Shouto colocou as duas mãos na cintura e olhou ao seu redor, desolado, encarando a bagunça que já havia feito na cozinha, sem chegar a lugar algum. Havia farinha em seus cabelos, rosto e talvez até no teto. Ele suspirou, sentindo os ombros caírem em derrota.
Katsuki sempre fazia essa arte de cozinhar parecer tão fácil, mas até agora o bicolor só tinha encontrado uma série de frustrações.
— Papai? — A criança esfregou seus olhinhos antes de olhar para o homem. — O que está fazendo?
Koutarou era o filho deles e a cada ano que passava, tornava-se mais perceptivo, tal como seu outro pai. A criança havia sido o pequeno presente deles, um acidente feliz, como gostavam de dizer. Por mais que não estivessem esperando que fosse acontecer, Katsuki esteve em terapia hormonal por anos já e eles realmente não imaginavam uma gravidez, um mero descuido, estavam casados já há tanto tempo que métodos contraceptivos já nem passavam mais por suas cabeças em suas noites acaloradas — que eram muitas —, e então simplesmente aconteceu.
Shouto apoiou seu marido durante todo o processo. Sabia que poderia ser uma longa jornada, difícil até, embora Katsuki tivesse ficado muito feliz pela perspectiva de ter um filho, depois do choque inicial, ainda seria necessário interromper a testosterona pelos nove meses de gestação, o que poderia ser um baque. De fato, alguns dias foram mais difíceis que outros, mas ele tinha o bicolor ao seu lado para apoiá-lo, e assim Koutarou nasceu, saudável e uma cópia quase perfeita do loiro, se não fosse pelos olhos heterocromáticos de Shouto, outro pequeno milagre, e o tom branco de seus cabelos.
O mesclado olhou da bagunça que havia feito para o filho, levando o indicador a bochecha para coçá-la.
— Sabe que dia é hoje? — perguntou com um pequeno sorriso.
A criança olhou para cima, pensativa, como se estivesse fazendo uma conta mental.
— Dezenove... Não, vinte! — E então a realização. — É o aniversário do papai!
— Pois é! — Shouto aproximou-se para pegá-lo no colo, apesar dele já ter seis anos e, assim como o pai, odiar demonstrações excessivas de afeto. O loirinho se debateu um pouco, porém acabou se rendendo, com um revirar de olhos muito característico dos Bakugou, que o bicolor já tinha visto inúmeras vezes, não só em Katsuki, como em sua sogra, Mitsuki. — Eu estava tentando fazer um bolo para ele, mas acho que alguma coisa deu errado... — Confessou, com um bico nos lábios.
Koutarou deu um jeito de pular do colo do pai e inspecionar o seu fracasso culinário, franzindo o nariz em desgosto, com uma careta muito, mas muito fofa.
— Não se preocupe, papai Shou — assegurou, fechando a mãozinha em punho de forma animada. — Eu posso te ajudar!
Shouto piscou diversas vezes para o filho, embasbacado pelas suas palavras. Sua solução, a princípio, era sugerir que eles comprassem um bolo na confeitaria a algumas quadras de casa, já pronto para desistir dessa ideia de cozinhar, entretanto, seu filho parecia muito determinado.
— Como você pensa em me ajudar, Koucchan?
— O papai Kacchan me ensinou a fazer bolo, é muito fácil!
E então, como se estivesse vendo uma versão miniatura de seu marido, Kou começou a se mover pela cozinha e ordenar o pai, com instruções surpreendentemente claras sobre como bater as claras em neve, misturar tudo na massa. Shouto foi fazendo tudo que ele dizia obedientemente, feliz ao ver que estava bem melhor que a sua primeira tentativa.
Kou sempre foi um pequeno prodígio, não era uma surpresa que aos seis anos fosse capaz de dar assistência a um homem em seus trinta e poucos anos na cozinha, e o resultado ser tão bom quanto um bolo de confeiteiro.
Os dois estavam na sala, assistindo qualquer coisa na televisão, depois de terminar tudo e limpar a cozinha, quando ouviram a movimentação na entrada. Shouto foi buscar o bolo para colocar na mesa já arrumada e Kou saiu correndo para pular nos braços de seu pai, assim que ele abriu a porta.
— Alguém parece empolgado hoje! — Katsuki resmungou, segurando-o com facilidade.
— Vem, papai, o papai Shou está esperando! — Kou se desvencilhou dos braços do homem e começou a puxá-lo até onde estava Shouto, que os esperava com um grande sorriso nos lábios.
Sabendo que o loiro odiava que cantassem parabéns para si, os dois apenas disseram em uníssono:
— Feliz aniversário!
Katsuki piscou algumas vezes, uma expressão suave tomou conta de seu rosto. Shouto se aproximou, passando os braços ao redor dele e selando seus lábios, antes de puxá-lo pela mão para sentar-se. Koutarou já estava servindo o bolo para o pai.
Os dois olharam com expectativa quando ele provou o doce.
— Então? — perguntou o bicolor esperançosamente.
— Está bom — Katsuki respondeu, ainda mastigando. — Você comprou naquela confeitaria aqui perto?
— Não! — O pequeno loiro interviu. — Papai e eu fizemos tudinho! Eu ajudei! — Seu peito estufou em orgulho, o menino subiu no colo do pai, roubando um pouco do bolo do prato dele para si.
— Então você aprendeu o que eu te ensinei — comentou, bagunçando os cabelos brancos do filho. — E ensinou seu pai também?
— Mas é claro!
— Muito bem, Kou — elogiou, deixando a criança se deliciar com seu bolo, aceitando que o havia perdido já.
— Muito obrigado, vocês dois. — O loiro resmungou, sentindo seu marido segurar sua mão e sorrir.
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Coletânea Todoroki & Bakugou | OTPtober | BNHA
FanfictionEssa será uma série de histórias independentes que serão postadas durante outubro, cada dia atende a um tema da lista do OTPtober criada por @/DigitalPopsicle no Twitter.