surprise

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//música de hoje: "El efecto - Rauw Alejandro"

Era uma noite fria, mas não como as outras, era um frio que cortava por causa do vento lá fora, certamente o inverno estava se aproximando. Dentro daquele táxi, a caminho do bar, os olhos azuis de Patterson observavam atentamente o caminho, Nova Iorque ficava ainda mais linda à noite. Aqueles prédios enormes, os parques e todas as luzes dos outdoors deixavam tudo no clima perfeito para uma noitada com os amigos, a cidade refletia a ansiedade da cientista e o vazio guardado em alguma parte de seu coração. Enquanto os semáforos vermelhos prendiam o carro, a mulher lembrava da conversa que teve com Zapata horas atrás. A loira se sentia bem e achava até fofo que a amiga se preocupasse tanto com ela, mas por um lado ficou intrigada ao saber que Tasha a enxergava como uma pessoa tão vulnerável assim, que não seria capaz de lidar com pessoas perigosas. Era certo que se fosse há alguns anos atrás esse pensamento faria sentido, mas claramente Patterson não é mais a menininha boba e estranha do laboratório. Ela é chefe da Unidade de Ciências Forenses do FBI e isso já diz muita coisa.

Afastou os pensamentos quando o taxista anunciou a chegada ao bar, ela agradeceu e se apressou em sair do veículo e entrar rapidamente no estabelecimento para tentar fugir do vento forte. Seus olhos observaram o interior do lugar procurando por seus amigos e os encontrou numa mesa circular no fundo, todo o bar era meio escuro, na verdade, ela pensou que tinha a iluminação perfeita para que pudesse beber bastante e não se confundir com as luzes. Pelo visto ela tinha sido a última a chegar, sentou-se junto aos outros e sorriu ao ver Tasha e Rich fazendo uma dança engraçada ao som da música latina que tocava, obviamente o hacker não estava entendendo nada da letra mas estava amando a música.

- Patty Cakes! Vai beber o que hoje? - Rich se alegrou ao ver a amiga.

- Tequila como sempre! - respondeu apoiando os braços na mesa.

- Pensei que não viria mais, hein. - Jane disse abraçada à Kurt.

- Esse trânsito estava uma merda! - respondeu enquanto fazia sinal para o garçom e pediu dois shots de tequila quando ele chegou.

- Pessoal, tenho uma fofoca massa pra contar à vocês! - Boston começou animado e os outros logo insistiram que ele falasse e não fizesse mais suspense - Eu estava brincando lá no Tinder e...

- TINDER!? Eu pensei que tínhamos algo sério aqui! - exclamou Rich indignado com a fala do parceiro.

- Rich, qual é? Você ficou me ignorando por meses e agora eu já desinstalei o app - o hacker se conformou - Enfim, eu estava lá e do nada eu acho o perfil da Patterson! - Boston terminou a fala apontando para a loira que arregalou os olhos enquanto seus amigos gargalhavam - Uma pena que nunca demos um match. - brincou e Tasha apenas observava a cena quieta.

- Eu tô pensando em cortar mais um dedo seu, Boston. - rebateu a loira antes de virar um shot de tequila - Aliás, isso nem é uma fofoca de verdade!

- Ah, mas é um ótimo assunto! - Weller riu.

- De que lado você está, Kurt? - a cientista fingiu estar brava.

- Você não pode falar muito, Kurt, você casou com a ex-terrorista. - Rich acrescentou.

- Ok, já pode calar a boca. - Reade deu um soco leve no ombro do homem.

A noite foi passando e quanto mais bêbados o grupo ficava, mais besteira eles falavam. Talvez todo o bar poderia ouvir suas risadas agora, momentos assim eram cruciais para manter a sanidade mental deles e principalmente, a união. Patterson e Tasha trocavam olhares tímidos em meio às conversas dos outros, sorrisos recíprocos e sentimentos estranhos. Uma de frente para a outra, de cada lado da mesa, só quem não quisesse não perceberia aqueles olhares.

Quando o garçom chegou com a garrafa de uísque que Reade pediu, Patterson levantou o dedo como se pedisse permissão do resto do grupo para falar e em meio à palavras de pronúncia duvidosa devido ao álcool, ela propôs um jogo. Basicamente, o jogo inventado pela cientista alcoolizada era "Desafio ou beba isso agora", um nome bem autoexplicativo.

