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O sono quase me embalava quando a porta foi aberta com um rangido e uma brisa adentrou o ambiente.

Benjamim passou pela entrada assoviando e parou assim que me viu.

— Você está bem? — ele perguntou lentamente inclinando a cabeça a fim de achar um ângulo bom para olhar para o meu rosto.

Quando eu ficava entediada com a televisão, eu costumava deitar de cabeça para baixo, deixando o sangue subir para o cérebro a fim de ter alguma ideia de como sair do tédio ou morrer.

Qualquer coisa era melhor do que o tédio.

Quis sorrir de seus cabelos ficando estirados de uma maneira engraçada, pendendo da cabeça, mas me segurei.

Tinha passado as horas desde que cheguei no chalé refletindo sobre como deveria agir com Benjamim.

Eu poderia não conhecê-lo muito bem, mas sabia da reputação na época em que estudávamos juntos. Acho que ninguém ficou mais surpresa do que eu quando soube que Logan e ele estavam virando amigos.

Qualquer um sabia o quanto Logan não ia com a cara dele.

Talvez meu melhor amigo tenha dado uma chance para Benjamim e se arrependeu depois de Deus sabe lá o que ele possa ter feito.

Porém, isso deveria ser um sinal. Para Logan não gostar de alguém era muito difícil e parar de ser amigo era quase impossível.

Tudo bem que meu pai tinha Benjamim em mais alta estima, mas o cara sempre contou com o suporte do senhor Hensey, seria meio idiota mostrar sua "verdadeira face" para ele.

—Estou bem, sim. — disse respondendo sua pergunta. Se fosse qualquer outra pessoa, ou ontem, eu teria perguntado como foi o passeio, mas eu não me importava o suficiente.

Além disso, eu havia tomado uma decisão:

Enquanto eu não descobrisse o verdadeiro motivo da desavença, me afastaria o máximo possível de Benjamim.

Pelo bem da minha relação com Logan.

Senti uma pontada quando ele olhou para mim, assentindo como se realmente esperasse que eu perguntasse como havia sido a sua manhã.

Quando percebeu que eu continuaria ali calada — de cabeça para baixo como uma idiota —, ele ajeitou a postura, mas ergueu uma das mãos.

Eu era muito boa em ver as coisas de maneira invertida então analisei:

Benjamim segurava um copo grande térmico e personalizado. Tinha desenhos de flocos de neve e pessoas esquiando. Bem no centro, brechas formavam uma palavra — um nome— com glitter dentro que se escorria conforme a mão de Benjamim se movia.

Lá estava escrito...

"Chelly".

Não foi encenação quando meu próprio corpo agiu, se movendo tão rápido que por pouco a minha cabeça teria estado no lugar na minha coxa encontrando o chão.

Me recompus, sem deixar de notar que Benjamim tinha um sorriso discreto no rosto.

— Foi ideia da Bia. — explicou. — Quer dizer, menos o "Chelly" como você deve imaginar.

Meus olhos alternavam entre o copo e seus dentes repuxando inconscientemente o canto esquerdo do seu lábio inferior.

Deveria soltar um risinho ou mostrar um sorriso simples pelo menos, mas eu estava chocada com a ação e tentando parar a Rachel ridícula dentro da minha mente que gritava:

"Ele pensou em você! Ele pensou em você! Qual foi a última vez que um cara pensou de verdade em você?"

Carência que chama, né?

A Madrinha || DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora