Capítulo 13.

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(O capítulo a seguir pode conter gatilhos)

Meredith estava presa. Seus pés e mãos tinham sido atados por algemas e, como segunda forma de precaução – como se achassem que era perigosa demais para ser deixada de lado – tinha seus pulsos em contenção.

"Convença-o" o presidente de Panem repetia mais uma vez com seu rosto impassivo ao encará-la "Faça com que Peeta fale."

"Isso não vai acontecer" a voz de Mere soa calma, mas por baixo de sua pele seus nervos estão a mil como se ligados a um gerador de usina.

Como se seu corpo soubesse que a quilômetros de distância, o Distrito 5 explodia suas represas e usinas como represália à Capital.

Ela já se sentia mal demais por ter colaborado com a primeira vez que Peeta apareceu na propaganda da Capital, segurando sua mão e sorrindo de forma tão maníaca que seus olhos ameaçavam lágrimas de ódio. Mas sabia que não poderia se dar ao luxo de não cooperar.

Os algozes mantinham Peeta sem comida, o torturando com jatos de água fria e correntes elétricas – por vezes, o humilhando com nomes que nenhum ser humano deveria ouvir. Injetando toxinas em seu corpo que faziam com que ele ficasse delirante por dias.

O castigo de Meredith era ouvi-lo definhar ao seu lado sem poder fazer nada enquanto ela se recusava a comer para tentar empurrar comida para a cela dele – sempre cautelosa, depois da terceira ronda da noite quando o último guarda ficava de tocaia virado para a porta. Johanna tinha tido seu cabelo lustroso raspado e emagrecia a cada vez que Meredith podia olhá-la de relance ao passar por sua cela, sendo arrastada.

Quando decidiu parar de comer – sabe-se lá depois de quanto tempo presos, assim que Peeta informou que preferia morrer àquilo que estava passando – Meredith conseguiu alimentá-lo com suas refeições por mais alguns dias, antes de descobrirem o que ela fazia. Assim que foi pega, levaram-na para uma sala e a obrigaram a comer – enfiando-lhe uma sonda pelo nariz e a deixando tão cheia que mal conseguiria levantar-se.

Ela sabia o que Snow estava fazendo: queria que fosse a última a morrer ou que tentasse o modo mais covarde, tirando a própria vida para não assistir ao sofrimento dos outros. Estava sendo preparada para o abate, como um animal.

Precisava pelo menos ajudar seus companheiros de sofrimento - conseguia falar com Peeta baixinho algumas vezes, mas a cela de Johanna ficava mais longe e seria difícil comunicar-se sem chamar atenção, então preferiu não tentar a sorte.

"Deixe com que eu fale. Me use, deixe eles." ela implorou a Snow, pela primeira vez. Um pequeno sorriso de satisfação surgiu de canto nos lábios do velho branco.

"Você me disse uma vez que precisaria de muito mais para quebrar sua vontade... parece que não muito, não é?" o homem tosse por alguns segundos, limpando a boca em seu lenço de mão imaculado "Não me interessa que você fale, senhorita Marine."

Ele cospe o sobrenome dela como se azedasse sua boca.

"Não é de valia para mim. Você sabe porque tem que ser assim, não? Ela nunca a ouviria, somente a ele. É por isso que Peeta é importante..."

"Se ele é tão importante, por que então tentar machucá-lo? Não vai conseguir nada matando-o de fome, só vai fazer com que Katniss o ataque mais firmemente, Snow." a mulher tenta se levantar, mas suas amarras são mais fortes e fazem com que ela caia de joelhos novamente.

"Acho que preciso te ensinar estratégia ou não aprendeu no seu tempo? Todos esses anos e a forma pretensiosa como finge classe, quando continua um velho trapaceiro e sem imaginação..."

"Suponho que você tenha mais imaginação então?" ele ri, sem humor "Conte-me, o que me sugere?"

"Peeta já está muito quebrado. Pare as torturas." Meredith sabia que se arrependeria do que diria depois - que talvez Peeta nunca mais fosse o mesmo. Mas era necessário salvar sua vida, ela devia isso a ele "Use-o de outra forma."

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