Capítulo 16.

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As coisas tinham acontecido rápido demais. Depois do jantar com Snow, haviam me colocado de volta em minha cela – e como havia feito anos atrás quando aquele homem havia me empurrado, não chorei na frente dele. Mas não pude deixar de chorar no meu canto escuro.

Então luzes foram acesas e por um momento achei que minha retina fosse queimar com a brancura daquele lugar. A porta da prisão é explodida e cubro minha boca para não respirar o gás que é jogado, homens vestidos com coletes e armas apontadas para todos os lados abrem caminho até mim e me destrancam de todas as travas que me seguram ao chão.

Vejo Peeta ser carregado no colo, desacordado. Johanna chuta alguns deles, mas ainda está fraca demais para lutar, sendo levada facilmente. Não quero ir.

Assim que abrem minhas algemas, tento me desvencilhar e voltar para minha cela – mas eles são muitos e não entendem minha motivação "Me deixem! Me deixem aqui, por favor" é o que consigo falar antes que me apaguem com uma porrada na cabeça. Não posso ir.

Acordo presa a uma cama de hospital – provavelmente por acharem que tinha perdido a razão e talvez estivessem certos. Quero quebrar aquele lugar e voltar a Capital no mesmo momento que me dou conta que estou no Distrito 13. No mesmo momento que tento me levantar, noto um movimento no canto do quarto e vejo Finnick Odair pela primeira vez em meses.

Mesmo nas condições em que se encontra – com cara de quem mal dormiu por dias e exausto até os ossos – ele continua bonito. Não tem mais do cinismo que vestia na Capital.

"Ei... vai com calma" ele diz, quando me sento. As mãos presas por amarras à cama.

"Me tira disso" ouço minha voz rouca dizer "Estive presa por meses, não aguento isso aqui também."

"Não sei se devo, Mere. Peeta... ele atacou Katniss." é a frase que me desestabiliza como um soco.

Então Snow realmente seguiu o que eu disse sobre usá-lo de outra forma, mas... não era isso que eu queria dizer. Transformar Peeta numa arma contra quem ele mais amou é desumano, mas isso não me surpreende vindo daquele homem.

"Finnick, você consegue ver que estou bem. Não vou te atacar, prometo." ele suspira, aliviado, enquanto desata a amarra.

Passo as mãos em meus pulsos aliviada. Sou pega de surpresa por sentir os braços de Finnick me envolverem e ser absorvida para dentro do abraço quente dele. Faziam anos desde a última vez que tivemos um contato assim.

"Sonhei todas as noites que você estava..." senti o pomo de Adão dele engolir a seco, sem completar a frase e seus lábios tocaram meus cabelos.

Não queria que aquele afago acabasse, mas precisava me desvencilhar então me soltei de seu abraço para encará-lo, mesmo que meu corpo pedisse o contrário.

"E Annie?" pergunto e sinto a expressão de Finnick afundar.

Ele balança a cabeça como sinal de não.

"Não a trouxeram? Não é possível... meu acordo..."

"Não é isso, Mere. Ela está bem, está aqui." ele diz "Mais tarde conversamos sobre isso... Agora, é o momento de focarmos em você, Mere."

O que havia acontecido com Finnick Odair enquanto estive presa?

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