I - A vida em Konoha

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— Naruto, Hima, venham. Está na mesa. — Ouviu-se a voz de Hinata soar enérgica da sala de jantar.

Boruto estava ao lado dela, ajudando-a, quando se sentou em uma das cadeiras, aguardando o pai e a irmã para que iniciassem o almoço. Hinata acompanhou-o e se sentou, sorrindo gentil para o pequeno de doze anos, que lhe retribuiu apesar de se sentir irritado internamente. Tudo isso se devia ao fato de Naruto sempre se atrasar para as refeições por estar ocupado.

— O que foi, meu filho? — Indagou Hinata estranhando a face irritada do garoto, que mordia o lábio inferior com uma força anormal enquanto observava o corredor. Seu pai era incorrigível mesmo, sempre demorando até mesmo para comer.

— Não é nada, mamãe. — Mentiu, recebendo um suspiro dela como resposta.

Minutos depois, um Naruto todo sorridente surgiu com Himawari nos braços, aproximando-se da mesa, o que emburrou ainda mais Boruto.

— Desculpem o atraso! — Disse o loiro realmente feliz, apertando a menina nos braços, sem notar as reações que provocava no filho.

Boruto já mordia as bochechas por dentro, estressado pela demora do pai e mais ainda com a felicidade que ele demonstrava com sua irmã nos braços. Para ele, o mais velho soava tão falso, mentiroso... Ele nunca tinha tempo para a família, aquela cena parecia uma piada de mau gosto.

— Como sempre. — Suspirou. — Já não é novidade você se atrasar.

O sorriso de Naruto murchou e ele sentou a filha ao lado de Boruto, beijando o rosto de Hinata carinhosamente, deixando-a corada, sentando-se à ponta da mesa.

— Me desculpe, Boruto. Eu estava ajudando a sua irmã com um exercício. — Disse sem jeito, totalmente desconcertado.

— Que bom que você tem muita fé nela, não é mesmo? — Desafiou ríspido, olhando de forma rascante para Naruto, que se sentiu atordoado com o jeito que o filho falava.

— Por que você está falando desse jeito comigo, Boruto? O que eu te fiz?

— O que você fez? O que você não fez, não é?! — Reclamou inflando as bochechas, tão parecido consigo naquele momento que se não fosse uma situação tão agressiva, o loiro teria sorrido. — Nunca notou o jeito que você age? Você se atrasa sempre, não há uma refeição que chegue na hora que a mamãe chama. — Boruto possuía um vocabulário rebuscado, mas tudo era obra das conversas de adultos que ouvia na academia e os poucos livros que lhe interessaram. — E aí você a beija e ela aceita suas desculpas. Mas eu não aceito.

Naruto inspirou e expirou o ar, procurando a sua eterna companheira chamada paciência; Boruto havia se tornado uma criança difícil, mas em partes sabia que a culpa era sua. Reconhecia que era ausente, mas quando tentava diminuir a distância entre ele e a sua família, o loiro mais novo fazia questão de lhe pisar. E ele não possuía sangue frio para lidar com aquilo, mesmo que tentasse.

— Boruto... — Começou Naruto, sendo cortado sem demora.

— "Boruto" nada! Você é uma vergonha como pai, você...

— Boruto! — Foi a vez de Hinata tentar cortar a fala do filho, que se virou para ela com as expressões enraivecidas.

— O que é, mãe? Você não pode me impedir de falar, você é a mais submissa aqui!

Naquele momento, as feições de Naruto se encontraram em choque profundo enquanto os seus olhos muito azuis fitavam o rosto da esposa.

Um silêncio constrangedor se fez presente e Naruto não soube exatamente o que dizer, mas sabia que precisava falar algo, repreender o filho malcriado.

Say Something - SasuNaruOnde histórias criam vida. Descubra agora