Capítulo 15.

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Ouvi Peeta se debater e gritar ao ser arrastado para a cela ao lado e Johanna gritar um "Calem a boca! Calem a maldita boca!" de seu canto. Sabia que alguma coisa não estava certa – eles o haviam levado há algumas horas para gravar uma de suas entrevistas para Caesar.

Estava muito mais magro e certamente desidratado, mas eu não poderia correr mais riscos ao pedir mais misericórdia para ele. Eles vem me buscar alguns momentos depois, provavelmente para descer ainda mais comida pela minha garganta. Estavam fazendo isso nos dias em que me negava a comer algo: enfiando uma sonda pelo meu nariz e me alimentando, para me manter alimentada e hidratada.

Para minha surpresa sou levada por diversos corredores, sem nada que obstrua minha visão. Sei que estou no palácio presidencial pois reconheço de muitos anos atrás, quando o vi pela primeira vez. Sou levada até a sala de jantar, onde me amarram a uma cadeira presa ao chão em uma das pontas da mesa.

Colocam comida à minha frente, mas me amordaçam. Não tento me mexer. Penso que talvez seja hoje, talvez ele me mate...

"Senhorita Marine... hoje é um dia glorioso. Não sei se o senhor Mellark lhe contou, mas apesar dos contratempos e do senhor Odair fazer uma aparição televisiva no mínimo... hm, curiosa, estou de ótimo humor." Snow diz, tomando um gole da bebida em sua taça "Acho até que deixarei que voltem para junto de seus queridos amigos."

Não. Alguma coisa estava muito errada. Eu o questionaria, mas não conseguia falar. Por um momento tento gritar, mesmo que meu esforço fosse engolido pela mordaça e no momento seguinte minha atenção se volta para outro lugar. Ouço uma voz miúda chamar e me viro para o lugar de onde ela vem.

"Vovô?" uma garotinha o chama e Snow sorri, a chamando para seus braços.

Ela usa um pijama colorido e o cabelo preso em uma trança como a de Katniss – o que seria irônico se seu rosto suave não tivesse os mesmos olhos de Finnick enquanto ela me encarava.

Achei que minha tortura fosse outra, mas de repente vendo aquela criança ali entendo tudo.






Quando tinha cinco anos, encontrei meus pais degolados em seu quarto. Sangue por todos os lados, vazando da cama em ondas como o mar que banhava o litoral.

Um homem me esperava do lado de fora da casa da Aldeia dos Vitoriosos, suas roupas brancas imaculadas.

Me estudou por alguns momentos, antes de me empurrar – fazendo com que caísse na areia firme. Parecia me testar de algum modo. Não chorei, me levantei limpando meus joelhos e braços sujos de areia.

"Meu nome é Coriolanus Snow. Você sabe quem eu sou, Meredith?"

Eu sabia.

















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N/A: Oi! Atualização de Natal para todos que leem essa pequena historinha que comecei há uns anos. Nesses momentos de pandemia, espero que a fuga para histórias desse tipo ajude de alguma forma para que possamos ficar bem. Espero que se mantenham todos saudáveis e aguardem os próximos capítulos. Em breve chegaremos a um ponto decisivo! :)

Feliz Natal e boas festas!

Catching FireOnde histórias criam vida. Descubra agora