4 - parte 3

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DISPONÍVEIS APENAS 6 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.---------------------

Me visto para o trabalho pensando no que fazer com a maluca adormecida em algum lugar desta casa. Nem por um segundo passa pela minha cabeça que ela esteja certa em me culpar pelas tragédias mais recentes em sua vida, mesmo porque, sua vida inteira foi de tragédias, algo que ela parece não perceber. E nada então foi culpa minha. Encaro o reflexo no espelho e preciso admitir a mim mesmo que ainda a sinto em meus lábios. Há algo nela, algo além da loucura e falta de noção, algo que me atrai completamente. Mas também há outro lado dela, esse que me desperta para a consciência constantemente e preciso mesmo cortar isso de uma vez por todas.

Não sei o que dizer para que ela entenda que não sou seu amigo, não sou responsável por ela e que ela deve sumir da minha vida. Ela não está na sala de televisão, onde imaginei que estivesse. Olho na cozinha, mas também não está.

— Anna! Você já acordou?

Subo de volta até os quartos e não a vejo em lugar nenhum. Nem sei se ela passou a noite aqui ou se saiu sorrateiramente pela manhã, mas me sinto aliviado que não esteja mais aqui.


Chego à Atenas mais irritado do que o normal para as segundas de manhã. Mal entro em minha sala, Leandro surge com um sorriso no rosto.

— Porra, Baltazi, a herdeira Crepaldi. Finalmente você conseguiu a santinha que todos tentam conquistar. Como foi? Como ela é na cama? Fresca? Barulhenta? Vamos, não faça essa cara, você sabe que a fama de inalcançável dela existe há anos. Como foi a noite com ela?

Me jogo na cadeira e o encaro nem um pouco feliz.

— Quer saber como foi a minha noite? Pois eu vou lhe contar, sente-se.

Ele se senta animado e ansioso.

— Cheguei em casa com a santinha, ela estava mais do que disposta a uma festa particular comigo, nos servi duas taças de Malbec, e então ouvi o riso bêbado da maluca na festa da casa dos vizinhos. Você lembra deles? Aqueles pirralhos.

Ele assente confuso.

— Perguntei se estava tudo bem com ela, mas percebi que ela seria abusada por dois jovens idiotas e estava tão bêbada, que nem se daria conta. Tive a merda de uma crise de consciência fora de hora, fui lá e resgatei a maluca.

— Bem, não havia outra coisa que você pudesse ter feito nessa situação — ele defende.

— Sim, pois é, diga isso pra santinha, porque quando ela viu a Anna pendurada em meus ombros, apalpando minha bunda e rindo como uma maluca, ficou irritadíssima, pegou suas coisas e foi embora. Resumindo, nunca mais terei outra chance com ela.

Ele parece tão chateado quanto eu, como se tivesse sido ele mesmo a perder uma noite tórrida com uma mulher inalcançável.

— Não entendo, por que você levou a Anna para sua casa? Por que não a colocou em um táxi de volta para a casa dela?

— Ela não tem casa. Não tem para onde voltar. Eu te contei isso.

— Ah, sim, ela invadiu sua casa e dormiu lá. Bem, então por que não a colocou em um quarto qualquer e foi aproveitar a noite com a santinha?

Abro a boca para explicar, mas nada sai. Por que mesmo não fiz isso? Os olhos dele estão focados em mim e um sorriso irritante já começa a surgir em seu rosto. Me ajeito na cadeira e pigarreio antes de responder.

— Oras, ela estava bêbada, precisava de alguns cuidados.

— Então você trocou uma noite de sexo com uma mulher que vem tentando conquistar há três anos pelo trabalho de babá de uma maluca bêbada? Muito interessante.

Acaso ou destino - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora