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Querida Rachel,

A vida pode ter separado nossos caminhos, mas você ainda é minha melhor amiga.

Esse posto será sempre seu, assim como prometi um dia que você seria minha madrinha de casamento.

Então...aí está você, aqui estou eu e abaixo está o meu convite. Espero que aceite.

Significaria o mundo para mim.

— Logan

Caminhei com o café do meu chefe — também conhecido como meu pai — pelos corredores da empresa. Era o meu trabalho de verão. Todos na revista que eu trabalhava tiravam os quase dois meses de férias e como eu não era muito boa em ficar com dinheiro guardado, sempre precisava fazer algumas horinhas na empresa de papai.

Nem pensaria em pedir dinheiro emprestado para ele e receber um sermão sobre economias.

A vida era curta demais para a grana ficar no banco enquanto sapatos lindíssimos ficavam na vitrine.

O trabalho de assistente do dono era bem simples, as pessoas eram simpáticas e grande parte delas já me conhecia desde quando eu usava fraldas.

Era como uma reunião de família. Só que sem as comidas. E todo dia. De segunda à sexta.

Às vezes, ocorriam uns desentendimentos.

Uma das últimas portas que me separavam da sala de meu pai foi aberta, e ombros largos entraram rápido demais no meu caminho para que eu conseguisse desviar.

Em dois segundos, todo o meu look "formal, mas com um toque de criatividade" — que eu passara horas escolhendo — foi por água abaixo.

Tudo graças à dose extra de creme na bebida que meu pai adorava.

E graças, é claro, à pessoa mais desagradável que eu já tive a oportunidade de conhecer em toda a minha vida.

Benjamim Marchand.

— Bom dia, Chelly! — o homem de olhos dourados disse com uma falsa animação. Nem um pingo da bebida tinha caído na roupa perfeitamente alinhada do desgraçado. Benjamim coçou o queixo bem definido antes de se afastar um passo para observar melhor o estrago que ele havia causado em mim. Seu olhar percorreu meu corpo de cima a baixo. — Você está excepcionalmente bela hoje. Acho que o café deu um toque especial...o creme também.

Respirei bem fundo.

— Pela milésima vez, para você é Rachel, entendeu? Ra-chel. Não é Rach, Rae, Chel muito menos Chelly. — Estendi o copo de café pela metade para que ele segurasse enquanto eu usava um lenço para amenizar a tragédia. — Obrigada.

Não tive tempo de assimilar o sorriso de canto que Benjamim lançou quando peguei bruscamente o copo de suas mãos e continuei a andar pelo corredor.

— Ei, ei. Tenho algo para você e não quero ficar te caçando pela empresa mais tarde.

— Como se você estivesse na lista de pessoas que eu adoraria ter me caçando. Diga o que quer de uma vez.

Benjamim enfiou uma mão no bolso do terno e tirou um envelope bem decorado.

— Chegou hoje cedo.

— Obrigada.

— Não vai ler?

A Madrinha || DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora