A primeira noite em que Pamela Isley passou no apartamento de Harleen Quinzel foi memorável e claramente inesperada. Devido ao estado de alcoolismo da loira, sexo estava fora de cogitação; e qualquer conversa aberta e sensata também. O que sobrou foram momentos de muita comédia e intimidade, que seriam lembrados posteriormente com risos.
Obviamente Pamela precisou tirar Harley da banheira antes que ela se afogasse, porque afundou achando que seria uma boa ideia e quase apagou fazendo isso. A ruiva a socorreu, tomando um susto inicialmente, mas logo se acalmou e começou a rir das besteiras que a loira falava com a voz pastosa enquanto secava os cabelos dela como se Harley fosse uma criança.
Elas foram para a sala, porque Harley decidiu que queria assistir alguma animação e Pamela se perguntou como diabos o álcool agia em seu organismo, porque o tanto que a viu beber, ela devia estar, no mínimo, desmaiada. Pamela sentou ao lado dela no sofá maltrapilho e a obrigou tomar café, embora ela claramente preferisse chocolate quente, porque ficou reclamando o tempo todo.
Assistiram Meu Malvado Favorito mais ou menos, porque Harley falava o tempo todo, ela contava o que aconteceria na cena seguinte, o que fazia ser inútil para Pamela prestar atenção. Bruce se uniu a elas nos primeiros vinte minutos de filme, sentando-se aos seus pés, mas logo pulando no sofá e se embrenhando nas duas. Pamela nunca teve proximidade com um cão antes, os pais nunca permitiram que ela tivesse um animal doméstico, então era tudo muito novo. A ruiva o tocava como se ele fosse uma joia rara, tinha medo de machucá-lo.
— Já que você claramente está sem sono... Vamos conversar — a ruiva disse após bocejar; estava sem sapatos, as pernas esticadas, os pés apoiados na mesinha de centro assim como Harley. A cabeça de Bruce em seu colo. — Quem é aquele? — apontou para a parede.
Harley balançou a cabeça e fez uma careta ao fazê-lo, porque tudo rodou. Abriu os olhos devagar e encarou o desenho de Jay em sua parede esquerda. Revirou os olhos e depois riu, voltando a olhar para olhos verdes curiosos.
— Senhor Jay, o filho da puta do meu ex.
Pamela já sabia, só queria uma confirmação. E ao tê-la, não sabia dizer o que sentia a respeito.
— Ele deve ter sido muito importante para estar desenhado na sua parede... — comentou meio séria. — E deve ter sido muito cuzão para você rabiscá-lo tantas vezes.
— Já devia ter tirado ele daí, eu sei, mas a preguiça... Dá trabalho pintar e você pode ver que não sou muito apegada nesse tipo de cuidado com patrimônio — falava aos risos. — Além disso, esse desenho foi um lembrete durante o último ano.
— De quê? — Pamela Isley a fitava profundamente; estava atenta, presente. O álcool quase que completamente fora de seu organismo.
— De que o amor pode destruir... — os olhos azuis carregavam uma tristeza sem precedentes ao dizer aquilo. Pamela viu. E doeu nela como se tivesse acontecido consigo, embora nem soubesse o que Harley sofreu nas mãos do tal de Jay.
Era difícil refutar aquela afirmação, porque de sua própria experiência, Pamela sabia que o amor não era tão doce como todos diziam. Na verdade, pensando no amor materno e paterno que nunca recebeu, ela podia afirmar realmente que o amor não servia para muita coisa. Só que então se lembrou de Selina, sua grande amiga a qual tanto amava. Foi seu relacionamento com ela que fez Pamela escapar do buraco negro que a sugava quando jovem.
— Sabe, Harley — os olhos azuis estavam bem abertos e fixados em Pamela; o corpo da loira de lado no sofá, virado para a ruiva. — Eu entendo o que você quer dizer, tive umas experiências de merda também, mas eu aprendi uma coisa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meant to be
أدب الهواةOnde Pamela e Harley são vizinhas de apartamento, sabem muito uma da outra, mas nenhuma tem coragem de tentar uma aproximação. Acham que suas vidas são ferradas demais para isso, que não há espaço para novos relacionamentos até que a mão do destino...