Oito

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Eles tiveram uma semana de paz relativa. Taylor decidiu que paz sempre seria relativa quando Joseph estivesse envolvido. A irritação dele era apenas uma das coisas com a qual passara a contar. Na verdade, isso fazia parte do charme de Joe.

Ela vasculhou os livros de arqueologia do chalé. Apesar de Joe reclamar da invasão em seus itens pessoais, Taylor sabia que ele estava satisfeito por seu interesse sincero pelo trabalho dele.

Sempre que ela fazia perguntas, ele as respondia. E cada vez com mais detalhes. Tomou-se rotina discutir sobre o que Taylor tinha lido. Joe até mesmo sugeria, de maneira casual, um outro livro ou seção que ela poderia gostar de estudar.

Quando ele lhe deu um pequeno machado de pedra de sua coleção e uma foto do dia que o achou, ela apreciou a ferramenta bruta e antiga mais do que se fossem diamantes.

Aquilo era mais do que um presente, pensou. Muito mais do que uma lembrança. Em sua mente, era um símbolo.

Joe quase não reclamou sobre levá-la até a cidade para pegar seu carro. E teve certeza de que, quaisquer que tivessem sido os planos de Taylor antes, ela permaneceria mais um tempo.

Eles estavam, pensou ela, fazendo progresso.

O machado que ele lhe dera era de Kent, que desenterrara junto de seus pais quando era garoto. O que tomou o presente duplamente precioso para ela.

Joe sabia ler sânscrito e grego, e já fora mordido por uma cobra coral.

A cicatriz abaixo do ombro esquerdo era de uma faca empunhada por um bêbado num bar no Cairo.

Por mais tolice que fosse, Taylor achava tudo aquilo fabulosamente romântico.

Ela dirigiu até a cidade para enviar pelo correio o primeiro relatório de Joe e a correspondência. O relatório deles, corrigiu-se de forma convencida. Havia contribuído com mais do que suas habilidades de digitar, e ele conseguira indicar isso com alguns murmúrios de aprovação quando Taylor tinha sugerido uma mudança ou outra na maneira de redigir o texto.

Eles formavam um bom time.

Quando faziam amor, parecia que não havia nada ou ninguém no mundo além dos dois. Passado e futuro eram coisas distantes e irrelevantes naquele presente intenso e ávido. Taylor sabia, pelo jeito como ele a olhava quando eles se uniam, pelo modo como os olhos de Joe permaneciam vividos nos seus, que era o mesmo para ele.

Nenhum homem que a tocara antes lhe causara aquele tipo de impacto. Ao seu coração, ao seu corpo, à sua mente. Desejava, precisava saber, que causava o mesmo impacto em Joe.

Sem elos, pensou com um suspiro rápido. Típico. Se ele não queria elos, por que tinha começado a caminhar com ela no bosque? Por que respondia pacientemente, bem, pacientemente para ela, toda vez que ela fazia perguntas?

Por que, às vezes, a olhava de maneira tão intensa e direta como se ela fosse um quebra-cabeça que ele estava tentando montar?

E por que, nos momentos mais estranhos, Joe simplesmente se inclinava e lhe capturava a boca num beijo enlouquecedor?

Ele também estava apaixonado, isso era um fato. Era apenas teimoso demais para admitir isso. Ou pelo menos, para perceber.

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