Que é que ele faz aqui? Ugh, sério?! Sim, é o que pensam, aquele pedaço de arrogância atraente tem aula de box agora mesmo, há mesma hora que a minha aula de ginástica e no mesmo lugar. Porque é que isto só me acontece a mim?!
Esperei que a professora chegasse para ocupar o espaço e fazer o aquecimento. Vejo uma rapariga alta e magra de cabelos castanhos e olhos castanhos na minha direção, diria bonita de mais até, aproximar-se de mim.
- Deves ser a nova rapariguita - disse com arrogância e com indiferença.
- Sim... - respondi um pouco nervosa.
- Sou a Courtney, a mais popular, bonita e inteligente - esqueceu de referir fútil, egocêntrica e arrogante.
- Hm... - apenas consegui responder quando na verdade a vontade que tira era mandá-la ir dar uma volta e dizer-lhe qual foi a primeira impressão que tive em relação a ela, que de facto não era a melhor. Arrogante, egocêntrica, fútil, Miss.Popstar, nada humilde e vulgar talvez fossem os melhores adjetivos para a descrever.
- Bom, vamos andando temos coisas mais importantes a fazer, vai pensando seriamente em mudar de grupo de amigos, isto é, se tiveres algum - disse virando-me as costas com risos e fazendo-me cerrar o punho e o maxilar.
- Não ligues ao que ela diz, ela só quer fazer com que as pessoas à volta dela se sintam mal e inferiores - disse uma voz que surgiu nas minhas costas fazendo-me voltar para perceber de quem era a voz que acabara de ouvir.
- Estou habituada... - disse forçando um sorriso.
- Sou a Amber - disse com um sorriso contagiante. A rapariga loira, de olhos azuis, alta e magra com uma face bastante sardenta.
- Sou a Charlotte.
- Nunca te tinha visto por aqui... - disse com uma expressão um pouco confusa.
- Mudei-me à relativamente pouco tempo.
- Vens de onde mesmo? - questionou com um sorriso doce.
- Nordby, Dinamarca.
- Bem, grande mudança... Isso é que é ser radical - disse rindo fazendo-me rir também.
- De facto é uma grande mudança, é tudo completamente diferente.
- Com o tempo vais habituar-te e até vais gostar da vida calma do Kansas.
- Espero mesmo que sim.
Entretanto a professora de ginástica chegou, uma mulher alta, com um corpo atlético e com os cabelos presos por um elástico. Ordenou que ocupássemos o espaço em que a aula de ginástica ia decorrer e pediu-nos para que começássemos a fazer o aquecimento. Assim fizeram todos os ginastas que se encontrava já no respetivo espaço.
Senti um olhar, senti que alguém me observava, fazendo-me querer saber quem seria, missão falhada. Quando olhei já ninguém me olhara. Olhei em volta e só via o Zayn e alguns rapazes no espaço de box, a Courtney com a sua claque no respetivo espaço e os ginastas a fazer aquecimento nos vários aparelhos que se encontravam à disposição. Caminhei em direção ao espaço atribuído aos ginastas e comecei a fazer o aquecimento para depois praticar na trave.
A aula passou rápido, mais rápido do que imaginava que ia passar. Fui para o balneário, queria tomar um duche e ir para casa. Dirigi-me ao mesmo, despi as minhas roupas e retirei a toalha e as roupas íntimas lavadas da mala que tinha no cacifo. Enrosquei a toalha no corpo e fui para um dos compartimentos livres, adentrei e pousei a toalha. Tomei um duche rápido e peguei na toalha que estava sobre a porta. Sequei o meu corpo e saí da cabine, vesti as minhas roupas íntimas e a roupa que trouxera vestidas de manhã. Arrumei tudo na mala e saí do balneário, vendo o Zayn encostado à saída do balneário masculino, ele olhou e logo virou a cara quando se apercebeu da minha presença, passei sem dar grande importância à forma que reagiu e saí do pavilhão.
- Charlotte! - ouvi alguém chamar o meu nome, olhei para trás e vi Amber vir na minha direção.
- Hey Amber - disse num tom nem um bocado entusiasmado.
- Vais já para casa?
