Dez

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Na ala de hóspedes no terceiro andar, Elizabeth parou na porta da suíte que eles haviam recebido durante sua estadia em West Reading.

Era hora, decidiu, de testar suas impressões e instintos em relação Andrea.

— Eu gostaria de saber, madame, se posso ter um momento de seu tempo. Em particular.

— É claro. — Andrea tinha calculado suas opções e considerado a melhor maneira de lidar com sua hóspede desde que colocara os olhos em Elizabeth. Em sua opinião, Elizabeth Alwyn preferia uma abordagem direta. Assim como a própria Andrea, quando possível, também preferia. — Vamos usar a pequena saleta de estar. É muito confortável, bem discreta.

Enquanto conduzia Elizabeth através do palácio, para os aposentos da família, falou sobre a história da construção, sobre a coleção de artes. Manteve o tom de conversa educada até que estavam confortáveis atrás de portas fechadas, em sua elegante saleta cor-de-rosa e azul.

— Posso lhe oferecer um refresco, lady Brigston?

— Não, obrigada. — Elizabeth se sentou, cruzou as mãos sobre o colo. — Nós duas, obviamente, estamos cientes do relacionamento entre nossos filhos, e da maneira desagradável como foi rompido no último verão — começou ela.

— Sim. Seu filho foi muito gentil em proporcionar um abrigo para minha filha.

— Perdoe-me, mas isso é bobagem. Ele não fez isso por gentileza, ou pelo menos, não totalmente. Joe não é rude, é somente teimoso.

Andrea se recostou.

— Lady Brigston. Elizabeth — respondeu ela calorosamente, satisfeita que seu julgamento sobre a mãe de Joseph tinha sido correto. — Eu não sabia se estava fazendo a coisa certa para Taylor, convidando sua família sem lhe contar sobre o convite ou sobre o título de seu filho. Foi egoísmo de minha parte. Eu queria dar tempo para que ela pesquisasse seu coração, e queria analisar sua reação por mim mesma quando Taylor visse seu filho de novo. No instante que vi, soube que fiz a coisa certa, afinal de contas.

— Você viu o jeito que eles se entreolharam, bem, antes de erguerem defesas?

— Sim, eu vi. Eles se amam, e ambos deixam o orgulho interferir na relação.

— É mais do que orgulho com Joe. Ele é tão parecido com o pai! Jogue-lhe algumas fotos de ossos velhos e ele pode falar um capítulo sobre a mulher que os possuiu 3 mil anos atrás. Dê-lhe uma mulher de carne e osso e ele não sabe o que fazer. Não é estupidez, madame.

— Andrea — interrompeu.

Elizabeth respirou fundo, sentou-se mais confortavelmente na poltrona. Como seu filho, conhecia as formalidades da aristocracia e como seu filho, considerava-as tolice. Estava feliz que Sua Majestade Andrea se sentia da mesma maneira.

— Andrea. Ele não é estúpido. É apenas um Alwyn. Da cabeça aos pés.

— Eu não gosto de interferir na vida de meus filhos — começou Andrea.

— Nem eu. Tecnicamente.

Elas não falaram nada por um momento, então ambas sorriram ao mesmo tempo.

— Por que não tomamos uma pequena dose de uísque? — sugeriu Andrea.

Ajudava, pensou Elizabeth, quando você podia ver a mulher que seu filho amava nos olhos da mãe dela. E quando gostava das duas.

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