Capítulo Trinta e Três

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A segunda refeição do dia chegou, e nem sequer cogitei comer aquele pão seco e o queijo fedorento ao seu lado.

Pensei naquela refeição como a hora do almoço, onde poderia estar na escola sentada no refeitório conversando sobre coisas banais com a alcatéia, ou estaria sentada sob a sombra de uma árvore lendo um livro qualquer de fantasia.

Algo em meu peito se apertou e não consegui definir qual foi o sentimento que me tomou quando a porta se abrira novamente. A silhueta do homem mascarado se fez presente, e a luz branca cegante atrás dele me passou a sensação de que aquele homem era muito perigoso. Mais uma vez, fiquei com medo. Mas não me permiti encolher diante dele quando adentrou e fechou a porta da cela, deixando apenas alguns filetes de luz iluminarem as feições da máscara. Seus olhos pareciam quase tão gélidos quanto o gelo que eu controlava.

Seus olhos foram parar no prato de comida intocado no canto da cela.

- Não está comendo, Ratinha? - o homem mascarado encarava o prato com o mesmo nojo que eu encarava o próprio. - Assim não sobreviverá a um só dia aqui.

Não consegui impedir a onda de ódio que se formou em mim. O homem sorriu para mim, um sorriso irônico.

- Não me apresentei ontem. Mas pode me chamar de Hudor. - que nome mais sem graça, pensei. Certamente é um pseudônimo. Por que, Hudor se daria ao trabalho de me revelar seu nome verdadeiro? Por que diria seu nome à uma ratinha?

Uma parte de mim sabia o que aquele apelido, "ratinha" significava. Mas resolvi ignorá-lo por enquanto.

Quando não lhe respondi, Hudor deu mais um sorriso estranho e virou de costas. Algo naqueles olhos me diz que ele era tão nojento quanto àquele pão e o queijo envoltos pela escuridão da cela. Se não mais.

- Se alimente, em breve começaremos os testes.

E depois que a grande porta se fechou, comecei a considerar comer aquele projeto de comida.

***

Mais tarde, quando trouxeram a terceira refeição do dia - que julguei ser o jantar - Hudor voltou com uma bandeja de ferro. Enquanto ele caminhava, os objetos na bandeja faziam barulho ao se encontrarem, e pulavam a cada passo de Hudor.

Ele trancou a cela, e tirou de dentro do jaleco uma prancheta. Pousou a bandeja de ferro no chão e eu engoli em seco quando vi o que tinha ali.

Facas. Bistuuris. Agulhas, muitas agulhas.

Hudor se aproximou e instintivamente tentei desviar, mas as correntes não permitiram e ele soltou um riso irônico.
 
- Pense bem antes de fazer qualquer besteira, Ratinha. - suas mãos caleijadas e ásperas agarraram meu queixo com força. Inclinou meu rosto de um lado para o outro, me examinando. Meu olhar em nenhum momento deixou de ser fulminante. - Garanto a você que terminaremos rápido hoje. Faremos alguns testes, e veremos quão rápido seu organismo reagirá. Mas primeiro, você precisa estar de volta à ativa.

Não sei do que ele está falando. Mas se conhcem meu irmão, então suspeito que eu esteja em algum lugar isolado dos Argent.

Provavelmente serei mais uma vítima e em uma semana meu corpo será encontrado em algum lugar de Beacon Hills. Anão ser que meus amigos me encontrem primeiro. A julgar pelas condições em que me encontro, sozinha eu não conseguiria escapar. Talvez conseguisse sair da cela, mas só depois de ter gastado toda a minha força tentando arrombar a porta.

Hudor virou de costas para mim, enquanto mexia na bandeja. Me atentei ao o que ele estava fazendo. Consegui vê-lo agitando alguns líquidos e misturando com outros. Por fim, encheu uma seringa e sorriu por cima do ombro.

Draco Glacies - TW | Derek HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora