Capítulo 14 - Livre-se

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Novo dia.

Era isso que Salvador pensava, tomando um gole de seu café preto e olhando a vista do quintal. Suspirou pesadamente, estava com saudades de seu pai, cansada das brigas idiotas de SP e RJ. Resumidamente, cansada de tudo. Ela só queria paz. Passou as mãos nos cabelos cacheados, falhando miseravelmente em arrumá-los.

- Maninha? - ela escuta a voz de Brasília atrás de si. O garoto ainda estava de pijama, com sua amada pelúcia de Arara Azul de um lado e com a outra mão coçava os olhos castanhos. - Cadê o papai?

Essa pergunta fez a country gelar, sua barriga revirou e parecia ter pedras dentro dela. Ela dá um sorriso, deixando a xícara na pia e pegando o garoto no colo e fazendo cocegas em sua barriga. O pequeno garoto gargalha, fazendo a mesma rir junto e ambos rirem se olhando.

- Ele está bem, pequeno. - Disse, aumentando o sorriso e o garoto fica confuso.

- Mas, faz diz que papai não vem ver a gente. Ele está dodói? - questionou, encarando a mesma com o rosto confuso.

- Um pouco, querido. - disse, sentando ele na cadeira e começando a preparar seu café.

- Mas, ele vai ficar bem? - disse o garoto, olhando os atos da mesma ainda com um olhar preocupado. A mesma apenas sorri, colocando uma xícara de café para o country.

- Vai. Logo ele vai ficar livre disso. - disse, transmitindo confiança para o garoto.

- Tomara que ele livre-se logo disso, tô com saudades dele. - disse, assoprando a fumaça a xícara e dando um pequeno gole.

Salvador sorri, ela sentiu que tudo aquilo iria acabar.



- Okay, essas são as notas mais fortes. Se eu subir uma nota a mais, pode ser que eu a derrube e... Ah, meu Deus! Eu vou ser chamado de idiota depois por querer derrubar uma porta de ferro com a voz! - Brasil disse, caminhando de um lado para o outro de maneira inquieta, haviam alguns rabiscos no chão com um pequeno pedaço de giz que havia encontrado.

- Mas, se isso derrubar... eu pelo menos saio e vou atrás de Dictatorship. Não importa com. - disse convicto e encarando mais uma vez a porta de ferro. Suspiraram fortemente e fechando os olhos devagar.

- Não me convidaram pra essa festa pobre. Que os homens armaram pra me convencer. - cantarolou, dando um pequeno sorriso convencido. - Fiquei na porta estacionando os carros. Não me elegeram chefe de nada. O meu cartão de crédito é uma navalha! - cantou, rangendo os dentes de leve.

- BRASIL, MOSTRA TUA CARA! QUERO VER QUEM PAGA PRA GENTE FICAR ASSIM! - cantou fortemente, abrindo os olhos e encarando a porta. - Brasil, qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim!

Entretanto, a porta não estremeceu no final.

"Estranho... será que devo cantar mais rápido? Tenho que subir a entonação de alguma coisa? Ou..." O mesmo bate em sua própria testa, irritado.

- Grr! Esqueci do principal! Como posso esquecer disso, sendo que ensinei isso para os meus 26 filhos e o DF?! - disse, bufando de leve.

"Cante com o coração, pois ele que tem a voz mais pura e verdadeira de todas", sorriu ao lembrar de senta Brasilia em seu colo e falar para o garoto pela primeira vez sobre canto, e o quão a voz é importante. Um sorriso abobado surge no rosto do country e seu coração se aquece ao lembra dos sorrisos de seus filhos.

São Paulo, RJ, Amazonas, Santa Catarina, Minas, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Salvador... Que saudade dava em seu peito, em ver todos aqueles sorrisos.

- Brasil... Qual o teu negócio? Quem é o teu sócio? - suspirou, abaixando um pouco sua cabeça e novamente encarando a porta. - CONFIA EM MIM! - quase gritou, vendo a porta estremecer e ganhar alguns amassados.

Tossiu, aquilo era realmente forte para o mesmo que fazia anos que não cantava e tinha perdido o jeito. Suspirou, e abaixou sua cabeça e fechou seu punho.

- Confia... CONFIA EM MIM!!! - gritou fortemente, com os olhos fechados e um sorriso no rosto.


Pois é, ela abriu.



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Pra quem quer saber como é a voz do Brasil, é a do Cazuza! Se quiser escutar o capítulo escutando a música "Brasil Mostra tua Cara" na voz dele, recomendo! <3


Dictatorship BrazilOnde histórias criam vida. Descubra agora