5 - A crueldade e a generosidade.

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— Não é possível que consegui encontrar esses quatro parvos e nada da Princesa. — diz Adam.

— Nós estamos ouvindo.

 — E eu acabei magoando o coração das mocinhas?

 — Mais fácil nós quebrarmos a sua cara e você sair magoado.

 — Parem de discutir e foquem em andar mais rápido, temos que achar a princesa. — vocifera Ronald um tanto irritado, acabando com a discussão que ocorria entre Álvaro e Adam.

E assim continuaram os cinco comandantes, discutindo e preocupados, enquanto procuravam por Lory. Até ouvirem o barulho de soldados ao sul de onde estavam, em uma área que dificultava o reconhecimento. Rapidamente se abaixaram e seguiram o som pela vegetação, até avistarem os soldados de Triwland do Norte, acompanhados do Príncipe Héctor. 

 — Príncipe Héctor, encontramos vocês. — Ronald gritou. 

 — Comandantes! — Otto disse emocionado. 

 — Ei garoto! Você pensou que estaríamos mortos por acaso? — fala Alves, notando a emoção nos olhos e na entonação do tenente. 

 — Claro que não comandante Alves. — responde receoso. 

 — Onde está a princesa? — Héctor pergunta depois de os observar por um tempo. 

 — Nós todos nos dividimos quando fomos atacados por bandidos na floresta. Conseguimos encontrar uns aos outros, mas não tivemos nenhum sinal da Princesa depois disso. — explica Adam. 

 — E ainda se dizem comandantes? — Bradou Héctor, furioso. 

 — Vossa Alteza, nossa princesa sabe se defender muito bem. Além do mais, ela está disfarçada, nenhum bandido diria que é uma princesa. — diz Adam, sério e sem medo. 

 — Esperaremos aqui até encontrarmos a princesa. A partir de agora quero batedores vigiando uma área mais distante. — O príncipe ordena, extremamente zangado. 

 Os soldados não gostaram nenhum pouco do jeito que Héctor falou com eles, mas conheciam seu lugar e sabiam que deveriam proteger a princesa e não realizaram esta tarefa com êxito nesta viagem.

 Não era porque sua princesa poderia se defender sozinha, que ela deveria.

O humor de Héctor não estava nada bom, ele estava muito preocupado. Só conseguiria se acalmar quando encontrasse Lory e tivesse a confirmação de que ela estava segura.

No dia seguinte, o príncipe enfim recebeu a confirmação de que Lory estava de fato segura, viu um alerta no céu, era o sinal de que a tinham a encontrado.

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Lory estava segura, sem nenhum ferimento mas extremamente cansada. O par de mestra e discípula, levaram ela até um local próximo as tropas, onde ela logo encontraria batedores se continuasse andando. As três conversaram muito em todo o tempo que Lory esteve com elas. Ela descobriu que Minerva era a feiticeira que vivia em Triwland quando Triwland ainda era um só reino e criou certa afinidade com Virgínia. 

A princesa estava distraída. Seguindo o caminho que Minerva indicou a ela, até que encontrou com alguns dos soldados de seu pai, que rapidamente enviaram um sinal ao céu, felizes que ela estava bem. Foram seguindo o caminho e cada vez mais soldados se juntavam a ela a medida que cavalgava, até que chegaram ao acampamento, depois de um dia inteiro cavalgando lentamente. O príncipe a recebeu contente e aliviado, mas ela percebeu toda a insegurança que ele estava sentindo. 

 — Eu estou bem! — Proclamou ela. 

 — Desculpe-nos! Princesa Lory, nós, seus servos, somos inúteis! — o pequeno exército bradou em coro e de joelhos assim que viram a princesa. 

 — Agora que vocês descobriram? — Lory zomba de seus próprios soldados. — Esqueça! Podemos continuar o trajeto agora? Tenho prazo pra retornar pra casa. Não quero preocupar meu pai. E quero aproveitar o passeio. — fala como se nada tivesse acontecido. 

 — Você não quer descansar? — Héctor questiona. 

 — Na verdade só não quero mais cavalgar. Descansei bastante nos últimos dias. — Lory respondeu sorrindo. 

 — Oh! É assim mesmo? Enquanto você estava descansando deixou todos preocupados, você não se importa nenhum pouco com o que acontece com os soldados do seu reino? — pergunta o primeiro ancião de Triwland do Sul. 

 — Primeiro Ancião, peço que pare. Peça perdão a princesa Lory! Ela não poderia nos encontrar mesmo que estivesse cavalgando o tempo todo, nós também não estávamos descansando? — Héctor questionou, já sem paciência. 

 — Ancião, em respeito ao meu pai, não me importei nas outras tantas vezes que foi rude comigo. Mas agora, meu pai não está aqui pra lhe proteger. Você quer mesmo continuar? — Lory o questiona, emanando uma aura extremamente gelada e com um olhar frio, que faz contraste com o seu quente e doce sorriso. 

 Esta foi a primeira vez que Héctor presenciou Lory agindo de forma cruel. 

 — Este... este senhor está apenas falando asneiras. Já está velho e gagá princesa, não se importe com ele. Eu e os outros anciões pedimos perdão em seu nome! — proclama o segundo ancião. 

 — Foi você que foi rude comigo? — pergunta a princesa para o segundo ancião de forma serena. 

 — Na... Não vossa Al... Alteza. — responde o segundo ancião, em um tom não tão firme. 

 — Então você também é velho e gagá? Porque não entendeu o que o meu primo disse? — questiona, já irritada novamente. 

 — Ele... ele... — balbucia o segundo ancião. 

 — PEÇA DESCULPAS! — esbravejou Héctor. 

 — Perdoe-me princesa Lory, este velho já não bate bem, espero que você não se importe com as atitudes ruins que tomei inconsciente. — o primeiro ancião se rende, pedindo desculpas depois de notar que irritou o príncipe. 

 — É tudo farinha do mesmo saco, respeitam homens e não mulheres. Eu deveria cortar sua cabeça. — diz Lory enojada. — Mas vou apenas ignorar sua existência por enquanto, apenas não deixe que eu por acaso me lembre dela. Estou sendo generosa não estou?! Não aguento ter que olhar pra você. — se vira e entra na carruagem.

O príncipe Héctor encara o Primeiro Ancião, que depois de escutar as palavras de Lory começa a tremer com a certeza de que seu fim está próximo. De repente Héctor se aproxima e coloca a mão no ombro do Primeiro Ancião. 

 — Você é um sábio ancião, que leu muitos livros, que tem muito conhecimento e que deveria saber dar bons conselhos. Mas agora, nestes momentos que passaram, quando eu exigi que você pedisse desculpas, acabei salvando sua vida. Você deveria saber reconhecer sozinho, quem deve enfrentar e para quem você deve abaixar a cabeça cada vez que ver. Ancião, mesmo com todo meu esforço, você sabe que não tem chance de ser salvo uma próxima vez. — O príncipe o alertou.


Nota da Autora:

Ferrou ancião. A casa caiu pro teu lado, mais uma e o pescoço não estará mais ligado a sua cabeça.

O que vocês acharam de Lory e Héctor nesse capítulo?

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Beijos!

Guerreira RealOnde histórias criam vida. Descubra agora