08. Confinada.

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          Eu acabei de descobrir que estou presa na adega com Chase.

- Você deve estar brincando comigo. - começo a andar de um lado para o outro, estressada além dos limites. - Eu não acredito que eles fizeram isso. Como eles puderam se esquecer de nós? E se eles não voltarem? Nós poderíamos morrer aqui. Você consegue respirar? Não sei se consigo respirar. - Chase se aproxima e me segura pelos ombros enquanto eu começo a ter um ataque de pânico.

- Apenas respire. Vai ficar tudo bem, eu prometo. - eu olho para ele enquanto respiro ofegante. Cinco, depois dez minutos se passam. Está começando a parecer que o resgate rápido não vai acontecer.

                            (...)

- Sabe, estou meio ofendida que ninguém tenha percebido nossa ausência. - eu me aproximo e me encosto na parede ao lado de Chase.

- Sim, é maravilhoso para a autoestima, né?

- Aposto que eles estão aproveitando o almoço. Comendo sanduíches e pensando... Hum, algo parece estranho, mas... deixa pra lá! Temos omelete? - a risada profunda e rouca de Chase acalma meus nervos.

- Isso me lembrou de uma coisa. - a princípio, eu não sei do que ele está falando. E então eu me dou conta.

- Ah, não... por favor... se você me fizer reviver essa história, eu vou quebrar a porta da adega com a sua cara. 

- Eu adoraria ver você tentar. Enfim... você tinha sete anos. Você queria ir conosco ao parque, mas Mitch não deixou. Então, você decidiu revidar entrando em um baú na casa da árvore. O que você estava pensando? - eu me encolho com a lembrança.

- Eu esperava que vocês sentissem minha falta e ficassem mal por não me deixarem brincar com vocês. Sim, eu sei, não foi o plano mais inteligente. Mas eu era criança.

- Você poderia ter se matado. Nós pensamos que você tinha ido para a casa do vizinho. Cara, você deve ter ficado naquele baú por horas. - eu fiquei. Felizmente, havia um enorme buraco enferrujado na lateral para que eu pudesse respirar. - Quando seu pai percebeu que você estava desaparecida, pensei que ele fosse nos trancar no porão para sempre. - meus pais devem ter aterrorizado Mitch e os irmãos Gamble.

- Mamãe e papai fizeram uma regra: sempre que eu quisesse brincar com os amigos do Mitch, eu podia. Sem discussão. Foi você quem me encontrou, Chase. Como? Ah, já sei. Eu tenho uma teoria de que talvez você tenha implantado um chip GPS em mim. - é a única coisa que eu nunca descobri. Como Chase descobriu onde eu estava naquele dia. Chase fica quieto por tanto tempo que eu me pergunto se ele esqueceu. Mas ele quebra o silêncio com uma risada baixa.

- Meus irmãos e sua família procuraram por toda parte. Eles foram na casa da árvore, mas não sei... eu quis voltar. Eu vi seu suéter vermelho através do buraco e chamei seu nome, mas você não respondeu. - eu fecho os olhos, me lembrando daquela noite. Na minha perspetiva, eu estava apenas tirando uma soneca. - Eu pensei que você estivesse morta lá dentro. Tive que usar um martelo velho para abrir a fechadura. - ele respira fundo. - Então, eu te peguei e te levei de volta para casa. Eu... - ele para e desvia o olhar, parece sem jeito. 

- Deixe-me adivinhar. Você estava chateado comigo?

- Por que eu ficaria chateado com você? Você era apenas uma criança. - ele me olha confuso.

- Bem, eu arruinei um dia de brincadeira de vocês. - dou de ombros.

- Não. Fomos Mitch e eu quem arruinamos o dia por não incluir você. Além disso, tudo é mais divertido com você por perto. E a consequência disso foi que você teve que ficar sempre comigo a partir daquele dia.

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