Capítulo 4.

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 Permaneceram por debaixo das cobertas, comendo as besteiras que Maxine havia colocado na mochila, somente açúcar, balas de café e de caramelo, o que os deixava mais despertos do que deveriam estar às três horas da manhã, sendo aquecidos por uma fogueira que resolveram fazer quando o frio decidiu congelar os pés e arrepiar a espinha, por mais que ambos estivessem usando meias confortáveis e quentinhas. Oliver nunca se imaginou em uma serra observando o tempo voar algum dia com quem que fosse; contudo coisas imprevisíveis aconteciam, e era maravilhoso estar ciente desse fato. Na verdade tudo era imprevisível; desde de estar ao lado do rapaz que se apaixonava aos poucos até mesmo as coisas simples, como Maxine ter acertado qual era o seu doce favorito. Mas se pensasse demais, chegava a ser assustador o fato de não saber o que poderia acontecer daqui a alguns dias, o que restava era aproveitar cada minuto que possuía.

  Maxine fora o primeiro a cair no sono, e logo após Oliver que se sentiu cansado vendo o outro dormir, sem mais ninguém para conversar. Desligou a música que tocava no celular, e deitou ao lado do loiro, contudo não antes de tomar a atitude de dar-lhe um selo nos lábios e acariciar os fios caídos em sua testa. Após isso, adormeceu tranquilamente, ouvindo o barulho da natureza que encaixava perfeitamente com tudo, e despertou ouvindo o mesmo, mas de forma mais intensa; era o mundo que estava despertando. Quando pôde mover-se para o lado, virando para esquerda, percebeu que Maxine já estava acordado, e há um bom tempo até, pois seu rosto não continha uma expressão tão sonolenta em comparação a sua, apenas estava sereno, apreciando o céu, usando  fones. Para perceber que Oliver estava despertando custou um tempo, e a primeira coisa que fez, sem sequer poder evitar, fora dar um curto sorriso ao se deparar com o quão admirável Oliver ficava quando estava acordando, de olhos quases fechados e tão lerdo com tudo ao redor.

— Quer? – Maxine perguntou, referindo-se a um lado do fone, e Oliver então assentiu, aproximando-se de seu rosto, aventurando-se a deitar a cabeça no peito alheio, absorvendo o calor da região, junto do perfume.

— Que música que é? – perguntou de olhos fechados, desejando continuar ali por um bom e indeterminado tempo.

— Puerto Cabezas do Lewis. – Lewis del Mar, Maxine já havia citado essa banda antes em um de suas conversas por mensagens que tinha com ele.

— Ah… – Enlaçou os braços ao redor do corpo do outro, trazendo-o para mais perto. Oliver estava tão sonolento ao ponto de não conseguir controlar suas ações, e nem sequer pensar nelas antes de realmente fazê-las, e talvez isso fosse algo bom. Pensar excessivamente em algo antes de realizar se tornava cansativo na maior parte das vezes.

— Você fica manhoso assim quando acorda? – perguntou, contendo mais outro sorriso nos lábios, não desgrudando os olhos de Oliver, não se segurando em  levar sua canhota para bagunçar os fios dele.

— Hm? – Não pôde ouvir direito, sua mente encontrava-se tão distante, mergulhada nos sons do ambiente e o frio matinal que tocava em sua pele protegida por uma fina camada do calor de Maxine.

— Nada, Oli… – depositou um beijo estalado e longo em sua testa.

— Que horas são? – perguntou sem delongas, tendo coragem para abrir os olhos e se esticar um pouco.

— Sete e pouco… Você já quer ir? – Oliver assentiu, por mais que não quisesse realmente voltar para casa, precisava fazer algumas coisas.

— Tenho que fazer uma coisas hoje… – adicionou.

— Ok…

  Aguardaram mais duas músicas tocarem no fone, enquanto Oliver se esticava bastante, logo depois que Maxine deixou a “cama” construída por edredons e lençóis, na intuição de se manter desperto e não acabar adormecendo de novo, caso contrário, poderiam sair dali mais tarde do que planejavam. Maxine tratava de pegar o restante dos doces que sobraram para um “café da manhã”; se é que podia ser chamado disso, contudo era o que tinham, pois não imaginou que chegariam a dormir ali, senão teria colocado algo para café da manhã. Quando Oliver se levantou, parou para encarar o horizonte novamente, a cidade abaixo, antes de realmente começar a comer algo, contudo era agoniante saber que havia adormecido sem escovar os dentes primeiro e despertar com aquele gosto estranho na boca.

Cactus - CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora