Nove

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(Novembro) 

Noite de sábado, o dia estava chuvoso e eu estava esperando o Jasen me ligar, mas ele está 2 horas atrasado, tudo bem, afinal, ele tinha um jogo e deve ta comemorando a vitória. Entre no instagran e há 30 minutos ele tinha postado uma foto com o uniforme do time, agradescendo mais uma vitória.  Nos stories ele estava sorrindo em uma festa, comemorando, bebendo... Tudo bem, ele só está comemorando. 

2 horas da manhã meu celular tocou e era ele. Eu estava sem sono encarando o teto, não sabia se deveria ou não atender, mas pensei que era bobeira da minha parte. 

- Oi - atendi 

- EVANS! - ele falou alto e eu tive que afastar meu celular

- Não grita, Jasen - falei brava - onde você estava? 

- Criando coragem - ele falou embolado 

- pra que? - perguntei me sentando 

- Pra acabar com essa merda toda - ele falou alto - acabar com tudo - ele falou e soltou uma risada 

- Vai dormir, amanhã a gente se fala - falei e desliguei. Meu coração parecia querer sair do peito, passei a noite toda encarando os numero vermelhos do meu relógio no criado mudo. 

As 7 horas da manhã meu celular tocou de novo, e era ele. Respirei fundo antes de atender, ele só estava bebado. Vamos lá 

- Oi! - falei me levantando da cama e indo até a janela encarar a chuva 

- Ei - ele falou baixo - te acordei? 

- Não! - falei ja sentindo que ele iria destruir meu coração, eu sentia no fundo na minha alma que ele iria me partir. 

-  Evans, a gente precisa conversar - ele falou baixo demais 

- você quer terminar - falei mais pra mim do que pra ele e fechei os olhos com força 

- eu ... eu sinto muito - ele falou como se estivesse doendo falar isso ou talvez tudo que eu ouvisse agora iria doer em qualquer um 

- Por que? - perguntei tentando prender a dor dentro de mim 

- eu só não ... não acho que eu te ame mais - ele falou e pude ouvir meu peito se partir, tentei falar algo mas o que saiu na minha boca foi um soluço de um choro vergonhoso - Não chore, Evans - ele falou e pude jurar que ele também estava chorando, mas depois tive certeza que era só o eco do meu choro 

- Jasen.. - falei no meio do choro - não faz isso, eu juro, que vamos dar um jeito nisso. Falta só um pouco e eu vou pra Harvard e podemos recomeçar - falei desesperada, implorando pela única coisa que ninguém deveria implorar, por amor. 

- eu não posso mais..

- Até mês passado você me amava e eu a coisa mais importante, que merda você ta falando? Como pode me amar em um dia e no outro não amar mais? - falei limpando minha lagrimas e ele ficou alguns logos minutos em silencio e então matou meu coração da forma mais brutal que alguém poderia fazer. 

- eu me apaixonei por outra pessoa - ele falou rápido e então eu precisei de alguns segundos pra entender

- O - o que? - falei sem acreditar 

- eu não queria... só ... aconteceu - a voz dele estava baixa e rouca 

- Então se é assim eu não posso fazer nada - falei me sentando na cama -   tudo bem - falei mais pra mim - vou ficar bem - repeti calma - preciso ir agora - falei e ele começou a falar algo mas eu desliguei. Quando eu desliguei a unica coisa que ouvi foi um soluço alto seguid por outro, e quando eu vi estava encolhida no chão. Não era um choro silencioso, era um choro escandaloso, um choro com toda minha dor. Tudo em mim parecia ta sendo tomado um uma grande nuvem negra, eu queria sumir, morrer, queria voltar no amanhã e nunca ter chego nesse dia. 

(...)

Já faz três dias que estou deitada na cama encarando a minha janela, meu celular toca em algum lugar mas eu não quero atender ninguém. Fecho os olhos e imagino que por um segundo eu deixei de existir e toda essa dor passou, imagino que por um segundo ele ainda está aqui e eu posso relaxar. Meu olhos estão vermelhos combinando com o meu nariz, não sinto fome e muito menos vontade de me levantar.  

Primeiro eu deixei a tristeza me dominar, chorei até meus olhos secarem, gritei com a cara enfiada no travesseiro até perder minha voz, mas no quarto dia a unica coisa que eu sentia era raiva, raiva de mim, raiva dele, raiva disso que eu sentia, raiva de viver, e então eu me olhei no espelho e cortei meu cabelo no ombro, a franja que ainda enfeitava meu rosto foi colocada de lado, encarar meu olho vermelho, meus rosto palido e fez sentir a vontade de nunca sentir isso novamente. Corri pro meu armario e joguei todas as minhas roupas em cima da cama, peguei a roupa mais bonita que achei e vesti, eu queria encher a minha cara, queria me sentir bem de novo. Eu sai e comprei duas garrafas de qualquer coisa com alcool, e fui pra casa, eu nunca bebi na minha vida, mas antes eu tirei uma foto e postei no instragram. 

" Foda se o amor e todas as coisas que vem junto dele" 

comentários foram aparecendo quase no mesmo segundo

" Meu deus, o que aconteceu?" 

" Amei o cabelo"

" O amor é atraso" 

 Joguei meu celular na cama e me sentei no chão com minha primeira garrafa, e quando acordei na manha seguinte e estava deitada em um poça de vomito, com duas garrafas vazias do meu lado, tudo estava rodando, eu nem mesmo conseguia me levantar, virei pro outro lado e voltei a dormir, jurando que nunca mais chegaria naquele estado. 

Eu deveria ir pra Harvard e mostrar pra ele o que ele ta perdendo, mas isso é uma coisa pra se pensar depois, quando estiver limpa e conseguindo andar. 



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