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Saí da sal de massagem com as pernas bambas de tão relaxada — ninguém precisava saber que minhas pernas não eram muito firmes por natureza — mas me forcei a seguir até uma lanchonete quando ouvi meu estômago roncar de uma maneira nada delicada.

Era óbvio que minha barriga não deixaria que eu esquecesse que pulei o café da manhã.

Aproveitei para ligar para mamãe e contar sobre como era a ilha. Foi no meio da conversa — e com um pãozinho no meio do caminho até a minha boca — que percebi que não tinha visto praticamente nada do local.

Tinha ido do aeroporto até o casarão, mas estava ocupada demais prestando atenção em Logan.

Tinha ido do casarão até o chalé, mas estava ocupada demais amaldiçoando Benjamim.

Tinha ido ao restaurante na noite passada, mas estava nervosa demais com toda a situação.

Tinha ido do chalé até às lojas, à casa de massagem e — naquele momento — até a lanchonete, mas estava tremendo de frio para notar qualquer coisa à minha volta.

Eu odiava viajar sozinha. Apesar de ter falado isso para Benjamim como uma desculpa esfarrapada, não deixava de ter um fundo de verdade.

Precisava de alguém para chacoalhar meus ombros e dizer: "Você viu aquele monumento incrível? Vamos tirar uma foto!"

Caso contrário, eu apenas passava pelos lugares sem prestar muita atenção.

Minha mãe disse que precisava ir ao mercado e eu a liberei da ligação antes que ela se lembrasse do assunto que começava com Ben e terminava com Jamim.

Meu pai tinha feito contato comigo assim que me acomodei no chalé no dia anterior, ele não parava de fazer perguntas sobre o dito cujo.

Com um senso de autopreservação, decidi deixar de fora o fato de que estávamos ali como acompanhantes para o resto do mundo, se não provavelmente eu receberia um vestido de noiva dentro de vinte e quatro horas.

Não que meus pais estivessem tentando me empurrar para qualquer cara (principalmente meu pai, que tinha tendência a ser bem ciumento), mas era um fato que os relacionamentos com caras que eles "aprovavam" antes tinham um resultado muito melhor do que os que eles não sabiam a respeito até eu levar para apresentar-lhes.

Isso quando chegávamos a este nível.

Geralmente eu acabava com um coração em pedacinhos bem antes de levá-los até meus pais.

Havia o motivo Logan também.

Eu simplesmente não conseguia ficar num relacionamento sem imaginar como as coisas seriam se fosse ele ao meu lado.

Talvez — agora mais do que nunca — eu devesse apenas aceitar que isso nunca aconteceria.

Estava perdida em pensamentos com os olhos desfocados quando senti a presença de alguém:

— Ei! — uma voz soou em meus ouvidos minutos antes de um corpo cobrir minha visão.

Pisquei duas vezes.

Um rapaz alto com a pele bem clara apareceu na minha frente.

— Oi?— eu disse levantando o rosto para encarar seus olhos repuxados nos cantos e o cabelo preto liso bem arrumado.

—Desculpa pela intromissão, sou Ronan. — Ele estendeu a mão coberta por luvas grossas com um sorriso.

— Prazer, Rachel. — Trocamos um aperto de mãos rápido.

—Ahn... Você sabe se aquele é o ônibus do tour?

Levantei o olhar para onde o rapaz apontava. 

Um ônibus aberto na cor amarelo gema e com o logo da mesma empresa que trouxe eu, Benjamim e Bianca para a ilha estava se preparando para partir.

A Madrinha || DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora