Algo chocou-se contra seu ombro fracamente, despertando-o em meio aos seus devaneios, escutando um rapaz dizer, enquanto corria, “desculpas” duas vezes seguidas. Não havia entendido o que tinha acontecido realmente. Mas enfim, fora o bastante para colocá-lo em seu foco novamente, deixando devagar os pensamentos e hesitações ou até mesmo cenas projetadas do que poderia acontecer.
Olhou para Maxine sentado naquela mesa outra vez e então tomou coragem para ir até lá, perdido em como deveria chegar ou a primeira palavra que poderia ser dita. Apenas seguiu, com a respiração carregada e o peito palpitando tão forte como nunca. Quando obteve os olhos cor-de-mel tão característicos do outro pôde jurar sentir seu interior todo tremular, e então sentou-se à mesa rapidamente para que ele não notasse suas mãos inquietas. Tudo em volta pareceu tornar-se silencioso, trazendo um ar tão desconfortável.
— E então… – Max começou, procurando o que falar. Poderia não parecer, mas encontrava-se tão nervoso quanto Oliver. — Aqui estamos nós.
— Max… eu não sei o que dizer… – Droga, não era para começar com aquela frase, tão involuntária. Deveria ter preparado um discurso antes, pensou.
— Sou paciente. – mentiu, escorando-se na cadeira que estava sentado, virando o rosto para a rua.
E retornaram ao silêncio do início, dando para escutar apenas os incontáveis suspiros frustrados de Oliver, enquanto Maxine prendia todos, porque não queria demonstrar nem uma sequer emoção.
— Acontece que, quando eu te conheci, eu não estava preparado pra lidar… – Soltou repentinamente. — Lidar com me entender como pessoa, me aceitar e ter orgulho disso… Max, eu passei por coisas horríveis aqui; a culpa nunca foi sua. Eu deveria ter te contado antes, deveríamos ter dialogado mais. Você confiou em mim para tantas coisas, enquanto eu sempre fui fechado… a culpa é inteiramente minha. – para alguém que estava em nível extremo de hesitação, até que pronunciou bem cada palavra, tendo a atenção de Maxine que não o intimidava nem um pouco, porque sabia que ele estava prestando atenção em suas palavras ao invés de ignorar. — Sabe, eu vou entender completamente se não quiser mais manter algo, se não quiser nem ser meu amigo, eu realmente vou entender, mas saiba que foi você quem me trouxe coragem o suficiente para ser meu verdadeiro eu hoje, você me trouxe coisas e sensações maravilhosas as quais nunca vou esquecer… – Não pôde evitar o curto sorriso nos lábios junto dos olhos preenchendo-se de lágrimas aos poucos. Nem mais sequer ligava de parecer emocionado naquele momento; precisava mostrar aquilo para ele.
— O-oliver… – sussurrou baixo.
— Só me dê uma nova chance pra te mostrar que farei diferente dessa vez, porque eu vim aqui e realmente não foi à toa, porque eu senti falta de absolutamente tudo sobre você, Max… – E então deu outro sorriso tímido, torcendo para que não tivesse dito algo de errado.
— Oliver, eu… – Deu uma longa pausa, e então sorriu, aquecendo o peito de Oliver que sentia tanta falta de vê-lo sorrir. Não tinha nenhuma palavra existente no mundo para descrever como se sentia. — Eu realmente não esperava algo assim…
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Cactus - CONCLUÍDO.
RomanceQuando Oliver decide se mudar para Rouen, na França, após a morte de sua mãe, ele acredita de que é possível deixar seu passado inteiramente para trás enquanto segue sua vida ao se dedicar a floricultura em que trabalha, porém tudo retorna à tona qu...