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Enquanto eu estava sentada em um dos poucos bancos vagos no saguão do aeroporto, eu pude perceber que cada segundo que tornava mais próximo o horário do nosso voo, Benjamim ficava mais inquieto.

Eu poderia dizer que o homem já tinha caminhado o equivalente a uma maratona só indo de um lado para o outro.

Estava a um passo de levantar e dar um tapa bem dado em sua cara. Seu nervosismo estava me deixando nervosa.

O arrependimento de ter ido na onda de Caitlyn começava a brilhar na minha mente num tom laranja fluorescente.

Meu pai repassava alguns conselhos de segurança para mim. Do meu outro lado, empoleirada, estava Cat me enchendo de perguntas do tipo "Por que você nunca me apresentou à Bianca? " "Consegue acreditar que ela é ainda mais bonita do que o irmão? ".

Silenciando ambos, eu me levantei dizendo que precisava ir no banheiro antes de passarmos pelo portão de embarque.

Pelo canto do olho, pude ver que Bianca também bombardeava Benjamim com o que quer que fosse e ele parecia prestes a explodir.

Parei no meio do caminho e dei a volta indo até os dois.

— Você está horrível. — declarei pondo uma mão na cintura.

— A boa notícia é que ninguém aqui se importa com sua opinião.

Benjamim disse fechando os olhos e encostando a cabeça na pilastra onde estava apoiado.

Ele estava transpirando?

Bianca limpou a garganta.

Segundo ela, infelizmente, Benjamim e eu tínhamos sido colocados em assentos adjacentes nos dois voos enquanto ela ficaria na fileira de trás e na da frente, respectivamente.

Sua expressão mostrava desapontamento, mas não muito.

Vi que ela estava prestes a voltar a despejar o que quer que fosse no ouvido do seu irmão e, num impulso, a interrompi antes que ela pudesse começar a falar.

— Ei, Benjamim, preciso de sua ajuda num negócio. — gesticulei para que ele me acompanhasse.

Franziu a testa, mas me seguiu.

— Para onde estamos indo? — Benjamim perguntou quando passamos por uma lanchonete abarrotada de pessoas.

— Eu não sei você, mas eu estou indo ao banheiro.

Ele parou no meio do caminho.

— Tenho quase certeza de que você me chamou para te ajudar com alguma coisa. — sua voz tinha um leve tom de irritação e eu me amaldiçoei silenciosamente por tentar ajudá-lo.

— Só quis te dar uma folga, tá legal? Sei como voos podem ser estressantes e não preciso de você surtando ao meu lado, mas se quiser pode voltar para lá, parece que você estava mesmo curtindo o papo. — disse irônica.

Benjamim olhou para mim de um jeito que eu não soube interpretar e então desviei o olhar.

— Obrigado, Rachel. — sua voz foi suave e me virei para começar a seguir em direção ao banheiro.

— Que seja... — comecei a dizer, mas ele me interrompeu.

— Mas...quando eu precisar da sua ajuda, eu pedirei. — O tom insuportável estava de volta em sua voz.

Olhei para ele com o queixo caído, indignada.

— Você é um otário, sabia disso? — ele fez uma reverência como se agradecesse, embora seu rosto não escondesse que não estava em condições para fingir estar bem.

A Madrinha || DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora