Capítulo 9 - Pequenos Passos

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A primeira noite em que Pamela Isley passou no apartamento de Harleen Quinzel foi memorável e claramente inesperada. Devido ao estado de alcoolismo da loira, sexo estava fora de cogitação; e qualquer conversa aberta e sensata também. O que sobrou foram momentos de muita comédia e intimidade, que seriam lembrados posteriormente com risos.

Obviamente Pamela precisou tirar Harley da banheira antes que ela se afogasse, porque afundou achando que seria uma boa ideia e quase apagou fazendo isso. A ruiva a socorreu, tomando um susto inicialmente, mas logo se acalmou e começou a rir das besteiras que a loira falava com a voz pastosa enquanto secava os cabelos dela como se Harley fosse uma criança.

Elas foram para a sala, porque Harley decidiu que queria assistir alguma animação e Pamela se perguntou como diabos o álcool agia em seu organismo, porque o tanto que a viu beber, ela devia estar, no mínimo, desmaiada. Pamela sentou ao lado dela no sofá maltrapilho e a obrigou tomar café, embora ela claramente preferisse chocolate quente, porque ficou reclamando o tempo todo.

Assistiram Meu Malvado Favorito mais ou menos, porque Harley falava o tempo todo, ela contava o que aconteceria na cena seguinte, o que fazia ser inútil para Pamela prestar atenção. Bruce se uniu a elas nos primeiros vinte minutos de filme, sentando-se aos seus pés, mas logo pulando no sofá e se embrenhando nas duas. Pamela nunca teve proximidade com um cão antes, os pais nunca permitiram que ela tivesse um animal doméstico, então era tudo muito novo. A ruiva o tocava como se ele fosse uma joia rara, tinha medo de machucá-lo.

— Já que você claramente está sem sono... Vamos conversar — a ruiva disse após bocejar; estava sem sapatos, as pernas esticadas, os pés apoiados na mesinha de centro assim como Harley. A cabeça de Bruce em seu colo. — Quem é aquele? — apontou para a parede.

Harley balançou a cabeça e fez uma careta ao fazê-lo, porque tudo rodou. Abriu os olhos devagar e encarou o desenho de Jay em sua parede esquerda. Revirou os olhos e depois riu, voltando a olhar para olhos verdes curiosos.

— Senhor Jay, o filho da puta do meu ex.

Pamela já sabia, só queria uma confirmação. E ao tê-la, não sabia dizer o que sentia a respeito.

— Ele deve ter sido muito importante para estar desenhado na sua parede... — comentou meio séria. — E deve ter sido muito cuzão para você rabiscá-lo tantas vezes.

— Já devia ter tirado ele daí, eu sei, mas a preguiça... Dá trabalho pintar e você pode ver que não sou muito apegada nesse tipo de cuidado com patrimônio — falava aos risos. — Além disso, esse desenho foi um lembrete durante o último ano.

— De quê? — Pamela Isley a fitava profundamente; estava atenta, presente. O álcool quase que completamente fora de seu organismo.

— De que o amor pode destruir... — os olhos azuis carregavam uma tristeza sem precedentes ao dizer aquilo. Pamela viu. E doeu nela como se tivesse acontecido consigo, embora nem soubesse o que Harley sofreu nas mãos do tal de Jay.

Era difícil refutar aquela afirmação, porque de sua própria experiência, Pamela sabia que o amor não era tão doce como todos diziam. Na verdade, pensando no amor materno e paterno que nunca recebeu, ela podia afirmar realmente que o amor não servia para muita coisa. Só que então se lembrou de Selina, sua grande amiga a qual tanto amava. Foi seu relacionamento com ela que fez Pamela escapar do buraco negro que a sugava quando jovem.

— Sabe, Harley — os olhos azuis estavam bem abertos e fixados em Pamela; o corpo da loira de lado no sofá, virado para a ruiva. — Eu entendo o que você quer dizer, tive umas experiências de merda também, mas eu aprendi uma coisa.

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