Dois

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Oh, ele certamente a olhara.

Podia estar escuro, ela podia estar molhada e furiosa, mas aquele tipo de beleza conseguia vencer qualquer obstáculo.

Joseph tinha visto uma mulher molhada, alta e esbelta, de blusa e jeans colados a cada curva delicada. Vira um rosto oval pálido, dominado por olhos azuis e uma boca linda, coroado por cabelos curtos que eram da cor de ouro.

Ouvira uma voz que continha o sotaque do EUA, simultaneamente. Era uma combinação clássica e elaborada que indicava aristocracia.

Também tinha notado a leve hesitação quando ela lhe dissera seu nome, e percebera que havia mentido. Apenas não se importava com o fato, ou com nada mais que se relacionasse com a mulher.

Ela era, naquele momento, nada mais do que uma perturbação. Ele queria chegar em casa. Ficar sozinho. Tomar alguns remédios que diminuiriam a dor em seu ombro e nas costelas. A umidade e a chuva o estavam matando.

Tinha trabalho a fazer, e lidar com ela, provavelmente, tomaria uma hora de sua noite de trabalho.

Acima de tudo, ela realmente queria conversar o que havia com as pessoas e sua constante necessidade de ouvir vozes? Particularmente suas próprias vozes.

O único benefício de ter de deixar o trabalho na Flórida e se recuperar em casa era o fato de estar em casa. Sozinho. Sem amadores tentando chegar ao local sem um convite, sem alunos o perturbando com perguntas, sem imprensa em busca de entrevistas.

E claro, o lado negativo era que ele não percebera o quão problemático seria lidar com papelada, com livros, tudo essencialmente com uma única mão.

Mas estava se virando, na maior parte do tempo.

Aquela chateação demoraria apenas cerca de uma hora, lembrou a si mesmo. Não poderia ter deixado uma mulher sozinha na estrada no meio de uma tempestade. Certo, tinha considerado isso, mas somente por alguns segundos. Um minuto, no máximo.

Refletindo, Joe não notou que ela estava tremendo no assento ao lado. Mas notou quando se inclinou irritadamente para ligar o aquecedor

Ele apenas resmungou e continuou dirigindo.

Mal-educado era um adjetivo muito fraco para defini-lo, pensou Taylor. Joseph Alwyn estava caindo no seu conceito a cada segundo. Quando ele virou numa estrada estreita e tão esburacada que a fez se sacudir no banco, Taylor decidiu que ele não merecia o status de ser humano, e o reduziu para um animal irracional.

Com frio, desconforto, irritação, ela tentou definir o formato da estrutura à frente deles. Era uma construção aninhada numa espécie de bosque, e parecia ser algum tipo de chalé. Supôs que era de madeira.

Teve um vislumbre do gramado, grande demais, e de uma varanda na frente da casa quando ele manobrou a caminhonete ao redor de um caminho enlameado para os fundos da construção, onde uma lâmpada amarela sem globo estava acesa, ao lado da porta.

- Você. mora aqui?

- Às vezes. - Ele abriu a porta do carro. - Pegue o que precisa, deixe o resto. - E com isso saiu na chuva e foi para a porta dos fundos.

Uma vez que precisava, mais do que respirar, vestir roupas quentes e secas, Taylor pegou sua bagagem e levou-a para o chalé. Teve de manobrar para abrir a porta, pois ele não se incomodara em esperá-la ou segurar a porta aberta, como qualquer homem das cavernas com o cérebro do tamanho de uma ervilha teria feito.

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