Capítulo 13 - Luz

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São Paulo estavam em seu escritório, um semblante sério enquanto digitava em seu computador antigo, caneta na outra mão anotando algumas coisas em um pequeno bloco de notas. Estamos em 1965, e o country era um dos maiores destaques de seu pai, Brasil, na Quinta fase de sua República.

Passou a mão pelo seus cabelos, perfeitamente alinhado com gel. Estava tenso, mesmo que a economia estivesse crescendo de maneira absurda, o restante do mundo estava bem instável com a Guerra Fria (que acontecia no mesmo período), sabia que URSS não é alguém tão sensato e poderia ser facilmente taxado como louco. Estados Unidos está caindo em seu próprio precipício por decidir enfrentar ele, se bem que dois loucos em uma porta só não tem como dar errado.

Se levantou de sua cadeira estofada e encarava a grande vista que tinha em sua janela. A cidade aparentava estar perfeita, com alguns militares andando pelas ruas e vivendo suas vidas normalmente. Entretanto, sua porta é aberta e o cheiro de café fresco espalhado na mesma hora.

- Bom dia, meu filho. - Brasil disse, estava com seu uniforme militar e suas xícaras de café em uma bandeja de prata, juntamente com o jornal do dia. 

- Bata na porta antes de entrar, pai. - disse sério, sentando novamente em sua cadeira juntamente com Brasil, que lhe serviu uma das xícaras.

- Eu sou seu pai. Entro aqui quando bem entender. - disse rígido, tomando um gole de seu café e jogando o jornal na mesa d filho. - Leia.

SP revirou os olhos, era mais uma reportagem contra o governo de seu pai. Sabia o quanto ficava irritado com aquilo o outro, então apenas leu concentrado o jornal como iria ficar o tempo.

- Eu não entendo, como podem me chamar de "Ditadura Assassina" sendo que tudo está indo melhor que antes?! - disse irritado, e SP apenas concordou com um aceno de cabeça. - Olha para você e Minas, por exemplo. São estados perfeitos! Logo, todos vocês serão perfeitos. - disse, esboçando um sorriso de orelha a orelha.

O outro county apenas murmuravam "hum", escutando reclamações de seu pai e sabendo o que ele iria pedir em seguida.

- Quero que encontre o repórter que escreveu esse artigo. - Disse autoritário, tomando o último gole de seu café.

- Por que não o deixa... ter uma opinião? - SP pensou alto, arregalando os olhos logo em seguida por ter esquecido que seu pai estava na sala.

Brasil se levanta e vai em direção ao filho, que abaixou o jornal e encarou seu pai engolindo seco. Os olhos do país estavam cinzentos, quase negros e suas pupilas em tom de cobre. Mal pode reagir, apenas sentiu o ardor do tapa do lado direito o fazendo ficar mudo.

- Meu governo é perfeito. E quem achar ao contrário, deve pagar. - disse Brasil, apertando o pescoço do country, que apenas o encarou sério e com um último resquício de voz disse um "sim" quase inadiável.

Brasil o soltou e sorriu, saindo logo em seguida da sala batendo a porta com força. SP encarou tudo aquilo sem ao menos derramar uma única lágrima ou sem expressão. Já havia se acostumado com aquele jeito se seu pai. Mas, percebeu aos poucos que olhos brilhosos e que transmitiam luz.

Estavam quase negros de escuridão.

-

RJ estava apreensivo e com um olhar perdido no nada, sentado no banco de uma praça aleatória com uma pequena garrafa de cerveja na mão, e na outra encarava o celular. 23h37min. Estava bem tarde par ele ficar perambulando pela rua. 

Suspirou, dando outro gole na cerveja e encarando o chão. Sabia que as atitudes que havia tomando nos últimos dias foram... grosseiras e muito precipitadas, em alguns momentos. E agora, estava se arrependendo amargamente de algumas coisas que havia dito no momento de pura adrenalina.

Encarou a tela do celular e o desbloqueou, indo na lista de contatos e apertando em um dos números e em seguida, dando outro gole em sua cerveja e esperando ser atendido.

- Alô? - a voz do outro lado ecoou, com um leve bocejo em seguida.

- Eae, maninha. - disse o carioca para sua irmã, Minas.

- Hm? RJ? Já tá tarde, por quê me ligou a essa hora? - disse a country de um jeito confuso ainda e RJ suspira tristonho.

- Desculpa, esqueci que você dormia cedo... - disse, dando um riso soprado. - Preciso de um conselho.

- Pode falar, mas se eu parar de responder você já sabe pelo que foi. - disse a garota, rindo.

- Bem... Como você faz pra ser assim? - disse, encarando o céu azul com quase nenhuma estrela no mesmo.

- Er... Assim como? Você tá falando como um zé dend'água!* Deixa eu adivinhar: brigou com SP, certo? - disse, e RJ acaba se engasgando com a própria saliva e ficando com o rosto levemente avermelhado.

- O-o quê? Como sabe disso? - disse, raspando de leve a garganta e tentando se recompor. 

- Você fica com um jeito meloso de falar, como se tivesse todo apaixonadinho. - disse, e o carioca faz uma cara de espanto.

- Mas, n-não é isso... E que, acho que fui grosseiro por conta do que está acontecendo. - Disse, e escutou um suspiro pesado da mineira.

- Eu entendo, ás vezes fazemos as coisas sem pensar e é normal, maninho. A melhor coisa que você tem a fazer e sentar e conversar com aqueles que você machucou, pedir desculpas. Mesmo que possa acontecer de vocês não terem a mesma relação de antes ou algo do tipo, isso vai aliviar teu coração. - disse Minas, e RJ sorri minimamente e ficando mudo por alguns segundos.

- Tem razão, e acho que sei como começar. - disse, escutando a mesma dormindo do outro lado da linha. - Valeu, pequena. - diz, encerrando a ligação.







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zé dend'água!* - perdido, abobado (gíria usada em Minas)


- Hey pessoal!

- Obrigado de novo pelas visualizações, comentários e estrelas nos capítulos! De verdade, isso me motiva muito!

- espero que tenham gostado, até!

Dictatorship BrazilOnde histórias criam vida. Descubra agora