Senhor Valentin (Livro 2 da Trilogia "Homens De Nome") DEGUSTAÇÃO

Capítulo Dezenove

CAPÍTULO DEZENOVE

Nova Orleans...

Angela Cartonelli

Pela manhã Rora, veio me buscar na casa de Glaes. Séria o mas prudente, tínhamos inventado a mentira perfeita. E Dominic, não poderia descobrir nada. De alguma forma agradeço pela traição de Dominic, sem isso eu não teria ido até Glaes, e não viveríamos momentos únicos, felizes e tão prazerosos juntos. Eu me sentia viva, renovada. Forte para enfrentar o que está a seguir, mas ainda me sentia andando em gelo fino. Agora que tudo voltou ao normal eu estaria exposta a inúmeras câmeras, e nenhum poderia me flagra. Glaes, e eu combinámos de nos encontrar uma vez por semana, em dias diferentes. Ainda posso sentir o calor dos seus lábios nos meus, a falta do seu toque, sua pela sobre a minha. Rora, não subiu para falar com Glaes, e conhecer Ian. Ela temia está sendo seguida, o que acho improvável. Alexandre, paga uma fortuna para que minha amiga fique em segurança. Mas mesmo assim, sua desconfiança atravessa fronteiras. Desde que saímos do estacionamento subterrâneo, ela não disse uma palavra. O que me incomoda, já que Rora, tem sempre algo a dizer. Ou talvez fosse minha cara de enterro por me separar de Glaes, que a deixou em silêncio.

—Ange?

—sim?

Volto minha atenção para a mesma, deixo de encara as ruas para focar minha atenção totalmente em Rora.

—você está bem? Você parece tão pra baixo.

Solto uma lufada de ar dando de ombro. Não sei bem o que responder além da resposta óbvia. Meus pensamentos estão embaralhados. O rosto de Ian, dormindo está cravado em minha mente, me sinto péssima por ir embora antes do pequeno acordar. Mas também estou aflita, em poucos minutos vou me encontrar frente a frente com Dominic, saber qual vai ser sua reação me aflige.

—eu estou ansiosa Rora, em poucos minutos vou esta cara a cara com Dominic.

Noto ela morde o lado interior da bochecha, ela sempre faz isso quando está nervosa. Conheço bem minha amiga, e cada reação que ela tem. Rora, é como um livro aberto.

—sim quiser eu posso subir com você? — sugere. Mas penso que não seja o certo.

—não. Eu preciso fazer isso sozinha, pra falar a verdade eu já deveria ter feito isso há muito tempo.

—uau.

Rora, fala seguido de uma risinho. Franzo o ceio. Sua sobrancelhas estão erguidas, e sua expressão é de surpresa.

—O que? — pergunto confusa por sua reação.

—você mudou, de um jeito bom sabe. Você parece mais forte, segura.

—na verdade eu me sinto assim.

—me pergunto se Valentin, tem algo haver com isso.

Desvio meu olhar, observo as ruas sem interesse. Entrelaço meus dedos. Eu pensei nisso também, ficar com Glaes, me fez abrir os olhos. Mas sinto que eu deu o impulso para essa decisão, ver o quanto ele é seguro de si, suas palavras definitivas. Me fez vê que eu não passava de uma sombra do Dominic, que perdi meu próprio brilho. Há alguns anos eu nunca agiria assim. Mamãe, me ensinou a ser alguém forte, decidida. Assim como ela. Dominic, arrancou tudo isso de mim, me transformou em sua boneca perfeita. Um troféu. Mas Glaes, me trata como realmente sou. Uma pessoa que tem sentimentos, e opinião própria.

—não. Mas ele me deu o impulso para fazer isso — volto a encara Rora, que continua concentrada na estrada. — Rora, ele me trata de uma forma tão diferente. Com amor e carinho, eu me sinto bem, acolhida. Nesses três dias que passei com Glaes, ele não só me mostrou o que é o amor de novo. Mas também me deu a oportunidade de saber como é ser Mãe.

—você tá falando do Ian? — aceno.

—sim. Foi mágico cuidar dele, tão pequeno e indefeso sozinho em um mundo tão grande. Eu gostaria de ficar com ele pra sempre.

Rora, olha para mim de relance.

—você está mesmo apaixonada Ange. Eu tenho que confessar quando você me ligou e falou tudo aquilo, de início eu não levei a sério. Mas vendo você agora, e o quanto está mudada. Só faz minha afeição por Valentin, aumentar mais.

—obrigada por me apoiar, isso significa muito pra mim.

—eu sempre vou apoiar você Ange, principalmente se for pra se livrar daquele traste.

Rora, solta uma lufada de ar. Sua irritação me faz rir, e aliviar o pouco da tensão que sinto. Observo o céu através da janela, finalmente a tempestade foi embora. O céu está azul com nuvens brancas como a neve, o sol está radiante exalando glamour. Espero que tudo saia com forme o planejado, me preocupa que Dominic, descubra e tente algo contra Glaes. Em poucos minutos Rora, para o carro em frente ao prédio, agradeço mentalmente por não ter nenhum fotógrafo. Um arrepio percorre minha espinha. Sinto a mão de Rora, tocar meu braço. Encaro a mesma e vejo que sua expressão de preocupação voltou.

—se qualquer coisa acontecer me liga que eu venho correndo.

—tá. Obrigada Rora. — Abraço a mesma que retribui.

—cuidado Ange.

Aceno e desço do carro, ao me aproximar da portaria Rora, da partida. Observo seu carro por um tempo, sumir junto aos outros veículos. Entro no prédio indo em direção aos elevadores, a cada passo dou minha ansiedade aumenta, junto ao medo. Aperto o botão. Os segundos parecem se tornarem horas, meus dedos estão entrelaçados em frente ao corpo. Quando as portas se abrem sinto o temor me tomar. Ha cacos de vidro pelo chão, os quadros estão rasgados e alguns molduras quebradas. As poltrona estão jogadas no chão, ando pelo local mal iluminado observando o desastre no local. Parece que um furacão passou por aqui, um furacão chamado Dominic.

—Angela.

Sinto arrepios percorrer meu corpo, um embrulho em meu estômago se torna presente. O medo é evidente, a sensação de perigo. Giro em meus calcanhares, meus olhos vão de encontro a uma figura masculina, parada no meio da sala. Seus olhos azuis estão fixos nos meus, transmitindo o ódio que sente. Sua respiração está acelerada, é notável as olheiras. A barba por fazer, os cabelos loiros desgrenhados. A roupa maltrapilha. Dominic, não está em si. Ele dá um passo em minha direção, ignorando os estilhaços no chão. Sinto a urgência em me afastar, mas não movo um músculo. Estou paralisada.