Eleanor

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Ok.

Eleanor precisou de alguns segundos para se recuperar.

Algo no peito da garota cachoalhou e apertou, como se o gigante dos contos mágicos pegasse seu coração em suas mãos e apertasse todas suas artérias.

Ela odiava ser tão sentimental, mas...ele estava tentando intencionalmente ferí-la?

Tudo que ela sabia quando deixou Omaha era que tinha certeza de duas coisas: a primeira era que Richie era uma página manchada de vinho tinto e urina de cachorro, que ela estava ansiosa para arrancar de sua vida, e a segunda, era que Park não gostaria tanto dela a ponto de sofrer tanto.

Pelo menos não da forma que ela sofreu.

Quando leu as cartas, todas suas inseguranças e medos se acumularam em seus bolsos, como se ela fosse um militar usando uma calça com muitos botões e quando as cartas pararam de chegar, seus bolsos transbordaram.

Quando lembrava do ano que passou junto do garoto, sentia culpa, raiva, tristeza e as vezes até...alívio.

Eles não poderiam se magoar mais do que já poderiam ter feito.

Mas e Park, o que ele pensou?

Ele também sentia que era o melhor?

- Vamos voltar ao trabalho - ele disse diante do silêncio da garota. Havia uma expressão quase presunçosa no seu rosto que Eleanor não gostava de tentar entender. - Acho que é o melhor que podemos fazer.

Eleanor afundou ainda mais no puff, sentindo os calcanhares cobertos pela meia deslizarem no chão. Ela olhou para o teto e suas lâmpadas, contando uma a uma, apenas para não desviar os olhos e encontrar os de Park.

Ele estava diferente, sem dúvida, diferente. Havia algo nos olhos deles, como se ele carregasse consigo a resposta para o fim do mundo.

- Park. - Eleanor chamou quando sua mente deu forma a uma nova pergunta. Mais díficil e sem dúvida arriscada. O coração dela batia tão forte que conseguia senti-los em seus ouvidos. Isso se ainda tivesse um coração. Gente, ela era tão clichês as vezes.

Eleanor entreabriu os lábios, as palavras na ponta da língua, mas não pronunciou nada quando viu a cabeça de Miles se aproximando entre as estantes dos livros da sessão de biologia.

- Garota. - ele disse com um sorrisinho nos lábios e as mãos enfiados nos bolsos da frente de seus jeans lavado várias vezes.

- Garoto. - ela respondeu.

Eleanor e Park fixaram os olhos no rapaz animado de pé diante deles.

- Como você sabia que eu estava aqui? - ela disse percebendo que embora ela contasse muitas coisas a Miles, não havia dito que começaria o trabalho naquele dia. Nem que estaria acompanhada.

- Eu não sabia, só estou acompanhando. - ele ergueu os ombros como se isso trouxesse todas as respostas.

- Quem? - ela perguntou.

- Você chegou. - Park disse.

Eleanor olhou para ele, seguindo seus olhos que não estavam fixados em Miles, e naquele momento, teve a resposta de quase todas suas perguntas.

Park olhava para a mulher loira, vestida com uma blusa escrito "Viva a década", e calças bocas de sino que surgia pelo corredor. Elena. Irmã de Miles.

O gigante imaginário apertou o coração da garota e algo no estômago dela ardeu como se ela estivesse experimentando pela primeira vez todos as reservas álcoolicas do mundo.

- Amor - Park disse quando se levantou, deixando seu caderno solto em cima do seu puff, e segurou a cintura da moça loira.

Não havia ar suficiente no ambiente, e algo no peito de Eleanor se rasgou em exatos 14 pedaços, quando Park puxou Elena para perto e a beijou.

De língua.

Eleanor e Park - Quando ele se foiOnde histórias criam vida. Descubra agora