Capítulo 6 - LUCCA

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DISPONÍVEIS APENAS 6 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.---------------------

Não vou dizer nada sobre o capítulo de hoje além de que ele encerra  a primeira fase desse livro. Mas quero muito saber o que vocês sentirem enquanto o leem.

Obrigada pela quantidade de comentários, vocês são demais!

Uma linda semana a todas!

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— Essa maluca tentou me matar! Vou chamar a polícia agora mesmo! — esbravejo indignado enquanto ela sai rindo, como se houvesse realizado o feito de sua vida ao tentar me matar.

— E vai dizer o quê? Que sua funcionária tentou sufocá-lo com jujubas? Faça isso, você vai ser piada o resto da sua vida.

Volto a me sentar ainda sentindo uma bala gigante presa à minha garganta e praguejando mentalmente de todas as maneiras possíveis contra essa maluca. Leandro, ainda com um sorriso de orelha a orelha da situação, se senta à minha frente e seu sorriso some, quando começa a me aborrecer.

— O que foi tudo isso aqui hoje, Lucca?

— Você se refere a mulher que passou a noite na sua cama fazendo o trabalho dela com supervisão? Nada demais! Nunca gostei dela e nunca escondi isso. Ressaltei de todas as maneiras possíveis o quanto não a queria aqui, não entendo a sua surpresa.

Ele cruza os braços e me observa, o tom de desapontamento em sua voz me lembra o olhar decepcionado da maluca mais cedo e já me sinto irritado de novo.

— Você sempre foi meio egocêntrico e nada voltado a gentilezas. Mas o que fez com ela foi desumano. Primeiro, a humilhação desnecessária ontem. Agora, isso. O pior é que isso nem faz sentido, Lucca, mantê-la o dia todo presa a você, sob sua supervisão, com serviços desnecessários. Um dia depois de levá-la para uma cama confortável em sua casa e fazer o seu café da manhã. Você já parou para analisar suas atitudes em relação a ela? Porque você parece estar ficando maluco, amigo. E não de um jeito engraçado, como o dela.

Tomo um copo de água e penso no que ele disse, mas não há nada demais na maneira como a tratei.

— Eu não a humilhei, apenas a coloquei no seu lugar porque foi necessário, ontem e hoje.

— Também estava fazendo isso quando a levou para o seu quarto de hóspedes? Era o lugar dela? Ou quando deixou de passar a noite com a santinha para cuidar da bebedeira dela? Você é um anjo e de repente um demônio com ela e nunca o vi agir assim. Você é cortês e gentil quando quer algo, depois, frio e indiferente. Nunca bom ou mau demais.

— Onde você quer chegar com toda essa ladainha, Leandro?

— Há algo diferente na maneira como você age com a Anna, Lucca, e você sabe bem disso.

— Sim, eu sei, ela é a primeira pessoa após trinta anos que quero matar. Quero mesmo, já imaginei mil maneiras diferentes de fazer isso, sei até onde esconder seu corpo, eu simplesmente não a suporto. E você só a está defendendo porque passou a noite com ela.

Ele mantém um sorriso no rosto, não confirma que o fez, mas também não desmente. Não é necessário, ela disse sim à sua proposta na noite anterior e foi dormir na casa dele, o que mais eles fariam lá, conhecendo Leandro como conheço?

— Esse dia já deu. Acho que não é necessário ressaltar, mas sua querida está demitida. E me agradeça por não chamar a polícia — digo quando me levanto para deixar a sala e ele não diz nada, apenas mantém seus olhos sobre mim e um sorriso idiota de alguém que sabe algo que eu não sei.


Espero Anna vir bater à minha porta logo pela manhã com um pedido de desculpas. Do seu jeito maluco, com desculpas que não tem nada a ver, mas se colocando em seu lugar e se desculpando. E irei desculpá-la para que Leandro me deixe em paz.

Só que isso não acontece. O dia passa e ela não vem trabalhar. Confirmo com Açucena que não ligou para demiti-la, tampouco Leandro, então entendo que a imbecil se demitiu. Desconfio que o fez porque está aboletada na casa de Leandro e não precisa mais de emprego. Vai quebrar a cara. Leandro não vai cuidar dela por muito tempo.

— No fim das contas, você achou um rico idiota para dar-lhe um teto, não foi, oportunista? — pergunto para a foto em seu currículo, sozinho em minha sala ao final do dia.

Não costumo sair muito da minha sala, mas nas vezes em que o fiz durante o dia, percebi que os funcionários tinham risadinhas e cochichos que cessavam abruptamente quando eu aparecia. Comecei a desconfiar que o motivo de seus cochichos era eu. Ao ir embora, confirmo minhas suspeitas ao ouvir Açucena rindo alto com Amélia enquanto imita alguém se engasgando e Amélia joga uma bala de goma em sua boca. As duas parecem horrorizadas quando me veem parado aqui, analisando a cena e digo apenas:

— Demitidas.

Entro no elevador e Leandro vem logo atrás, garantindo a elas:

— Não estão demitidas, mas parem de rir do chefe. Qualquer homem adulto que se preze poderia sofrer um atentado com jujubas.

— Seu idiota! — ralho quando as portas do elevador se fecham. — Como ficaram sabendo?

— Eu contei, claro! Não podia deixar passar. Agora você é conhecido como o homem que quase perdeu a luta para balinhas coloridas. Uma maneira bem doce de morrer, eu diria.

Volto minha atenção ao celular, mais precisamente a um e-mail que recebi do meu amigo, Lorenzo Carvalho, e a vaga de hostess que consegui para Anna.

— Onde está a Anna? Diga a ela que a vaga de hostess no Le Bistrot é dela, isso, claro, se ela vier até mim e me pedir desculpas. Ela tem até hoje à noite para fazer isso.

Há o silêncio como resposta e quando olho para Leandro, ele me encara com sua melhor expressão de desgosto.

— Você está brincando, não está? Você foi inumano com ela, ela não lhe deve desculpas.

— Não quero sua opinião, Leandro, apenas dê o recado à sua namorada, eu a espero com um humilde e sensato pedido de desculpas, ou nada de vaga no restaurante.

— Sabe, — ele grita quando deixo o elevador — Anna está certa. Você vai terminar a vida sozinho, tentando pagar suas companhias, mas não encontrando nenhuma que aguente conviver com você.

Sorrio para ele, como se isso fosse possível! Eu sou o dono do meu mundo e todos nele vivem ao meu redor. Não corro risco de perder isso, pois foi o que conquistei e é meu por direito. 

Acaso ou destino - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora