Virou-se para Noah assim que pôde notar a pausa repentina no caminho ao hotel indicado no mapa, um em que ambos haviam escolhido juntos por mensagem. Arqueou a sobrancelha, mas não disse nada, confuso ao ser indicado a descer. Ah, honestamente, não estava muito a fim de uma brincadeira vindo de Noah, apenas queria chegar logo ao hotel e afundar sua cara no travesseiro
— Planejei ir no rio Sena com você antes de tudo, mas se não quiser vou entender, de verdade. – Noah enfim disse algo, fazendo Oliver suspirar e, inacreditavelmente, dar um curto sorriso ao dizer as palavras seguintes — Pode nos ajudar a ter uma conversa distraída, um momento bom também… – Era uma sensação boa saber de que ele estava tentando lhe deixar melhor.
— Tudo bem. – disse sem querer pensar muito. Precisava se animar, realmente. Já estava ali,
E enfim saíram do carro com uma curta comemoração de Noah, que convenceu Oliver sem utilizar muitas palavras. Contudo, Oliver nem sequer percebeu isso, seu olhar estava preso nas lembranças das vezes que passou ali de ônibus, com sua mãe ao lado, aquecendo uma parte de seu peito. Finalmente uma lembraça boa veio à tona enquanto olhava aqueles lugares nos quais passaram.
Andaram por alguns minutos, cada vez mais próximos do gigantesco rio, sendo possível ver alguns pequenos barcos; diversos turistas, principalmente por ser verão, além da Torre Eiffel de fundo. Era possível vê-la perfeitamente, deixando Noah deslumbrado e sem palavras. Oliver quis sentir-se daquela mesma forma, o sentimento de ver algo tão importante em um lugar tão bonitao pela primeira vez. Mas Paris não era mais tão bonito aos olhos de Oliver. Mesmo assim, esboçou um sorriso ao ver que Noah aparentava estar contente, enquanto ambos observavam tudo ao redor, mas com visões e sentimentos diferentes.
Parado ali junto de Noah, sentiu uma vontade imensa de desabar, chorar na frente de todos sem se importar nem um pouco, porque não suportava mais sentir seu estômago doer e a respiração falhar. Claro que Noah notou isso, abraçando-o de lado e acariciando seus cabelos brevemente, não sabendo o que fazer para que o amigo se sentisse melhor, assim, começou uma conversa qualquer.
— Me bateu uma vontade de nadar agora. – Oliver ficou surpreso com a confissão repentina em meio ao silêncio que fizeram durante cinco minutos, assim voltou sua atenção a ele.
— É, nadar… toda vida, quando eu vejo rios, lagos, mares, me sobe uma vontade incontrolável de nadar, e eu até que sou bom nisso… – Não sabia aonde queria chegar com aquilo, mas continuou. — Quando eu era menor, eu não morava em Rouen ainda; morava no interior, e lá perto tinha um lago, sabe? – Oliver assentiu, descobrindo algo novo de Noah. — Eu sempre queria nadar lá, sempre! Mas minha mãe nunca deixava…
— E então?
— E então que teve um dia que eu insisti tanto, tanto, tanto… – Deu uma risada curta, balançando a cabeça. — Mas ela não deixou de novo, então eu voltei pra casa tão triste, acho que foi o dia mais triste que já tive. Eu me sentia que nem aqueles meninos que perderam o dente da frente e se sentem feios por isso.
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Cactus - CONCLUÍDO.
RomanceQuando Oliver decide se mudar para Rouen, na França, após a morte de sua mãe, ele acredita de que é possível deixar seu passado inteiramente para trás enquanto segue sua vida ao se dedicar a floricultura em que trabalha, porém tudo retorna à tona qu...