- De jeito nenhum! - riu Zapata - Seus jogos estão ficando piores do que os do Rich.

- Por favor, gente, vai ser engraçado! - implorou a loira enquanto enchia seu copo e o de Jane, sem que ela ao menos percebesse tal feito.

- Eu concordo totalmente, pode ficar super interessante... - Rich diz entrelaçando sua mão à de Boston.

- Pronto, agora isso aqui virou um cabaré. - Reade dá de ombros.

- Já que todos concordam, vamos jogar! Começando pela Tasha porque ela está muito quieta. - ordenou Kurt, também tomado pelo álcool e por uma animação desconhecida pelo grupo.

- Pensei que teria uma garrafa ou algo do tipo, mas já que é direcionado assim... - deu de ombros e se virou para Boston - Eu desafio você a falar russo com o garçom e claro, pedir uma vodka à ele. - a morena sorriu levantando as sobrancelhas - Se não fizer, você tem dois shots de tequila te esperando!

- Ai, cacete, eu vou ficar doidão. - disse o hacker antes de virar os dois shots e sentir sua garganta arder.

- Vamos todos ficar doidões! - Patterson levantou os braços comemorando e bebendo também.

- Patty, você já está ruim. - Reade disse abaixando os braços da amiga e rindo, fazendo ela mostrar a língua pra ele.

- Beleza então, minha vez! Escolho a Patterson! - exclama Rich animado, o que fez a loira revirar os olhos e rir - Te desafio a dar um beijo na pessoa mais linda da mesa ou então beber um copo de vodka.

- Ok, Rich, ela vai desmaiar se beber isso. - disse Jane.

- Quem disse que vou beber? - Patterson disse deixando todos os outros calados e atentos à próxima cena.

A loira se levantou com dificuldade, deu a volta na mesa lentamente, sentou entre Tasha e Reade e analisou os dois sem nenhuma expressão facial, o que deixou todos na mesa curiosos. Foi então que Patterson puxou lentamente o rosto da latina para perto do seu, olhou dentro dos olhos dela antes de fechar os seus e colar seus lábios num selinho consideravelmente demorado. Tasha foi invadida por um frio na barriga enorme e seu único desejo era aprofundar o beijo, porém Patterson interrompeu assim que seus amigos começaram com as brincadeiras. Ninguém na mesa se surpreendeu realmente com a cena mas Rich amou ver aquilo e não se conteve em falar alguma coisa.

- Acho que agora a gente já pode fazer uma orgia. Quem topa? - brincou enquanto esfregava as mãos.

- Cala boca, Rich! - todos disseram ao mesmo tempo.

- Eu sempre achei que fariam um ótimo casal! - disse Weller apontando para as duas mulheres.

- Definitivamente não! - Patterson gargalhou enquanto estava com o corpo apoiado em Tasha e esta se encontrava tímida e agora um pouco magoada com a resposta direta da loira, porém resolveu não rebater.

Os outros concordaram com a fala de Kurt e o jogo continuou, até o fim da noite e claro, até o fim das garrafas, ainda fizeram muitas piadas e insinuações sobre Patterson e Zapata, mas as duas ignoraram as falas dos amigos. Quando finalmente decidiram ir embora, a loira já estava trocando os pés porque ela realmente tinha um fraco para bebidas e tinha exagerado. A latina sugeriu que poderiam ir juntas para sua casa pois Patterson não conseguiria abrir a porta do apartamento daquele jeito, então elas seguiram para a estação de metrô a pé depois de Patterson relutar muito em aceitar a sugestão de Tasha.

A loira escorava na amiga, que dava altas risadas com as coisas que ela estava falando. A nerd estava já há dez minutos tentando explicar para a amiga um código que ela fez em sua cabeça até ela finalmente desistir e começar a cantar.

- No teu jeito que eu me amarro, sequência de toma toma, sequência de vapo vapo! - Zapata riu alto do jeito desengonçado com que a loira pronunciou (ou tentou) as palavras.

- Isso é português? Onde você ouviu isso? - perguntou quando finalmente se sentaram no metrô.

- Eu tenho amigos brasileiros, tá? Tenho amigos no mundo todo. - disse fechando os olhos e se deitando no colo da morena o que a fez sorrir ao sentir novamente aquele frio na barriga. 

what are you afraid of?Onde histórias criam vida. Descubra agora