truth hurts

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//foi difícil escrever esse... música de hoje: "Mad world - Gary Jules"

Tasha não tentou puxar assunto com a loira durante o caminho até seu irmão, nenhum deles tentou porque sabiam que ela não falaria nada. Patterson era muito apegada à sua família mas ficar longe deles por tanto tempo por causa do trabalho foi um sacrifício que a cientista escolheu. Seus pais sempre a cobraram muito, à ela e ao irmão, eles tinham que ser os melhores no que faziam mas pelo visto apenas Patterson obteve sucesso. Seu irmão nunca se interessou por ciência ou tecnologia, o que deixou que atenção de seus pais se virassem para a menininha prodígio que construía computadores com nove anos de idade. Quando Oliver nasceu, Patterson tinha sete anos e quase morreu de alegria por finalmente ter alguém para brincar, ter um irmãozinho foi a coisa mais legal que aconteceu com aquela criança e ela jurou que cuidaria dele independente do que acontecesse, ela já o amava. Mas agora, a culpa de ter falhado caía pesadamente sobre as costas da mulher e Zapata percebia esse sentimento apenas pela expressão fechada da loira ao seu lado.
  Não demorou muito para que a equipe chegasse ao seu destino, o tempo estava fechado na cidade, indicando que o céu poderia desabar a qualquer momento, assim como os olhos de Patterson. Tasha segurou forte sua mão antes de saírem do veículo e entrarem no prédio em que o jovem estaria. Era um lugar muito estranho e sem vida, com pessoas estranhas dentro dele e que agiam com certo nervosismo quando viram a equipe do FBI. Eles seguiram para o quarto andar, última porta do corredor, onde deveria estar alojado Oliver. Weller foi na frente e bateu na porta, um jovem loiro, alto, de rosto fino e olhos azuis abriu a porta calmamente e observou a cena que estava à sua frente como se estivesse em outro mundo.

- Oliver Nye? Agente especial Kurt Weller, do FBI. - Kurt mostrou o distintivo, o jovem cerrou os olhos para analisar e demorou para processar a informação.

  Foi aí que seus olhos encontraram os de Patterson, parada de braços cruzados ao lado do resto da equipe e com uma expressão indistinguível de decepção. Seu irmão estava claramente drogado, as pupilas dilatadas quase escondiam o azul dos olhos e a vermelhidão em volta entregava que os velhos hábitos não tinham parado.

- Veio me prender, mana? - ele saiu da porta e foi em direção à mulher com violência, mas Reade o segurou.

- Você precisa vir conosco, Oliver. - Tasha repreende.

- Vocês tem um mandado? - o jovem debochou.

- Não preciso de um mandado quando tenho provas. - finalmente Patterson se pronunciou - Visto isso, você vem com a gente. - nesse momento, Oliver tentou sacar a arma que estava em sua cintura, fazendo Reade o impedir e fazendo a loira apontar seu revólver para o irmão - Oliver Nye, você está preso.

  Dizer aquelas palavras para alguém que ela amava tanto doeu como nunca. Chegar ao SIOC levando o próprio irmão algemado fez os colegas de trabalho dispararem olhares feios para a loira, ela não sabia descrever que parte era a pior. Se dirigiu para seu laboratório, onde Rich a recebeu com um abraço caloroso, coisa que raramente o hacker faria.

- Creio que você não queira falar sobre isso mas vai ficar tudo bem no final, ok? - ele se afastou da mulher que assentiu com a cabeça - Adiantei seu trabalho por aqui e esses são os arquivos para o interrogatório. - ele mostrou na tela do computador.

- Tudo bem, encaminhe para o Reade e Jane, por favor. - seus olhos marejaram - Vou ao banheiro, tá? - e saiu da sala correndo em direção ao vestiário, que também era o banheiro.

  Patterson desmoronou quando chegou ao vestiário, colocou as mãos na cabeça e sua respiração estava descompassada. Ela sabia que alguma hora seus remédios para ansiedade fariam falta e aquela era a hora. Um filme de toda a sua infância com seu irmão passava em sua mente e ela só conseguia pensar que havia perdido a chance de mudar seu destino. Não conseguiu encarar seu reflexo no espelho, tudo que ela enxergava era Oliver e aquele olhar de raiva que ele disparou contra ela quando a viu. Seu coração batia desesperadamente rápido, sentiu sua pressão caindo lentamente e já não conseguia segurar o choro, ela estava sufocando. Se sentou no chão e enterrou a cabeça entre as pernas enquanto tentava respirar mas não obtinha sucesso, alguns minutos de desespero depois, Zapata entrou no vestiário a procurando.

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