Cinco

294 28 57
                                    

A barba o irritava. Assim como Taylor. Suas costelas doíam o tempo todo. Sua libido o incomodava.

O trabalho ajudava a amenizar aquelas sensações irritantes e indesejáveis. Ele sempre tinha sido capaz de se deixar envolver pelo trabalho. Na verdade, achava que qualquer pessoa que fosse incapaz de fazer isso não estava em seu equilíbrio perfeito.

Joe tinha de admitir que Taylor não o irritava quando o estava ajudando a transcrever e organizar suas anotações. Na verdade, sua ajuda era tão grande que ele se perguntou como conseguiria fazer alguma coisa quando ela partisse.

Considerou se aproveitar da gratidão de sua hóspede e mantê-la em sua casa por mais algumas semanas.

Então, ele poderia se distrair com alguma coisa tão ridícula quanto o modo como a luz batia nos cabelos dela quando ela estava sentada ao teclado. Ou no jeito como os olhos incríveis brilhavam quando Taylor o fitava com uma pergunta ou um comentário. Então, começaria a pensar sobre ela. Quem era, de onde vinha? Por que estava sentada em sua cozinha, para início de conversa? Falava francês como uma nativa, cozinhava como um presente de Deus, e acima de tudo isso, possuía uma classe inegável!

Joe detestava questionar pessoas sobre suas vidas, porque elas sempre acabavam respondendo. Mas tinha muitas perguntas que gostaria de fazer a Taylor.

Começou a calcular como poderia obter algumas informações sem parecer que estava fazendo um interrogatório.

Ela era inteligente também, pensou enquanto Taylor cuidadosamente arquivava e rotulava fotografias no documento que estavam trabalhando, e ele fingia estudar outras notações. Ela não tinha apenas uma instrução básica, tinha muito mais do que isso. Se pudesse supor, Joe diria que as escolas haviam sido sempre particulares, e com aquele leve sotaque na voz, apostava em algum tipo de escola na Pensilvânia.

De qualquer forma, onde quer que Taylor tivesse estudado, era bastante esperta para deixar transparecer sua sensualidade.

Ela simplesmente assentira quando ele lhe dissera que estavam empatados, e tinha feito crepes para o café-da-manhã.

Joe admirava aquilo, a maneira como ela aceitara o acordo de igualdade e voltara ao trabalho, como de costume.

Havia dinheiro, ou houvera! Relógio suíço caro, penhoar de seda. Seda pura! Ele ainda podia sentir o tecido macio roçando sua pele nua quando Taylor o abraçara.

Droga.

Entretanto, ela não era avessa ao trabalho. Na verdade, parecia gostar de cozinhar. Aquilo estava quase além da compreensão de Joe. Além disso, Taylor ficava sentada ao teclado por horas sem reclamar. Digitava com rapidez e de forma impecável, a postura corporal perfeita. E as mãos eram elegantes como as de uma rainha.

Criação, pensou ele. O tipo de criação que lhe dava força de caráter, assim como um senso de justiça.

E ela possuía a boca mais incrível!

Então, como tudo aquilo se encaixava?

Joe se pegou coçando a barba novamente, então de repente teve uma idéia.

- Seria bom eu fazer a barba.

Ele falou casualmente, esperou que ela olhasse na sua direção.

Princesa em fugaOnde histórias criam vida. Descubra agora