E não foi, foi um plano para acabar com todo aquele inferno que você e seus irmãos estavam vivendo. Você só fez o que era preciso, querido. - disse o espanhol, dando um suspiro e fazendo um pequeno cafuné nos cabelos escuros de SP.

- Mesmo assim, ainda me sinto culpado. A cada dia, hora, minuto e segundo. - disse, fechando os olhos e aproveitando o carinho de seu tio. 

- Digo e repito: não se sinta assim, corra desse sentimento pequeno. - diz, dando um beijo em sua testa e sorrindo em seguida. - Vamos trazer ele de volta, e você vão pode cantar novamente. Juntos.

SP sorri, com os olhos lacrimejando só em pensar na possibilidade de reunir todos para se divertirem.

- Eu amo pensar nisto. - disse Portugal, entrando no quarto com uma bandeja. Nela estavam alguns biscoitos e as xícaras de café , que faziam o cheiro de espalhar pelo quarto e tirar o cheiro de cigarro.


Brasil estava sentado e encolhido em um canto da cela, realmente já havia tentado de tudo para derrubar uma porta de ferro com suas próprias mãos. Suas mãos, braços e joelhos estavam roxos e tantas vezes que tentou derrubar a porta e falhou miseravelmente (e convenhamos, por razões obvias).

Ele suspira, tentando puxar ar para seus pulmões e tentando ignorar o cheiro de morte que sentia no lugar. Seus olhos se fecham e leves déjà-vus passam em sua mente, mas algo ainda muito vago de coisas que aconteciam em lugares como aqueles. Abriu seus olhos e encarou mais uma vez as paredes com aranhões e escrituras, pessoas inocentes que queriam apenas serem livres.

Os pedidos de socorro e liberdade faziam Brasil se culpa mais ainda por estar tão cego com Dictatorship. Mas, ele não iria correr daquele sentimento pois tinha consciência das coisas que fez.

- Não me convidaram, pra essa festa pobre. Que os homens armaram pra me convencer a pagar sem ver toda essa droga. - Cantarolou, sem sentir sua garganta doendo e ele sorriu e se levantou em um pulo. 

- Okay, eu tô ficando ou louco, ou paranoico, ou foi o dia que eu bebi aquele refri estranho com o America. - disse, mas em seguida batendo em sua própria testa. - Sério isso? Você lembra disso mas não lembra o que aconteceu em 20 anos de ditadura, Brasil?!

O mesmo suspira, encarando a porta novamente mas sem o olhar tristonho, e sim com um olhar firme.

- Não me ofereceram nenhum cigarro, fiquei na porta estacionando dos carros e não me elegeram chefe de nada. - cantou mais uma vez, sua garganta não doía, não era sonho ou paranoia, ou até mesmo o refrigerante estrangeiro que tomou, era seu canto voltando como um Rouxinol recuperando o voo.

- Brasil, qual é teu negócio! O nome do teu sócio? CONFIA EM MIM! - cantarolou com força, sorrindo de orelha a orelha e vendo a porta se estremecer. Séria possível abrir portas com a voz?

Bem, pelo menos ele sabia que tinha uma pista de como sair daquele buraco infernal, e correr atrás daquele que o prendeu. Certamente, para dar uma voadora na cara de Dictatorship.






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Música utilizada (trechos) - Brasil Mostra Tua Cara - Gal Costa


- Hey pessoal! Mais um capítulo novinho para vocês! 

- Queria agradecer pelo 1k, sério, tô muito feliz com o desempenho da história em tão pouco tempo!

- Comente e curta se quiser, obrigado por ler e até ! <3


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