Quando a sessão terminou, Harley ficou esperando do lado de fora, encostada em sua moto. Pamela havia ido ao banheiro. Provavelmente para ganhar tempo. A loira já sabia como ela funcionava mesmo em tão pouco tempo de convivência.
Pamela foi direto em sua direção quando passou pela porta de saída. Parecia nervosa, sua linguagem corporal indicava isso. Se aproximou com um pequeno sorriso tímido. Não sabia o que mais estava lhe constrangendo: ter exposto seus problemas na frente de Harley ou saber que a mesma estava apaixonada por ela.
— Hoje a sessão foi intensa, não? — a loira quis descontrair, mas não surtiu muito efeito, porque no fim se descobriu tão ansiosa quanto Pam. — Eu não imaginava que tivéssemos a mesma doença. Você não tem os mesmos sintomas maníacos que eu.
— Às vezes tenho episódios maníacos, mas são mais brandos e geralmente me fazem ficar obcecada com o trabalho. Acho que em cada pessoa a doença se expressa diferente.
— Provavelmente. E a sua é tipo II, a minha é tipo I. Até nisso somos parecidas e opostas — analisou sabiamente.
— Até nisso — concordou, pondo uma mecha ruiva atrás da orelha. — Eu... Estou atrasada, tenho um compromisso de trabalho, preciso ir, mas... Podemos conversar sobre a sessão de terapia essa noite, se você quiser.
— Sim, claro. Quando for melhor para você.
Ela é sempre tão compreensiva.
— Podemos jantar hoje? Pensei em levá-la em um dos meus restaurantes favoritos. Gosta de comida japonesa?
— Se eu gosto? — bateu palminhas como uma criança empolgada. — Deus, eu amo absolutamente tudo da culinária japonesa.
— Ótimo, então eu te pego na livraria às 20h?
Harley assentiu, feliz pelo convite. Por um momento receou que Pamela fosse se afastar após sua declaração súbita na frente de todos. A ruiva tinha esse hábito: fugir quando as coisas ficavam mais intensas, mas aparentemente estava mudando.
— Perfeito, Pam.
— Então... Eu vou indo... — apontou em direção ao seu carro, sorrindo para Harley como boba. Ainda não podia acreditar em suas palavras. "Eu tenho certeza de que estou perdidamente apaixonada." — Até breve, Harls.
Sem se preocupar se alguém iria vê-las, Pamela a puxou pelo quadril com certa posse e a beijou nos lábios suavemente.
A loira abriu os olhos muito tempo depois, quando a empresária já estava distante. Ficou olhando para ela embasbacada, ainda não crendo na demonstração pública de afeto em frente ao lugar que faziam terapia.
Uau, Dra. Isley, uau!
Obviamente o dia passou arrastado. Quando Harley mais desejava que a livraria estivesse lotada para que o tempo voasse, a mesma se encontrava praticamente vazia, o que a obrigou ficar debruçada no balcão, olhando para o nada e suspirando enquanto pensava em tudo que já havia vivido com Pamela e no quanto estava apaixonada por ela em tão pouco tempo.
Até três semanas atrás, Harley ainda estava perdida, vivendo anestesiada pelos remédios. E de vez em quando fazendo suas típicas besteiras, como beber até ficar inconsciente e sair com a primeira pessoa que surgisse. Teve vezes que de tão bêbada, Harley nem se lembrava do rosto e do nome do cara com o qual saiu do bar. Tal promiscuidade a pôs em risco em muitas ocasiões, mas Quinn tinha sorte e por isso sobreviveu. Sobreviveu e "encontrou" Pamela, a vizinha misteriosa e inalcançável. A mulher que mudaria tudo.
Estava ansiosa para o jantar. Também amedrontada. Morria de medo que a ruiva enxergasse suas piores partes e corresse para o mais longe possível. Apesar de tentar aparentar segurança e agir com ousadia na maior parte do tempo, Harley Quinn podia ser bastante medrosa. Seu maior medo era o seu lado obscuro. Medo de que Pamela o visse e descobrisse que Harley não era o que ela realmente queria...
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Meant to be
FanfictionOnde Pamela e Harley são vizinhas de apartamento, sabem muito uma da outra, mas nenhuma tem coragem de tentar uma aproximação. Acham que suas vidas são ferradas demais para isso, que não há espaço para novos relacionamentos até que a mão do destino...