- Sim, a minha mãe vem... - fui interrompida pelo toque do meu telemóvel, tirei-o da mala e no ecrã bloqueado estava o nome da minha mãe, atendi e logo percebi do que se tratava - Continuando... Vinha buscar-me, mas acabou de me ligar para me informar que não pode fazê-lo.
- Se quiseres posso levar-te a casa - disse encolhendo os ombros.
- Se não for pedir muito.
Entramos no carro e meia hora depois estávamos à porta da minha casa.
- Muito obrigada Amber - disse-lhe sorrindo ao qual ela retribui.
- Não tens que agradecer, sempre que precisares podes contar comigo.
- Até amanhã sendo assim.
- Até amanhã Charlotte.
Entrei em casa, batendo a porta. Estava realmente exausta, o meu primeiro dia de aulas não podia ter sido pior. Decidi subir para tomar um banho relaxante e acabar de desempacotar as coisas e pô-las nos respetivos sítios. Subi até ao meu quarto e dirigi-me à casa-de-banho. Tirei a roupa que vestia e as roupas íntimas e coloquei-as no cesto de roupa suja. Entrei no polivan e liguei o chuveiro, deixei que a água que saía deste me caísse no meu corpo que ficara arrepiado com a diferença de temperatura da água. Passado uns bons vinte minutos saí enroscando uma toalha no corpo e uma toalha mais pequena na cabeça. Fui até ao quarto e vesti o meu pijama, não me apetecia jantar, então comecei a desempacotar as coisas das caixas que trouxera de Nordby e ainda estavam por arrumar. Retirei os meus livros de eleição, algumas molduras vazias e uma caixa repleta de fotos no seu interior, todas elas me traziam memórias, tinha poucos mas os tinha eram bons amigos, maior parte das fotos eram paisagens, pessoas desconhecidas, coisas invulgares, dores que trazia guardadas comigo, sorrisos e lágrimas. Dei por mim com lágrimas a correr pelo rosto, limpei-as rapidamente, não queria chorar ao lembrar-me de toda a tortura que passei e que consegui de alguma forma vencer.
Levantei-me ao ouvir o meu telemóvel tocar, peguei no mesmo da minha mala e no ecrã bloqueado tinha o nome da minha mãe.- Estou?
- Sim?
- Querida é para dizer que não sei a que horas vou chegar, tens comida no fogão, não te deites muito tarde porque amanhã é dia de aulas.
- Sim mãe, está bem - disse secamente.
- Vá querida tenho de desligar, dorme bem, beijinhos - foram as últimas palavras que ouvi do outro lado da linha.
Incrível, mal chega ao Kansas e nem um esforço faz para mudar a sua rotina desgastante. A minha mãe trabalha imenso, daí a razão pela qual nunca foi uma mãe presente, corre de um lado para o outro só por causa do trabalho esse foi o motivo pela qual tivemos de nos mudar. Ela nem parecia muito preocupada com o facto de eu deixar parte dos poucos amigos que tinha lá, ela simplesmente não pensou em mim. Nunca tivemos uma ligação muito forte, mas apesar de tudo eu amo a minha mãe, foi ela e só ela quem cuidou de mim. O meu pai? O meu pai abandonou a minha mãe quando soube que ela estava grávida, desde aí que ela não sabe nada dele. Eu nunca o conheci, não sei nada sobre ele, quando era mais nova e tentava questionar a minha mãe sobre ele, ela mudava o tema da conversa. Desisti de querer saber dele.
Quando finalmente acabei de desempacotar e arrumar as coisas, deitei-me e tentei adormecer. Pouco tempo depois o cansaço era mais forte e embalou-me, adormeci.
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Espero que tenham gostado, está um bocadito fraquinho e não sei se devo continuar com a ideia de escrever.
O próximo virá mais rápido, beijinhos.
Deixem o vosso comentário.Dedico este capítulo à @Gihoran
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Soul in Darkness
Teen FictionCharlotte, uma adolescente de 17 anos cuja a vida muda completamente assim que se muda da Dinamarca para os Estados Unidos da América. Após muitas falhas e desgostos a rapariga vai sentir-se totalmente perdida e solitária, desejando ter forças para...