Capítulo 15

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Domingo

Eu sinto algo macio cobrindo o meu rosto, e instintivamente eu passo minha mão na coisa não identificada.
A maciez entre meus dedos me gera curiosidade, mas antes que eu possa abrir meus olhos para saber o que é que está no meu rosto, a noite passada vem com tudo na minha cabeça.
A forma como Jo me beijou, como ela sorriu para mim enquanto nós comíamos um sanduíche com manteiga de amendoim as oito da noite, o gosto que esta tinha misturado com o sabor dos lábios de Jo, e a maneira como a mesma se entregava a cada sensação e a cada orgasmo... puta merda, parece que cada momento da noite passada ficou grudada na minha mente!
Eu abro os olhos, e sorrio quando tiro os cabelos loiros de Jo do meu rosto, e encontro minha psicóloga encolhida nos meus braços.
Minha perna direita está no meio das de Jo, enquanto a outra está por cima da sua coxa, o que faz parecer que nossos corpos são um só, já que além das pernas entrelaçadas, o braço de Jo está em cima da minha cintura e sua boca está grudada no meu peito, e meus dois braços estão ao redor do ser corpo. É, parece que eu tentei proteger o corpo de Jo a noite inteira, já que meus braços estão rígidos ao redor do seu corpo.
Eu nunca gostei de ficar agarrado com uma menina, principalmente depois do sexo, mas eu preciso admitir, pelo menos para mim, que ter Jo adormecida nos meus braços é uma sensação reconfortante, principalmente depois de ontem.
A morte de Zack é como uma ferida aberta, uma ferida gigantesca aberta no meio peito, e qualquer coisa que eu fassa parece abrir a feria ainda mais, qualquer coisa exceto Jo, é claro!
Eu, sinceramente, não sei como cheguei no seu apartamento ontem, eu só sei que em um minuto eu estava no hospital, ouvindo de um médico que Zack havia morrido, depois de me entregar aquele bilhete, e no outro eu estava no apartamento de Jo.
Eu não  tinha a menor ideia de que se era possível transformar um dia muito ruim em um excelente, mas para Jo isso parece ser a coisa mais fácil do mundo, já que ela conseguiu me acalmar e ainda me fazer tirar a virgindade dela, não que eu esteja reclamando, porque eu realmente não estou, mas é impressionante quantas coisas aconteceram em um só dia.
Eu nunca havia conhecido alguém que era virgem aos vinte e quatro anos, mas depois de saber um pouco mais de Jo, eu não me surpreendi que a mesma tivesse medo de ter qualquer tipo de relação sexual, afinal, ela viu a própria mãe desistir de dizer " não" depois de tantos estupros. Eu realmente não esperava que Jo me escolhesse para ser o seu primeiro, eu nunca havia sido o primeiro de ninguém, e estranhamente o fato de Jo ter me escolhido fez com parte de mim soltasse fogos de artifício.
Eu não queria que Jo sentisse dor, mas nós dois sabíamos que não havia muito para ser feito, então, nós fomos em frente, e puta merda, mesmo que houvesse a barreira da camisinha entre nós penetra-la foi como estar no paraíso, principalmente depois que Jo passou a segurar no meu cabelo ao invés de os lençóis.
Eu passo minha mão pela cicatriz do lado direito do meu rosto, e eu automaticamente me lembro da expressão no rosto de Jo quando ela começou a beijar toda a extensão da minha cicatriz. Era óbvio que Jo já havia percebido que eu tenho o hábito de tentar esconder a minha cicatriz, e ela realmente me surpreendeu a beijar toda a linha disforme do meu rosto, e não se incomodar nenhum pouco com isso. Era quase como se Jo estivesse dizendo para mim o que eu disse para ela quando eu tirei sua blusa, e a deixei completamente nua.
Eu sabia que a autoestima de Jo não é uma das melhores, mas eu realmente não consigo entender como ela pode acreditar na vaca da mãe dela sendo que ela é linda e absolutamente incrível. 
Eu olho no relógio de cabeceira de Jo, e tomo um susto quando vejo as letras vermelhas do relógio digital marcar 12h. Eu nunca havia dormido tão tarde em tantos anos, e o mais surpreende, sem ter tido um pesadelo se quer!
Como isso é possível? Como eu consegui dormir até tão tarde e sem ver a menininha de oito anos morta e Zack levando o tiro no meio da cara?!
Eu me fasso essas perguntas, absolutamente chocado e sem entender como eu consegui fazer isso, mas a minha consciência logo me lembra de que não fui eu que consegui controlar os meus pesadelos e relaxar pela primeira vez em anos, foi Jo!
Eu tento tirar minhas perna do meio das de Jo, e quando finalmente consigo fazer isso sem acordar a minha psicóloga, eu me desfaço lentamente do abraço adormecidos de Jo ao mesmo tempo em que saio da cama da mesma e cubro a minha psicóloga com o seu cobertor azul e vermelho.
Eu localizo as minhas roupas do chão, e assim que eu já estou completamente vestido, eu vou até o retângulo de madeira preso na parede de Jo, onde o seu secador está, assim como um bloquinho e anotações; uma caneta e um computador prateado.
Eu pego o bloquinho de anotações, juntamente com a caneta, e penso no que eu posso escrever para Jo depois da nossa noite espetacular.


A Psicóloga Onde histórias criam vida. Descubra agora