Dezessete

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Todo os ar dos meus pulmões sumiram, meu estômago dói e minhas pernas estão queimando, meu rosto pegando fogo. Tenho ficado bem estressada, mal consigo dormir. Passo a noite sentada encarando as contas, encarando maneiras de sair da casa do Nate. O Jasen pegou o Ben umas três vezes ja, eu não queria deixar, mas acabei deixando. O Ben ainda não sabe que o Jasen é pai dele, mas tá cada vez mais apaixonado. E pelo que eu entendi o Ben conheceu a Margo e o Willian. Jasen não fala comigo, apenas quando mando msg perguntando do Ben, mas é sempre bem seco. Fiquei de me encontrar com eles na praça pra um sorvete. Ben insistiu e então aceitei. Quando estava chegando vi eles brincando de bola, o Jasen com uma camiseta azul, um short preto, o mesmo boné azul marinho, e as bochechas rosadas. O Ben não tá usando mais a camisa branca que coloquei nele mais cedo, ele tá com a camisa no ombro e o boné virado pra trás como o Jasen. Ben correu pra me abraçar assim que me viu.

- mamãe, você tá linda - ele falou e eu ri. Ele sempre fala a mesma coisa quando me ver, mas aposto que parece ter saído de um sauna.

- Lindo é você - beijei ele - vamos logo tomar esse sorvete que eu estou morrendo de calor

- Vamoooos - ele falou rindo.

Jasen estava nos olhando sem expressão, senti meu corpo pegar fogo, merda, inacreditável como mesmo depois de anos eu ainda sinto atração por ele. Minha vida amorosa é uma merda, e a sexual ainda pior, talvez eu só precise sair com alguém. Transar até não aguentar mais, até todo meu corpo tremer e todos os meus problemas sumirem nem que seja por uns segundos.

Caminhamos pra sorveteria e agora o Ben tá contando pro Jasen sobre o futebol dos dias dos pais, e sobre como me machucariam se eu fosse no lugar do pai. Jasen apenas concordava e prestava atenção demais em tudo que ele falava.

- Ben, eu posso jogar com você! - Jasen falou quando nós sentamos envolta da mesa redonda. O rosto do Ben se iluminou e ele me olhou empolgado.

- ele pode, mãe? - Ben perguntou pra mim ansioso.

- Se você quiser... pode - falei tentando não parecer tão incomodada.

- Eu vou perguntar pra tia, vai ser muito maneiro.

Escolhemos nossos sorvetes e tomamos ouvindo o Ben contar sobre a escola e sobre a Nanda, ele estava tão feliz que a culpa tomou conta de mim, eu estava privando meu filho isso. Estava tirando dele o direito de ter um pai. Mas eu tentei, eu tentei falar com ele. Não por todos os meios, mas eu tentei. Depois do sorvete voltamos pra praça e o Ben achou um coleguinha da escola jogando bola e correu até ele.

- Eu não sei como contar pra ele - Jasen falou olhando pro Ben - eu não sei como contar pro meu filho que eu sou o pai dele que estava na lua - o Jasen riu amargurado

- Eu posso falar com ele.

- Não confio em você - ele falou analisando meu rosto - se eu pudesse pegaria ele agora e sumiria com ele, só pra você sentir um pingo do que eu tô sentindo. Perdi tanta coisa do meu filho, o primeiro sorriso, primeira palavra, primeiros passos - ele respirou fundo - mas eu nunca faria isso com você. Nunca tiraria isso de você, não importa o que você fez, eu nunca vou tirar ele de você.

- Eu tentei ligar pra você - falei abalada.

- quantas vezes? Uma? Uma vez em cinco anos? - ele riu. - não importa o que você fale, Ayla. Eu nunca vou perdoar você por ter tirado isso tudo de mim.

- Foi você que quis ir embora - falei sentindo a mágoa retornar com tudo - não vem pagar de ofendido pra mim, não sabe tudo que eu tive que passar, eu deveria nunca perdoar você.

- eu não deixei ele, Ayla. Eu deixei você. - ele jogou na minha cara - Eu poderia não amar você, mas eu nunca abandonaria meu filho. Você passou por tudo sozinha por que você quis, quis me machucar como eu machuque você. Voce pode se recuperar do coração partido, mas eu não posso recuperar o tempo perdido com meu filho.

Ele esperou eu responder, mas eu não consegui. Não tinha o que responder. Eu não tinha palavras, eu estava arrasada. Era uma coisa que eu não precisava ouvir agora, porque foi então que percebi que se ele quiser levar meu filho, ele vai levar. Ele é rico, é famoso e eu sou uma confeiteira cheia de contas atrasadas. Merda. Eu não tenho nem onde morar ainda. Jasen saiu andando em direção ao Ben e ao amiguinho e logo teve que tirar várias fotos.

Sempre achei que quando fôssemos nos ver de novo, eu seria a magoada e ele seria a pessoa implorando pelo meu perdão, nunca imaginei que eu seria a patética que nunca superou o ex namorado da adolescência. Nunca pensei que eu seria a filha da puta. Tentei pensar em motivos pra nao ter procurado por ele, pra ter escondido o Ben dele de todos os jeitos. Mas tudo só me levou a uma resposta, eu não suportaria ele na minha vida de novo. Foi tudo pensando em mim, eu sempre soube que ele não viraria a cara pro Ben, mas eu só pensei em mim. Merda. Merda.

Pela primeira vez eu me senti mal em ter criado meu filho sozinha, sofri demais pra conseguir manter a mim e a ele, mas talvez eu estava apenas tentando provar que eu conseguiria sem ele. Estava tentando provar pra todos que ele não mudava em nada na minha vida, mas eu mudei a vida do meu filho. Jasen continuava sendo incrível, ele só não era mais incrível pra mim. Como eu fui Egoista. Merda. Ben veio correndo em mim direção e o Jasen veio atrás, ele estava me olhando como se pudesse ler meu conflito.

- Mãe, amanhã podemos ir na casa do Jasen? Ele vai fazer pizza porque a namorada dele quer me conhecer.

- Eu vou pensar, amor. Mas agora vamos pra casa, você vai ficar com a Tia Naya hoje.

- ebaaaa - ele comemorou - Tchau Jay

- tchau, Ben. Até amanhã - Jasen sorriu lindamente pra ele.

O presente do acaso. Onde histórias criam vida. Descubra agora