Capítulo Quatorze

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Scott disse tudo o que ele descobriu até agora, para sua alcatéia. Resolvi me juntar á conversa quando ele e Stiles começaram com as teorias.

- Ele estava com muitos hematomas, outros machucados pelo corpo e muito magro. Além de estar aparentemente desidratado. - atraí a atenção de todos novamente. Sorri de leve. - Então eu suponho que ele ficou preso, sem água, em um lugar com muita terra e sem comida. Talvez torturado seja a melhor definição.

Como o combinado, não mencionei o furo de seringa no braço.

- Por que um lugar com muita terra? - perguntou Isaac.

- Porque ele estava muito sujo de terra, principalmente no couro cabeludo e abaixo das unhas.

- E como você sabe disso? - Stiles, desconfiado como sempre, me questiona.

- Eu analisei o corpo. - falo óbvia. Olho as horas no meu relógio de pulso rosa, e confiro no relógio da cafeteria. Está na hora do papai chegar em casa. - Eu preciso ir agora. Boa noite para vocês.

Me levanto e ouço um arrastar de cadeira, seguida de passos atrás de mim.

- Eu vou te levar. - afirma Derek e passa na minha frente.

- Não preciso da sua carona, nem da sua boa vontade. - observo a rua - Aqui não é muito longe da minha casa.

Principalmente quando se corta caminha pela floresta, voando.

Não deixo de sorrir de leve com esse pensamento.

- Não importa. Você vem comigo. - Derek insiste e abre a porta do passageiro do seu carro. - Entra logo.

- Eu já disse que não! - me irrito com ele. Sem esperar sua resposta, começo meu caminho deixando-o para trás.

Ouço uma buzina atrás de mim.

- Eu prometi para o seu pai que cuidaria de você, então entra logo nesse carro Lorena. - Ele diz  perdendo a paciência.

- Não. - nego irritada.

Ele me olha furioso e sai do carro. Numa velocidade enorme, sinto seus braços ao redor da minha cintura, e logo sou jogada em seus ombros. Como se não pesasse nada e fosse um saco de batata, eu fui carregada.

Furiosa, desfiro socos pelas suas costas, numa tentativa falha de me libertar.

- Ei! Me põe no chão agora! - sinto um tapa na minha bunda seguida de uma risada - Ei! Seu pedófelo!

- Se você me socar de novo, eu bato na sua bunda de novo. - Ele diz e me ajeita no ombro. Seguro em sua cintura com medo de cair.

- Me. Coloca. No. Chão.- então ele me joga no banco do passageiro, sem nenhuma delicadeza. - Seu grosso!

- E grande também. - Ele responde e eu arregalo os olhos ao entender a piada de muito mal gosto, enquanto o lobisomem discretamente ri de lado.

Cruzo os braços e ignoro sua existência.

- O que o Aslan estava fazendo lá na reserva? - me surpreendo com sua pergunta. Ele sabe que meu irmão está vivo? Como ele soube?

- O Aslan? - pergunto forçando minha voz a parecer melancólica.

- Ele estava lá também. Eu vi.

- Como pode ter certeza que era ele? Até onde eu sei, Aslan está morto.

Ele riu nazalado sem tirar os olhos da estrada.

- Seu pai me contou, Lorena. - quase dou um pulo no banco.

- Mas por que meu pai te conta as coisas, e ainda manda você cuidar de mim? - pergunto confusa. Eles são realmente amigos de longa data, ou é só uma troca de favores?

Se for uma troca de favores, meu pai deve estar fazendo, ou vai fazer algum favor para o Derek. Espero que papai não esteja com problemas.

Mas se eles forem realmente amigos há muito tempo, por que não fiquei sabendo antes de vir para Beacon Hills? Por que não me contaram? Papai e eu somos muito próximos, ele teria me contado.

Não teria?

- Vocês são mesmo amigos?

- Chegamos. - anuncia. Olho pela janela e encontro minha casa. Desde quando o caminho se tornou tão curto? Fiquei tão entretida em minhas teorias que nem percebi quando cruzamos a esquina de casa.

Saio do carro e busco as chaves no bolso interno do meu casaco.

- Ei! - Derek abaixa o vidro da janela - De nada.

O ignoro e entro em casa.

- Aslan? Pai? - chamo assim que fecho a porta. Meu irmão grita do seu quarto em resposta.

Deixo as chaves e meu celular em cima da mesa de centro da sala e vou para cozinha. Procuro os ingredientes para fazer macarrão com carne.

- Ash, já comeu? - pergunto sabendo que ele vai me ouvir lá do quarto.

- Não. Estou sentindo cheiro de carne, o que está fazendo?

- Desça e veja. - logo, ouço o som da porta do quarto sendo aberta e depois fechada. - Foi rápido.

Declaro quando o vejo entrando na cozinha.

- É a fome. - responde rindo.

- Sente-se. - aponto para a bancada - Logo logo o jantar estará pronto. - ele obedece - Papai ainda não chegou?

- Não. Ele disse que ia chegar tarde. Pediu para não o esperar esta noite.

Franzo o cenho, ainda concentrada em fazer o jantar. Hoje, definitivamente não vou na festa da Lydia.

- Acho que ele está trabalhando demais.

- Eu nunca o vi trabalhar tanto.

- Desde que.. - desvio meu olhar para ele, e o encontro me observando. - Desde que você e a mamãe... se foram, ele se dedica ao trabalho. Até demais.

De repente, os olhos de Aslan perderam o brilho, dando lugar á nuvens tempestuosas.

- Me desculpe maninha. - sento ao seu lado com o olhar dele me acompanhando. Olho no fundo de seus olhos. - Se não fosse por mim talvez.. talvez vocês não teriam sofrido tanto.

Levo minha mão ao seu ombro, deixando um carinho de leve alí.

- Não foi sua culpa. - Ele me olha com os olhos marejados - Não poderíamos ter previsto o ataque.

- Eu deveria estar mais atento, eu deveria ter cuidado mais da mamãe. Eu deveria ter lutado mais, se eu tivesse...

- Aslan, não. - o interrompo. Seguro seu rosto entre minhas mãos - Não se culpe por algo inevitável. Você era apenas uma criança. Mamãe estava... Quer dizer, ela também não podia ter imaginado o ataque. Nenhum de nós. Já passou.

- Sinto falta dela. - ele declara deixando uma lágrima cair.

Seco sua lágrima e o abraço. Abraço com todas as minhas forças. Retribuindo a demonstração de carinho,ele me aperta entre seus braços. Faço carinho em suas costas assim que ouço seus soluços.

- Eu sei Aslan. Eu também.- sussurrei melancólica, mas desta vez, a melancolia é terrivelmente verdadeira.

- Vamos comer. Não quero mais ficar triste. - diz enxugando as lágrimas insistentes que caíam de seus olhos.

- Está quase pronto Ash.

Procuro por pratos no armário e ponho á mesa, juntamente com copos, talheres e uma jarra de suco de limão que achei na geladeira. Aslan se senta num dos lugares vazios da mesa e fixa seu olhar no prato. Mas tenho total certeza de que não é no prato que ele está pensando.

Draco Glacies - TW | Derek HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora