CAPÍTULO OITO
Nova Orleans...
Angela Cartonelli
— Você já pensou em adotar uma criança novamente?
Pergunto a Valentin, enquanto aperto a xícara em minhas mãos, passo o indicador pela borda sentindo o vapor do café subir. Noto que as grossas sobrancelhas de Valentin, se junta. Sua expressão demonstra que ele está pensativo. Sinto que as poucos estou começando a desvendar Valentin, ler suas expressões e decorar seus hábitos.
— Sim. Gostei muito de cuidar dos gêmeos, aquilo me deu uma nova expectativa sobre a vida. — Valentin, faz uma pequena pausa, seus olhos se aprofundam aos meus e sua íris toma uma cor mais escura. — E você? Já pensou em ter filhos?
Respiro fundo prendendo o ar em meus pulmões. A algum tempo tive essa conversa com Dominic, o que não o agradou em nada. Já que ele não suporta crianças. Ele é imatura e infantil, sempre querendo ser o centro das atenção, o única na vida de todo mundo. Principalmente na minha. Tomo um gole do café, deixando o gosto amargo misturado com agridoce do adoçante invadir minha boca. Passo a língua pelos lábios.
— Dominic, e eu nunca tentamos. Ele sempre foi muito focado em sua carreira, ter uma família nunca foi um dos seus maiores sonhos.
Desvio meu olhar, e encaro a xícara. Sinto que poderia dizer qualquer coisa se continuar encarando Valentin. Sempre quis ser Mãe, acho que esse é o desejo que quase todas as mulheres. Dar a vida a alguém especial, que precisa dos nossos cuidados e nosso amor. Mas ao me casar com Dominic, deixei muito dos meus sonhos de lado. Me tornei alguém que nunca pensei que seria, uma pessoa sem vida, sonhos e desejos.
— Sinto muito ouvir isso.
Subo meus olhos e encaro Valentin, novamente. Posso ver a sinceridade em suas palavras, e mais alguma coisa que não consigo decifrar. Valentin, é um completo mistério para mim que estou tentando decifrar, e isso me atraí como imã. Eu quero descobri cada segredo sobre ele, até o mas insignificante. Lembranças da noite passada me vem a mente, o sonho erótico que tive. Encaro seus lábios sedentos, desejando eles sobre os meus. Seu toque em meu corpo, a necessidade de que ele aclame meu desejo, que ouça meu corpo chamando o seu. Para que nos tornamos um só. Sinto um calor intenso me invadir, me sinto envergonhada por deixar essas pensamentos passarem pela minha cabeça. Mas não me sinto culpada por isso, o que me intriga. Tomo um susto quando as luzes apagam, e logo são substituídas por luzes vermelhas. Encaro Valentin, noto que sua expressão muda.
— Droga! — Xinga o mesmo se erguendo. Prontamente fico em alerta e me levanto também. — Me desculpa, mas eu preciso resolver isso. Você pode ficar aqui, eu volto logo.
Antes que eu possa retrucar Valentin, anda em passos rápidos em direção a multidão. O desespero me toma, eu não posso ficar simplesmente parada aqui quando sei que posso ajudar. Sigo Valentin. As pessoas andam como loucas pelo corredor, ouço algumas crianças chorarem com medo. O hospital se tornou um completo caus. Tento localizar Valentin, mas não consigo vê ele em lugar nenhum. Alguns médicos e enfermeiras esbarram em mim, dificultando minha passagem. Me encosto na parede recuperando o fôlego. Nesse momento sinto uma mão minúscula tocar a minha, desço meu olhar que vai de encontro a um garoto. Ele não deve ter mais que um ou dois anos. Lagrimas descem pelo seu rosto molhando sua bochecha, seu cabelo castanho está úmido pelo suor, alguns fios estão grudados na sua testa. Seus grandes olhos azuis demonstra o medo que ele está sentindo, meu coração se parte. Sinto a necessidade de ajuda-lo, cuidar dele. Me abaixo pegando o pequeno em meus braços.
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Senhor Valentin (Livro 2 da Trilogia "Homens De Nome") DEGUSTAÇÃO
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